quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010 - Atletismo

Outro ano decepcionante para o atletismo. Assim como 2009, a temporada foi recheada de casos de doping e com pouquíssimos resultados expressivos internacionalmente.
Fabiana Murer foi o nome do atletismo brasileiro em 2010, conquistou o Mundial Indoor e a Diamont League, além de bater o recorde sul-americano com 4m85, segunda melhor marca do ano.

Além de Fabiana poucos se destacaram. Keila Costa conseguiu a medalha de bronze no Mundial Indoor, mas não conseguiu uma marca expressiva na temporada que a colocasse entre as 20 primeiras no ranking mundial.
Aliás, no ranking mundial o Brasil pouco apareceu. Apenas Fabiana ficou entre as 10 primeiras colocadas. Kleberson Davide, nos 800m rasos, foi o 17º, e Ana Claudia Lemos e Marilson Gomes só aparecem entre os 20 primeiros no ranking mundial se colocarmos apenas três atletas por país.

Poucos recordes brasileiros
Apenas cinco recordes nacionais foram batidos. Além do já citado recorde de Fabiana, tivemos Ronald Julião, no disco, Wagner Domingos, no martelo, Juliana Santos, nos 1500m e Ana Claudia Lemos nos 100m rasos.
Ronald bateu três vezes o recorde no disco e fechou o ano com a marca de 63m09. No martelo, Wagner finalmente passou dos 70m, e terminou a temporada com 71m34 como melhor marca. Juliana Santos fez 4m07s30 nos 1500m.
Todas essas marcas, importantíssimas para o atletismo nacional, pouco valem em termos internacionais, não chegam nem perto dos 30 melhores do mundo no ano.
A principal marca brasileira do ano foi de Ana Claudia Lemos, nos 100m rasos. No mês de março, marcou 11s17 nos Jogos Sul-Americanos de Medellín, igualando o recorde sul-americano. Meses depois, marcou 11s15, recorde continental e top-20 no ano. É a mulher mais rápida da história do continente.

Brasil em terceiro no Ibero-americano
Em um ano sem Campeonato Mundial outdoor, a principal competição do ano para a equipe brasileira foi o Ibero-americano, torneio no qual o Brasil era atual bicampeão mas nessa temporada, mesmo com a equipe principal, ficou na terceira posição, atrás de Cuba e Espanha.
Na competição, foram apenas seis ouros para o Brasil, menos da metade da última edição, em 2008. Fabiana Murrer fez 4m85, seu recorde pessoal.
O destaque brasileiro na competição foi o velocista Nilson André, que venceu os 100m e 200m rasos. Aliás, ele foi a grande surpresa da temporada entre os homens. Fez tempos bons, 10s21 e 20s41, o que faz pensar que será o grande nome do revezamento brasileiro nos próximos anos. Revezamento de tanta tradição, mas que vive crise desde os casos de doping do ano passado. André, porém, perdeu a majestade já no Troféu Brasil, quando não venceu nenhuma das duas provas.

Troféu Brasil fraco
A principal competição nacional foi realizada no mês de setembro com poucos atrativos. Sem a presença do time Rede Atletismo, que fechou a equipe adulta após os casos de doping, não tivemos equilíbrio na competição por equipes e a BM&F ficou facilmente com o título.
Nenhum recorde brasileiro foi batido na competição. Ronald Julião ficou a 4cm no arremesso de peso.
Fabiana Murer e Keila Costa foram os destaques, como de costume, vencendo suas provas sem grandes dificuldades.
Alguns resultados foram muito fracos para um Troféu Brasil. Por exemplo, ninguém abaixo dos 14s no 110m com barreiras, nenhum tempo melhor que 46s nos 400m masculino, ninguém acima dos 17m no triplo. No feminino, tempos altos nos 5000m e 10000m.

Meetings ruins
Como de costume, o Brasil organizou cinco meetings internacionais durante o mês de maio. O nível foi baixo entre os atletas brasileiros, que só garantiam medalhas quando os estrangeiros eram poucos. Destaque maior para Nilson André, que venceu várias provas, inclusive a principal, do GP do Rio, em que fez 20s41 nos 200m rasos.
Destaque para participação de algumas estrelas internacionais. como o lançador de martelo Dilshood Nazarov, o britânico triplista Philips Idowu, a velocista jamaicana Sheri Brooks, dentre outros.

Estrelas apagadas
Maurren Maggi teve um ano triste. Passou a temporada inteira machucada. Até o mês de junho, estava se recuperando de uma lesão no joelho. Depois de voltar a competir, se contundiu novamente, durante a inauguração do Centro Olímpico. Aos 34 anos, a campeã olímpica terá um ano chave em 2011.
Já Jadel Gregório não teve problemas com contusão. Porém, pela primeira vez desde 2002 não conseguiu nenhuma vez saltar acima dos 17m. Seu melhor salto foi de 16m98. Não venceu nem o Troféu Brasil. Segue em decadência depois da brilhante carreira em que tem uma medalha de prata em campeonato mundial e duas finais olímpicas.

Marcha fecha ano com doping
Um ano triste para a marcha atlética brasileira. Depois de um sul-americano sem grandes resultados e uma Copa do Mundo em que os brasileiros não ficaram entre os primeiros colocados, tivemos o Troféu Brasil.
Lá, José Alessandro Bagio, atleta que foi 14º nas duas últimas Olimpíadas na marcha 20km, experimentou correr os 50km de marcha. Fez um bom tempo, 4h06min, o melhor do ano entre os brasileiros. Porém, em dezembro, foi pego no exame antidoping.
O destaque do ano foi Caio Bonfim. O jovem atleta ficou na quarta posição no mundial sub-20 e, a partir de 2011, já será adulto.

Categorias de base
No mundial juvenil, Geisa Arcanjo conquistou o titulo mundial do arremesso de peso, lançando mais de 17m, algo que só Elisângela Adriano fazia por aqui. Meses depois, Geisa foi pega no antidoping e sua medalha foi cassada.
Nesse mesmo mundial, tivemos alguns resultados interessantes. Caio Bonfim foi quarto na marcha atlética, e o Brasil fez outras cinco finais.

Nos Jogos Olímpicos da Juventude tivemos, talvez, o maior momento do atletismo no ano. Caio Cesar, de apenas 17 anos, foi o campeão do salto em distância com a marca de 7m69. Um atleta de futuro brilhante, pupilo do técnico Nélio Moura, de Maurren Maggi.
Outro pupilo de um técnico famoso, de Élson Miranda, que treina Fabiana Murrer, também se deu bem do outro lado do mundo. Thiago Brás foi prata no salto com vara com 5m05. No ano chegou a marcar 5m10, com apenas 17 anos.
Ainda na Ásia, outros resultados importantes, com 10 dos 15 atletas atingindo a final olímpica.

Nos Jogos Sul-Americanos de Medellín, que valeram como campeonato sul-americano sub-23, o Brasil manteve a hegemonia de forma suada. Venceu a competição com 13 ouros, contra 11 da Colômbia. As meninas venceram 10 das 22 provas disputadas, enquanto os homens tiveram apenas três títulos.

Campings, inaugurações e política
A Confederação Brasileira de Atletismo, como costuma fazer todo ano, organizou vários campings especializados espalhados pelo Brasil. Atletas de meio fundo e fundo se juntaram por semanas para treinar e discutir, assim como os atletas de lançamentos e arremessos e, por fim, no fim do ano, os de velocidade, que treinaram principalmente para os revezamentos.
Outro fator importante fora das pistas esse ano foi a inauguração do Centro Olímpico, em São Paulo. Uma das pistas mais modernas do Brasil, que recebeu a nota máxima pela IAAF.
Mudança benéfica no estatuto da CBAt no inicio do ano. Agora, segundo Roberto Gesta, presidente há mais de duas década, terão direito a voto além da federações estaduais, os cinco clubes mais bem classificados no Troféu Brasil, quatro técnicos dos medalhistas olímpicos individuais, além de 11 medalhistas olímpicos.
Torcer para que seja verdade.

Atletismo pelo mundo
Um ano sem mundial e com poucos recordes mundiais pelo mundo. A principal marca foi nos 800m rasos masculino, em que o queniano David Rudisha quebrou uma marca de quase 10 anos, com a marca de 1min41s01. O outro recorde mundial outdoor veio no lançamento de martelo, em que a polonesa Anita Wlodarczyk marcou 78m30. Nas competições indoor, apenas recorde no salto triplo masculino, com Thedy Tango.

Nas provas de velocidade, Usain Bolt passou com lesões e seu melhor tempo foi 9s82, quase três décimos acima de seu recorde mundial. Bom para Tyson Gay que, com 9s78, foi o melhor do ano. Nos 200m, porém, não teve para ninguém. Bolt foi o melhor disparado, fez 19s56.
Nas provas com barreiras, depois de um ano de domínio do cubano Robles, David Oliver marcou nove das dez melhores marcas da temporada, ficando apenas a 0s02 do recorde mundial.

Outros destaques do ano foram Teddy Thango, que saltou 17m98, um dos melhores saltos da história no triplo. Andras Thorkdisen, da Noruega, que lançou acima dos 90m no dardo e dominou as principais provas do mundo e a atleta do Cazaquistão Olga Rypakova, que saltou 15m25.

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