O Brasil voltou do mundial masculino de pólo aquático, disputado no mês passado em Roma, com um 13º lugar na bagagem. Um resultado que pode ser considerado bom, se pensarmos que o país não disputava um mundial desde 2003.Conversei semana passada com Leandro Machado, o Flipper, jogador brasileiro que esteve nos últimos três pan-americanos e quatro mundiais e ele contou que achou boa a participação do país e criticou a falta de apoio do esporte no Brasil.
Abaixo, a entrevista na íntegra
O que você achou da participação brasileira no mundial?
Ficamos 15 dias lá, ficamos em 13º e acho que a participação foi boa, principalmente pela realidade do esporte no país. A gente tinha ficado fora dos dois últimos mundias e para se ter uma noção da força do evento, países como Rússia e Grécia ficaram de fora da competição.
E a China, era o único jogo do grupo que as condições de vencer eram um pouco maiores...
Perdemos de 9 a 5. A China foi uma equipe que fez uma ótima preparação para o mundial, tendo inclusive jogado a Olimpíada em casa. É um país que evoluiu muito e, principalmente os esportes coletivos, precisam de muito investimento. E a China investiu em todos os esportes, tanto que ficou em primeiro no quadro de medalhas. E o pólo foi um dos esportes que mais recebeu investimento, tanto é que a China venceu o universíade recentemente e foi muito bem nesse último mundial.
E o investimento é o que falta no Brasil?
Com certeza. Você pega vários exemplos de brasileiros com talento, como o Felipe Perrone, que joga na Espanha e, com 22 anos, é titular da seleção local. Disputou a final do mundial e jogou quase que o tempo todo. O brasileiro tem talento, o brasileiro sabe jogar. Enquanto os caras lá fora treinam 7, 8 horas por dia, aqui a gente sai do trabalho e consegue treinar umas 3 horas. Lá fora os caras treinam de manhã, descansam a tarde, treinam mais um pouco a noite. Assim fica fácil...
E do Paulistano, vocÊ ganha alguma coisa?
Ganho uma ajuda de custo, mas que não daria para sobreviver só com isso...
O que vocÊ acha do técnico da seleção brasileira ser um cubano, Bárbaro Cervantes?
Ele está fazendo um ótimo trabalho, ele realmente está mudando a cara do esporte no Brasil. Trouxe muita experiência aqui pra gente, já que ele disputou quatro Jogos Olímpicos como jogador.
Você está na seleção faz tempo...
Parece que eu sou novo, mas eu tenho 32 anos. 14 deles na seleção. Disputei três pan-americanos e esse último foi meu quarto mundial. Ganhei sete sul-americanos em sete que disputei.
Você estava no Pan de 99, quando o Brasil amargou uma quarta posição...
Aquele pan-americano perdemos o bronze para o Canadá num jogo que a gente estava ganhando de 6 a 2 e eles empataram em 7 a7, depois fomos para a prorrogação e perdemos por 10 a 8.
Vamos falar de coisa boa, me lembre como foi aquela semifinal do Pan de 2007 com o Canadá...
Pô, foi o melhor jogo da minha vida. Jogando no Brasil, disputando uma semifinal de Pan-americano, o Canadá com o time principal. Pela forma como foi o jogo também, marcou muito, muito mesmo.
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