Em entrevista dada no Esporte Clube Pinheiros, semana passada, o atual técnico da seleção brasileira, e do clube, o cubano Barbaro Servantes, comentou sobre as diferenças entre o esporte brasileiro e o cubano nos tempos em que ele jogava. Bárbaro disputou quatro olimpíadas e venceu três pan-americanos com a seleção de seu país no fim da década de 1980 e começo da de 1990, diz que falta divulgação do pólo aquático no Brasil e terminou a conversa dizendo " Você vai colocar um graõzinho de areia na divulgação do esporte e é isso que precisamos".
Outro fato interessante foi que ele contou as dificuldades dos atletas brasileiros, que sempre tem que dividir os treinos com trabalhos e estudos, e dez minutos depois nossa entrevista foi interrompida por um dos atletas: "Bárbaro, tenho que sair hoje as oito porque preciso fazer um negocio para o trabalho, então só vou dar uma nadada e ir embora".
Por último, Bárbaro não quis entrar na polêmica da acusação divulgada pelo jornal LANCE! no início do ano, que dizia que o técnico do Pinheiros deu preferência á seus atletas para convocação do Pré Olímpico, evento que o Brasil ficou na primeira fase.
Abaixo, os principais trechos da entrevista
Guilherme Costa: Você foi atleta em Cuba. Qual é a principal diferença que você vê entre o esporte cubano e o brasileiro?
Bárbaro Cervantes: Em Cuba, pelo menos na minha época, treinávamos duas vezes por dia de segunda á sexta, pela manhã e tarde, e recebíamos ajuda de custo. Por aqui é bem difícil. O menino tem que trabalhar, estudar, chega cansado no treino, que é na academia das 7hs ás 8hs da noite e das 8hs ás 10hs eles entram na água. Na minha época, em Cuba, havia uma seleção permanente, que aqui não temos, e competíamos muito internacionalmente.
Aqui, temos uma seleção teoricamente, mas na prática não. O brasileiro tem muita condição de jogar bem entretanto precisa modificar muita coisa.
GC: E quanto a primeira liga nacional de Pólo Aquática, criada para ser disputada esse ano?
BC: Penso que vai dar certo, vamos esperar os resultados. Temos campeonatos paulistas e nacionais mas uma liga, liga é a primeira vez. Espero que com isso o pólo aquático comece a se desenvolver.
GC: Qual é o principal desafio para 2009?
BC: O principal desafio é se classificar para o mundial. Não se sabe onde que var ser o pré mundial, se em Calgary ou no Rio de Janeiro.
GC: E serão somente duas vagas de novo? Por que no mundial passado, ficamos de fora pois perdemos para o Canadá...
BC: Os EUA já estão classificados por serem vice campeões olímpicos então são duas vagas. Teremos Canadá, Cuba, México, Argentina e muitos outros países na disputa das vagas.
GC: Agora um assunto diferente. Essa reportagem do LANCE disse que você...(Mostrei á ele a reportagem do jornal)
BC: Não perco tempo com isso e não me interessa tão pouco...
GC: Ok. Desculpe. Mudando de assunto, porque a mídia fala tão pouco do pólo aquático?
BC: A primeira liga trará mais divulgação. Sportv tranmistirá para TV. A propaganda é muito importante e interessante.
GC: E qual é a diferença entre a mídia cubana e a brasileira?
BC: Na minha época, a mídia cubana acompanhava, agora não sei como está o mecanismo lá, mas na minha época tinha bastante propaganda e divulgação.
(Nesse momento, a conversa é interrompida por um dos atletas que pede licença e pergunta ao técnico: "Bárbaro, tenho que sair hoje as oito porque preciso fazer um negocio para o trabalho, então só vou dar uma nadada e ir embora, beleza? Bárbaro aceita simpaticamente, olha para mim e diz: Tá vendo como é?(Risos)
GC: Alguns jogadores brasileiros se naturalizaram. Pietro Figlioli joga pela Austrália, os Perrones pela Espanha...O que acha disso?
BC: Não vejo problema nenhum. Eles só querem um horizonte maior que o pólo aquático brasileiro pode dar. Agora, eles podem brigar entre os 4 ou 5 melhores do mundo em mundiais ou em olimpíada. Tem que ter na mente o que quer para o desenvolvimento de seu pólo.
GC: Muitos atletas e técnicos tem problemas com suas respectivas confederações. Qual é sua relação com a CBDA?
BC: Estão fazendo fofocas de novo já?(Risos) Não, não tenho problema nenhum, muito pelo contrário. Tenho amizade com o presidente e com os diretores.
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