sexta-feira, 31 de julho de 2009

Entrevista- José Luís Vasconcellos

José Luís Vasconcellos há três anos como presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), foi reeleito para o cargo no início de fevereiro. No pleito em Curitiba (PR), segundo o próprio líder da entidade, ele teve 15 votos, alcançando a maioria necessária para permanecer no posto por mais quatro anos, até 2011.

Conversei com ele durante a última Volta 9 de julho. Ele deixou claro que os objetivos para esse ciclo olímpico são: levantar o ciclismo pista no Brasil, que vive péssima fase, e conseguir uma classificação olímpica nas quatro modalidades.

Abaixo a entrevista na íntegra

Você vai ficar mais quatro anos no poder. Qual é o principal objetivo central de seu mandato?
Olha, a gente está trabalhando no desenvolvimento das quatro disciplinas olímpicas. Nosso objetivo é fazer com que as quatro caminhem forte rumo aos Jogos de Londres 2012. Mas, quando a gente fala de olimpíada, uma classificação é bastante complexa, já que envolve muito investimento, um calendário nacional forte. Nosso objetivo é que nossas disciplinas olímpicas possam permanecer em busca da classificação e essa entrada do Banco do Brasil vai ajudar, e muito, a gente manter fazer uma boa base e trilhar o caminho. A medalha é uma consequência do trabalho.

Mas, para pensarmos em medalha olímpica, não precisa ir muito longe, já que a Argentina levou uma no ciclismo pista em Pequim 2008...
Muita gente fala dessa medalha olímpica, eu conheço o medalhista deste a época que eu competia e ele foi conquistar a medalha só depois de quatro olimpíadas, então a medalha realmente é uma consequência.

Continuando no ciclismo pista, que é o esporte mais carente da sua confederação, qual é o planejamento. Você já comentou que iremos levar atletas para Copas do Mundo no fim desse ano, algo que não acontece faz tempo...
A gente está tentando resgatar Luciano Pagliarini e fazendo com que ele participe de todas as Copas do Mundo, finalizando com o mundial de maio de 2010. Chamamos ele para ajudar no treinamento das provas de meio fundo e fundo de pista. Já nas provas de velocidade propriamente ditas, a gente inicia um trabalho aqui dentro, em Caieiras. A partir daí não para mais, com objetivo de participar de muitas competições internacionais, com o time exclusivamente de pista nas provas de velocidades e trabalhar o pessoal também para as provas de fundo, preparando-os com as provas de estrada

E porque o Luciano, atleta forte na estrada, até com olimpíada no currículo, mas muito forte nas provas de estrada?
Na verdade, as provas de pista são divididas em duas partes: de velocidade e de meio fundo. Normalmente, as provas de meio fundo e fundo são disputadas por atletas de estrada e quando chega na época dos campeonatos de pista, eles fazem um treinamento especial, com um confinamento. O Luciano, na época de júnior, ganhou tudo que participou na pista, voltou de um pan-americano júnior com cinco medalhas. A partir daí, foi para Europa, fez seus compromissos e agora quer contribuir para a nação dele na pista. Ele é um velocista de meio fundo, não é daqueles para correr 7 horas no mesmo dia, ele é um velocista de fundo, exatamente o perfil que procuramos para melhorar nosso desempenho na pista.

Agora vamos falar do Mountain Bike, primeiramente o feminino, que ficou "orfão" recentemente da principal atleta, Jaqueline Mourão. O que você vê para o futuro da modalidade? É possível uma vaga olímpica?
Eu vejo um trabalho de base, precisamos renovar o mountain bike. No último campeonato brasileiro, nós abrimos pela primeira vez a prova elite sub-23 para as mulheres e essas meninas vão ser as que participarão dos próximos eventos internacionais. Não temos hoje atleta que possa trazer um resultado olímpico para nós, temos que pegar um novo talento para esse ciclo e, junto com a Jaqueline, estamos fazendo clínicas para desenvolver o feminino.

O Murilo Fischer veio recentemente ao campeonato brasileiro de estrada e deu um "cutucada", falando que o nível aqui dentro não está tão bom assim...
O ciclismo estrada do Brasil está muito bem, temos um calendário forte, seis eventos internacionais, é um dos países do continente com maior número de eventos. Ele deve ter falado isso por estar na Europa e nada no mundo se compara com a Europa no ciclismo. O Murilo veio, participou do brasileiro e foi fazer um treinamento de altitude com objetivo no mundial de setembro. Estamos mandando vários nomes para Europa, para representar o Brasil em competições internacionais.

E essa parceria com o Banco do Brasil? Vocês da confederação nem eles do Banco estão falando em valores. É algo que se pode comparar com o valor recebido pela Lei Piva?
A minha intenção ao trazer o Banco do Brasil era trazer uma instituição que possa acreditar no nosso trabalho e eles sabem que com a força que eles podem dar, o ciclismo pode crescer muito. Nesse primeiro contato, é apenas para mostrar o que é o ciclismo e de que forma eles podem colaborar conosco. Esse primeiro contato é de 18 meses, que é o valor inicial do contrato. Vai depender muito mais de um trabalho nosso do que deles.

E o velódromo do Rio, que foi contruído em 2007 e desde lá abrigou somente três ou quatro competições. O que você pretende fazer, trazer competições do exterior, mais competições nacionais?
O velódromo do Rio não está ocioso, está sendo utilizado de outras maneiras, por exemplo, o pessoal da patinação utiliza, o judô já treinou lá dentro. A pista em sí está lá, prontinha para ser utilizada.

E por que não está sendo utilizada?
Ah, tudo que você fala entra recursos, e nossos recursos são pequenos. Hoje a Confederação recebe R$ 1,6 milhão da lei piva, para dividir em quatro modalidades que dão 18 medalhas de ouro numa olimpíada. Talvez se pensarmos no montante, é um número alto, mas para uma modalidade como a nossa não é tão grande. Por exemplo, no mundial de ciclismo BMX,nós mandamos 10 atletas, gastando ao todo 200 mil reais, com passagem, hospedagem, alimentação etc. Depois, logo em seguida, teremos outras competições, voltas ciclísticas internacionais, tudo isso faz parte da lei piva. Tem também os controles antidopping, que só aqui no Brasil gastamos mais de R$ 100 mil, tem as taxas internacionais. O montante acaba não sendo tanto.

Claro que sempre se precisa de mais investimento, mas você acha que a fatia que o ciclismo recebe da lei piva é a merecida?
Olha, a lei piva não é a salvadora da pátria. É uma ajuda para manter aconfederação viva. Viver só da lei Piva não dá. Estou satisfeito com o que recebemos da Lei pois eu intendo que é simplesmente uma ajuda para as confederações buscarem outros apoios, que foi exatamente o que fizemos.

Quanto aos técnicos, nós vemos muitos esportes que trazem técnicos estrangeiros. No ciclismo, nós estamos atrás de técnicos estrangeiros?
Não vejo necessidade por enquanto, pois nosso técnicos no Brasil são ótimos na estrada. Na pista, vejo que precisamos, tanto é que estamos conversando com técnicos cubanos para dar uma ajuda nesse início de trabalho.
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