segunda-feira, 20 de julho de 2009

Entrevista com Erika Gramicelli

Depois da olimpíada de 2008, Jaqueline Mourão, com duas olimpíadas nas costas, inúmeras etapas da Copa do Mundo, um nono lugar no ranking mundial em 2001, abandonou o Mountain Bike para se dedicar apenas ao cross country da olimpíada de inverno, esporte que ela deve representar o Brasil em 2010. Com isso, o Brasil perdeu seu principal nome na modalidade a, atualmente, quem domina a prova é Erika Gramicelli, que já foi campeã de estrada, maratona e de cross country, que é a prova olímpica. Porém, ela não está muito confiante com o futuro do Brasil.

Erika foi muito sincera numa entrevista exclusiva comigo no último dia 9 de julho, durante uma competição no autódromo de Interlagos.

Esse ano, de 2009, você já está treinando para a próxima olimpíada, de 2012?
Na verdade não porque essa temporada ainda não vale pontuação para o ranking olímpico. O importante é disputar várias provas, conseguir patrocinadores e aí sim, em 2010 e 2011 quero fazer um projeto olímpico. Tem sul-americano ano que vem e o pan de 2011, quero estar bem focada nestas duas competições e torcer para que o Brasil consiga a vaga olímpica.

E você está confiante nesta vaga?
Vou te falar que eu, Erika, acho que não vai dar não. Eu posso falar, agora, que eu tenho 100% de certeza que a gente não vai conseguir essa vaga. Falta investimento, estamos sofrendo um preconceito muito grande

A gente quem?
Do moutain bike feminino em geral. O ciclismo estrada tá bem, mas a gente sofre muito. O moutain bike está complicado...Como que vai ser esse ciclo olímpico para gente conseguir a vaga? A Jaqueline fez, no último ciclo olímpico, a maioria da pontuação e mesmo assim a gente ficou com a última das vagas olímpicas, imagina agora só comigo e com a Roberta...A não ser que tenhamos verbas para disputar e pontuar nas Copas do Mundo.

E a Jaqueline, você acha que não volta mesmo?
Olha não sei. O Mountain bike realmente é apaixonante, é difícil ficar longe. Mas a vantagem dela é que ela não está deixando de competir, é por isso que ela não está sentindo a vontade de voltar. Não sei não viu...

O que falta pro mountain bike feminino?

Está faltando investimento, credibilidade para o esporte, por parte da organização, federação, está rolando um preconceito grande. Eu vejo que de 1997, ano que eu comecei, para hoje, não vi nada mudar. Nada no mountain bike feminino. Ninguém surgiu, nada apareceu, ninguém...Se na época que eu comecei eu tivesse tido um investimento, poderia estar despontanto até internacionalmente...Eu acredito que o nível até caiu, a Jaque parou, eu estou com 25 anos e não demoro muito para parar, está desanimador correr. No masculino, temos outro cenário, uma valorização maior, um respeito maior. É uma descriminação com a gente, o masculino ganha um carro e o feminino ganha R$ 500,00 pela vitória.

O que você teve de investimento na carreira?
Por parte do esporte não tive incentivo nenhum. Foi muito mais minhas equipes, meus patrocinadores, o meu corre-corre.Participei de provas vestindo a camisa do Brasil, não digo nem que foi representando a seleção, pois a seleção não existe. Não existe uma seleção de mountain bike no Brasil. São atletas convocados para vestir a camisa do Brasil. Vamos ver agora com o Banco do Brasil, quem sabe não surge alguma coisa bacana para o lado profissional do mountain bike feminino.

E por que você não fez parte da última seleção, que disputou o Pan-americano neste ano?
Eu era a primeira do ranking, mas abri mão da minha vaga. Eu fiquei três meses no início do ano correndo atrás do patrocínio e acabei não ficando em forma.Mandei um e-mail pedindo desculpas, dizendo que não estava preparada para competir pelo Brasil. Não queria ir para lá ser número. Ao menos consegui fechar com a Circuit e com Ribeirão Preto.
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