quarta-feira, 6 de julho de 2011
Quando precisamos torcer pelos outros
Conquistar a vaga olímpica é o sonho de qualquer atleta. E algumas vezes, esse sonho passa por torcer a favor de outros países. Isso mesmo, a favor. O critério de classificação olímpica, na grande maioria dos esportes, é dividido por continentes e, muitas vezes, temos que torcer para nossos rivais das Américas conseguirem a vaga já em Campeonatos Mundiais.
Foi o que aconteceu no basquete. Ano passado, os EUA ganharam a única vaga olímpica distribuída no mundial, levando a medalha de ouro tanto no masculino como no feminino. Dessa forma, o pré-olímpico continental será mais fácil, já que o número de vagas não diminuiu, continua uma para as mulheres e duas para os homens, mas o maior rival não está na disputa.
No pólo aquático masculino, o Brasil terá de torcer pelos EUA no mundial de Shangai. Isso porque os três primeiros colocados na competição se classificam automaticamente para Londres 2012(vale lembrar que a Servia, por ter vencido a Liga Mundial no mês passado, já está classificada). Se os americanos ficarem com a vaga, disputam os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, que no caso do polo aquático é pré-olímpico, já com a vaga. Assim, Canadá e Brasil, candidatos a prata no Pan, jogarão por uma vaga olímpica. Vale lembrar que os EUA subiram ao pódio em Pequim e ficaram em quarto lugar na Liga Mundial.
Na esgrima, a matemática é mais complicada. A única equipe que o Brasil tem reais chances de levar é o florete masculino. A vaga olímpica vem pelo ranking mundial. Para ir a Londres o Brasil precisa, no dia 30 de abril, estar na seguinte posição do ranking mundial
- Ser a segunda melhor equipe das Américas(No momento o Brasil é,pouco a frente do Canadá e bem atrás dos EUA)
- Estar entre os 16 melhores( No momento é exatamente a 16ª colocado)
- Os norte-americanos estarem entre os 4 primeiros do ranking(No momento,são 5º, 69 pontos atrás da Rússia).
Ou seja, por enquanto, o Brasil "só" precisa que os americanos subam um pouco no ranking para classificar uma equipe para Olimpíada, o que não acontece há 20 anos. E essa semana acontece o pan-americano da modalidade, em que é essencial que o time fique a frente dos canadenses.
Mas o Brasil não precisa só torcer pelos outros. Muitas vezes, os times continentais se dão bem com o sucesso do Brasil. No hipismo saltos, por exemplo, o Brasil conquistou a vaga em Londres 2012 com a quarta posição obtida no mundial do ano passado. Dessa forma, se abriu mais uma vaga olímpica para os países do continente nos Jogos Pan-Americanos que, no caso do hipismo, é pré-olímpico.
Em algumas modalidades, o Campeonato Mundial acontece nesse segundo semestre como o primeiro pré-olímpico rumo a Londres. São os casos da canoagem e do boxe.
No boxe, os 10 primeiros de cada categoria se classificam automaticamente para Olimpíada, e na canoagem, os primeiros colocados de cada prova também se garantem em Londres, variando o número conforme a prova.
No caso do boxe, cada vaga conquistada por um atleta das Américas, é uma chance a menos de obter lugar em Londres pelo pré-olímpico continental. As Américas tem 54 vagas em Londres, seis em cada categoria e apenas três nas duas categorias mais pesadas. Cada vaga das Americas conquistada no mundial, é uma vaga a menos aberta no pré-olímpico.
Na canoagem é ao contrário. Os atletas que conquistarem vagas para seus países pelo mundial abrem uma vaga a mais para o continente.
No caso da canoagem, é quase certo que serão os Jogos Pan-Americanos o pré-olímpico e, no boxe, um evento no Brasil em maio de 2012.
Faltam pouco menos de 400 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos e muita e muita coisa acontecerá até lá. Mas a questão é que em algumas ocasiões, é preciso torcer por outros países para garantir a vaga olímpica.
E não devemos ser hipócritas e dizer que só pensaremos no desempenho brasileiro.
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