A canoagem brasileira mudou de patamar, evoluiu. Há alguns anos, nossos atletas brigavam por um lugar na semifinal, muitas vezes disputadas entre 27 ou 36 atletas. Atualmente, nossos atletas masculinos brigam por um lugar na final, entre os nove melhores do mundo.
Para os que só pensam em medalhas, uma evolução inexistente. Para os que olham um processo como todo, um sinal de que, em poucos anos (por que não já em 2012?) vamos lutar por medalhas olímpicas.
O ponto forte da canoagem brasileira atual é nas provas de canoa. As provas de canoa são aquelas em que os atletas vão ajoelhados na embarcação, com um remo de uma pá só e, em Olimpíadas, é apenas disputada entre os homens. São três as provas olímpicas da canoa, o c-1 200m, o C-1 1000m e o c-2 1000m. Em mundiais e Copas do Mundo, temos também as disputas do c-1 500m e do c-2 200m e 500m.
Na soma das três Copas do Mundo disputadas durante o mês de maio na Europa, o Brasil alcançou nove finais A. Destaque para Niválter Santos, que é um dos melhores do mundo na prova olímpica do c-1 200m(5º nos mundiais de 2009 e 2010). Nas etapas da Copa do Mundos de 2011, venceu uma Final B(10º lugar), ficou em 5º em outra etapa e 7º na outra. Sempre entre os melhores.
A dupla Erlon e Ronilson é jovem, bem jovem. E muito boa. Ano passado, conseguiram um bronze numa etapa de Copa do Mundo. Neste ano, disputaram os 200m,500m e 1000m nas três etapas. Chegaram a cinco finais A, com destaque para quarta posição na prova do c-1 1000m(que faz parte do programa olímpico) na segunda etapa, a mais forte das três, com a presença de todos os principais nomes do mundo na prova. Nas provas de 200m, chegaram nas três finais, com 4º, 5º e 4º. Nos 500m, uma final, um sétimo lugar.
Isaquias Queiroz é mais jovem ainda. 19 anos. Foi quinto colocado nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2010. Conseguiu chegar a duas finais A, sempre no c-1 500m ,prova não olímpica. Um baita resultado para o atleta.
Wladimir Moreno sofreu com um resfriado na primeira etapa e nas duas seguintes não conseguiu chegar na final A da prova c-1 1000m, que é especialista. Ele sempre brigou pela vaga, mas acabou na final B. Wladimir, que brilhou no sul-americano de 2011 no Rio de Janeiro, está entre os 15 melhores do mundo, fato que até outro dia nenhum brasileiro conseguia na canoa. Agora, o objetivo é conquistar uma vaga para Londres 2012.
O caiaque brasileiro disputou duas das três etapas da Copa do Mundo. Os resultados foram regulares, não tão fortes como os da canoa. Na etapa da República Tcheca, nenhuma final A. Na etapa da Alemanha, um pouco mais esvaziada dos principais nome da canoagem mundial, mas ainda com boa parte da elite na água, duas finais A, uma delas em prova olímpica.
Edson Isaias, quarto colocado no mundial de 2009 e que teve um 2010 apagado devido a uma apendicite, ficou na oitava posição na prova do k-1 200m na etapa da Alemanha. No k-1 500m, prova não olímpica, Gilvan Ribeiro ficou na nona posição da final A.
Por fim, a equipe feminina foi a que menos evoluiu. Somando as duas etapas, chegou apenas a uma final B, no k-4. Ao menos, venceu a Colômbia e o México nessas provas, adversários diretos no Pan de Guadalajara. Nas provas de k-1 e k-2, as melhores posições foram nas semifinais.
A canoagem feminina se mantém com o objetivo que a masculina tinha há alguns anos, disputar o máximo de semifinais possível, mas a final A é um sonho bem distante.
VAGAS OLÍMPICAS
Agora, os olhos voltam para o Campeonato Mundial, que acontece em agosto na Hungria. Lá, serão destribuídas as primeiras vagas olímpicas. E o Brasil pode já garimpar algumas vagas.
No k-1 200m e no k-1 1000m masculino e k-1 200m e k-1 500m feminino os oito primeiros no mundial garantem o país em Londres. Nessas provas, as chances são menores de vaga.
No k-2 200m e 1000m masculino e o k-2 500m feminino, os seis primeiros no mundial se garantem na Olimpíada. As chances do Brasil nessas provas são quase zero, assim como nas de k-4 masculino e feminino, que a única chance de classificação é ficar entre os 10 primeiros no mundial.
Nas provas do k-2 200m e 1000m masculino e do k-2 500m, além dos seis primeiros colocados, as três melhores duplas não europeias se garantem na Olimpíada. Aí entra a pequena chance do nosso k-2 masculino, se conseguir ficar na Final A, já garante com certeza uma vaga na Olimpíada.
As principais chances de vaga para o Brasil no mundial estão na canoa. No c-1 200m, as chances são as melhores, já que Niválter precisa ficar entre os sete primeiros para se garantir na Olimpíada. Nos dois últimos mundiais, dois quintos lugares.
No c-2 1000m, Erlon e Ronilson precisam ficar entre as sete primeiras duplas para se garantirem na Olimpíada. Uma chance real de vaga.
No c-1 1000m, as chances são menores, já que Wladimir vem ficando entre os 15 primeiros mas um pouco longe dos sete primeiros que garantem lugar em Londres.
A segunda chance de vaga olímpica será nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Lá, serão dadas vagas ao campeão das provas do k-1 200m,k-1 1000m masculino, k-1 500m e 1000m feminino e do c-1 200m e 1000m. Na prova do c-2 1000m, são duas vagas destribuídas. Lembrando que se os países das Américas conquistarem as vagas pelo mundial, "abre" uma vaga no Pan. Por exemplo, se um canadense ficar entre os primeiros no mundial e vencer o Pan, o segundo do Pan vai à Londres.
Vale lembrar que existe a relocação de vagas. Se o mesmo atleta garantir-se no k-1 200m e k-1 1000m, abre uma vaga a mais em uma das competições. Essas redestribuições são muito confusas, mas abrem várias vagas, o que pode facilitar a vida do Brasil em algumas ocasiões.
A evolução da canoagem brasileira é indiscutível. A canoa está entre as melhores do mundo, o caiaque tem chances reais de levar até quatro atletas para Londres. O feminino está melhor e mais experiente mas, se conquistar uma vaga olímpica e uma medalha no Pan de Guadalajara estará "de ótimo tamanho".
Para Londres, o Brasil é candidato ao pódio. Candidato é bem diferente de favorito. Mas não será uma surpresa tão grande se aparecer uma bandeira verde-amarela no pódio em Londres.
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