quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Histórias Olímpicas

Hoje, vou voltar com uma das "séries" do blog que não atualizo há mais tempo. As "Histórias Olímpicas". Os Jogos Olímpicos são extraordinários e tem casos que merecem sempre ser lembrados.

O ano era 1956. A Hungria se rebelava e era esmagada pela União Soviética e, nas piscinas, as duas seleções se encontravam no pólo aquático masculino.
A partida ficou conhecida como "Blood in the water", ou em português sangue na água.

O começo da partida já não foi amistoso. O tradicional aperto de mãos entre os capitães não aconteceu, por opção dos húngaros, que se recusaram.
A atmosfera do ginásio de Melbourne, na Austrália, era toda favorável aos húngaros. Bandeiras, gritos. Todos contra os soviéticos. Afinal,a colônia húngara na Austrália era enorme, principalmente dentre os refugiados da Segunda Guerra.

A Guerra estava na água. Enquanto os húngaros questionavam aos gritos(e pontapés debaixo d´agua) o que os sovieticos faziam em seu país, os soviéticos devolviam chamando-os de traídores.
Muitos dos húngaros não sabiam o que se passava com as suas famílias e amigos. A equipe olímpica enviada pela Hungria era formada por 100 atletas e, mal terminaram as Olimpíadas, metade pediu asilo ao Ocidente.

Com um minuto de jogo, um jogador húngaro deu uma chave de braço no adversário e rapidamente levou uma punição. Os húngaros fizeram 1, 2,3 e 4x0.Estavam com a vitória nas mãos. Foi quando a confusão se generalizou.

Zador, um dos húngaros na água, ouviu um apito. Ele olhou em direção ao árbitro.Nesse instante, um jogador russo subiu para fora da água e deu socos nos olhos de Zador.
Fãs húngaros desceram das arquibancadas e ficaram no deck na piscina, xingando os russos.

O árbitro parou o jogo para evitar uma briga. Enquanto a polícia escoltou os russos até o vestiário, Zador foi enviado para o centro de primeiros socorros, onde recebeu oito pontos. Seus olhos estavam tão inchados que teve que assistir do deck da piscina como a Hungria derrotou a Iugoslávia, por 2-1 no jogo que valeu o ouro.

O jogo não teve regras. Socos, pontapés, caneladas, agressões de todo o tipo por debaixo da superfície da água, empurrões violentos, cuspidas, gritos e insultos pontuaram todo o desenrolar do desafio em que o árbitro sueco muito aflito corria de um lado para o outro, foi impotente para impor a ordem às duas equipes furiosas.

50 anos depois da Revolução húngara, em 2006, foi lançado um documentário sobre o tema que citou e mostrou muito bem a partida de pólo, um filme premiado que foi baseado neste jogo. Uma partida que foi além da Olimpíada. Uma partida que foi uma Guerra. E não foi nada fria

Vale a pena dar uma olhada nas imagens do premiado documentário


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