Jogos Abertos do Interior

Nesta quinta-feira tem início a maior festa do esporte nacional, os Jogos Abertos do Interior. São mais de 15000 atletas de mais de 200 cidades na disputa da 75ª edição da história do evento, que acontece em Santos. A cidade é a grande campeã do evento, com 25 títulos, mas São Caetano, com 13, vem tirando essa diferença ano a ano.

História
Os primeiros responsáveis são Horácio “Baby” Barioni, ex-jogador de basquete do Palestra Itália (hoje Palmeiras) e do Espéria, clubes da capital paulista, e de Manuel Carvalho Lima, na época presidente da Associação Montealtense. Em 1936, decidiram organizar o “Campeonato Aberto do Interior”, em Monte Alto, cidade natal de Horácio “Baby” Barioni.

De 12 a 19 de setembro de 1936, seis equipes de basquete - Franca, Mirassol, Monte Alto, Olímpia, Piracicaba e Uberlândia (MG) - participaram do torneio, que teve apenas essa modalidade.


No ano seguinte, já incluindo a modalidade de Natação, o “Campeonato Aberto do Interior” foi disputado em Uberlândia, sendo a primeira e única vez que se realizou fora de São Paulo. O atletismo entra em 1937, quando o “Campeonato Aberto do Interior” foi realizado em Sorocaba. Nesse ano, Uberlândia se torna tricampeã e aquela foi sua última participação.
Em 1939, graças a Edmundo de Carvalho, então diretor do Departamento Estadual de Educação Física, os jogos passam a ter caráter oficial e são realizados em Campinas. Desde então, novas modalidades foram incorporadas na disputa, passaram a ser realizados em diferentes cidades, atraindo maior número de atletas e mobilizando torcedores.

Na sua história, apenas em um ano deixou de ser realizado. Em 1989, em decorrência de um longo período de greve dos professores, houve a necessidade de reposição de aulas e a rede estadual de ensino não pôde ceder as escolas para alojar os atletas.

Os esportes
Os esportes disputados são: atletismo, basquete, biribol, bocha, canoagem, boxe, capoeira, ciclismo, damas, futebol, futsal, ginástica artística, ginástica rítmica, handebol, judô, karatê, kickboxing, luta, malha, natação, tawekondo, tênis, tênis de mesa, vôlei, vôlei de praia e xadrez. Outras modalidades serão disputadas mas ainda não somarão pontos para as cidades, sendo chamadas de modalidades "extras": badminton, polo aquático, surfe, tamboréu, triatlo, vela, futevôlei e mountain bike.

Muitos esportes lutam para entrar no programa dos Jogos Abertos. Para o badminton, por exemplo, foi uma grande vitória fazer parte do evento de 2010, como extra. Ano que vem, na competição que acontecerá em Mogi das Cruzes, é quase certo que a modalidade já esteja inserida no programa oficial.

Paraolímpicos
Com o sucesso do esporte paraolímpico brasileiro nos últimos anos, duas modalidades foram inseridas no programa dos Jogos Abertos do Interior: atletismo e natação. É pouco, claro, mas é um começo, principalmente porque as modalidades também foram inseridas nos Jogos Regionais, classificatórios.
A principal diferença é que cada atleta só pode disputar uma prova em sua divisão funcional. Ou seja, não teremos um multicampeão que vença todas as provas, o que impede que uma cidade contrate atletas como Daniel Dias e André Brasil, que são multi medalhistas olímpicos e que fariam a festa nos Jogos.

Cidades
Segundo o site oficial do evento, serão 218 cidades participantes da competição. 12 delas na primeira divisão e as outras 206 na segunda. São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo, Santos (cidade sede), São José dos Campos, Piracicaba, Americana, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Guarulhos, Marília, Jundiaí e Pindamonhangaba fazem parte da primeira divisão.

As cidades participantes dão um valor muito grande para a competição, o que leva a aumentar a importância do torneio. As prefeituras despejam dinheiro em atletas e imprensa e cobrem cada passo de seus participantes, comemorando cada uma das medalhas. É um clima agradável em que os torcedores torcem para suas cidades como se fossem sua pátria ou mesmo seu clube de futebol.

Nos esportes coletivos, a importância dada aos Jogos é enorme. Tanto que, por exemplo, a Liga Nacional de handebol é paralisada para a disputa do evento. A Metodista, finalista no masculino e feminino, disputa os Jogos. No basquete, o Campeonato Paulista para entre os dias 3 e 11 para dar lugar aos Jogos do Interior.

Principais delegações
Pindamonhangaba: 434 atletas em 24 modalidades, com destaque para a equipe de ciclismo, vôlei de praia e de futsal.
Marília: 240 atletas de 17 modalidades, com destaque para tênis de mesa, natação e taewkondo.
São José: 413 atletas de 25 modalidades, com destaque para o kickboxing.
Ribeirão Preto: 330 atletas em 21 modalidades destaque no karatê, natação, ciclismo e ginástica. Prefeitura cortou gastos e cidade não terá atletas contratados como teve ano passado.
Piracicaba: 520 atletas nas 37 modalidades, com destaque para o basquete masculino.

São Bernardo: Número ainda não divulgado, destaque para handebol e basquete.

Santos: Mais de 600 atletas, equipe completa, com destaque para o ciclismo.

São Caetano: 428 atletas, com destaque para o time de atletismo e de handebol.

Americana: Número não divulgado, com destaque para o basquete.

São José do Rio Preto: Número não divulgado.

Guarulhos: 413 atletas em 25 modalidades. Destaque para atletismo, com a participação de Jadel Gregório.

Jundiaí: 380 atletas, destaque para o boxe e ciclismo.

Nem tudo são flores
Apesar do sucesso, o evento tem seus defeitos. O grande número de atletas, superior a 17.000, causa um inchaço exagerado no torneio. Precisa-se fazer algo para conter esse aumento abusivo do número de atletas.
Esse tamanho gigante que os Jogos têm hoje faz com que poucas cidades tenham possibilidade de arcar com os custos de sediar o evento.

Outro defeito é a camisa de fachada. Todos sabem que São Caetano tem um clube que investe muito nos esportes, e por isso tem em sua equipe atletas olímpicos como Edinanci Silva ou Carlos Honorato. Perfeito que todos esses atletas defendam São Caetano. Mas por exemplo, qual é a identificação que Sandra Pires tem com Piracicaba? Nenhuma. Ela foi em 2008, defendeu a cidade foi ouro, foi embora e nada levou nem trouxe aos Jogos Abertos.

A medalha tem que trazer algo para o esporte da cidade, não somente o resultado. Talvez se o regulamento obrigasse o atleta treinar pelo menos seis meses na cidade que ele vai defender ou algo do gênero.

Locais de competição
Serão 37 os locais de competições nos Jogos Abertos de Santos. A Abertura, nessa quinta-feira, acontecerá na Vila Belmiro e os ingressos já começaram a ser distribuídos para a população. Será maravilhoso se tivermos 20 mil pessoas na abertura deste evento.
Assim como numa Olimpíada, algumas competições acontecem ao redor da cidade sede. O atletismo, por exemplo, será em Praia Grande, na pista da prefeitura onde grandes marcas já foram feitas.
O futebol acontecerá em vários pontos da cidade, muitos deles famosos. Os centros de treinamentos Rei Pelé e Meninos da Vila serão sede, assim como os estádios da Portuguesa Santista e do Jabaquara, tradicionais times da cidade. Além, claro, da Vila Belmiro.
A natação acontecerá na piscina da Unisanta, em que até um recorde mundial já foi quebrado, o de Kaio Marcio nos 50m borboleta em 2005. Dizem que essa piscina é abençoada.

Legado

Claro que os Jogos são uma festa, mas a cidade tem que ter um legado ao sediar o evento. E, parece que Santos terá. Foi construída a Arena Santos, ginásio que abriga 5 mil pessoas, no qual promete-se desenvolver diversas modalidades, para que a cidade praiana siga com a tradição de dar ao Brasil grandes esportistas, como Manuel dos Santos, medalhista olímpico da natação nos anos 1960, Rogério Sampaio, nosso último campeão olímpico do judô, em 1992, e uma geração espetacular de judocas que tem como principal atleta o duas vezes medalhista olímpico Leandro Guilheiro.

Regulamento
Para evitar confrontos muito desiguais, geralmente vistos em competiçoes de judô, boxe, luta olímpica e taekwondo, que podem até ser perigosos para a saúde dos atletas, desde 2009 temos duas divisões no evento. Os dois primeiros colocados dos Jogos do ano passado estão garantidos na primeira divisão deste ano, assim como a cidade sede e a campeã da segunda divisão do ano anterior. As outras oito cidades da divisão são as campeãs de cada uma das etapas dos Jogos Regionais, uma espécie de seletiva, que acontece durante o ano.

A contagem oficial , ao contrário de uma Olimpíada, não é feita pelo quadro de medalhas e sim pela pontuação, que vai da primeira até a oitava posição. Ou seja, a equipe oficialmente campeã não é necessariamente aquela que mais vezes subiu no lugar mais alto do pódio.

O campeão de cada prova leva 9 pontos, o vice sete, o terceiro seis e assim por diante até o oitavo colocado que dá um ponto para seu município.

As estrelas individuais

Entre os milhares de anônimos estão medalhistas olímpicos e alguns dos esportistas mais importantes da atualidade no Brasil. Sem dúvida alguma o grande nome da competição é a campeã mundial indoor deste ano Fabiana Murer, que defenderá mais uma vez a equipe de São Caetano.

Jadel Gregório defenderá a equipe de Guarulhos no salto triplo. Ele foi finalista olímpico nas duas últimas Olimpíadas, além de campeão pan-americano e vice campeão mundial.

Diogo Silva defenderá São Caetano, clube em que treina, na competição de taewkondo. Ele foi quarto colocado na Olimpíada de Atenas 2004 e campeão Pan-Americano em 2007.

Edinanci Silva e Carlos Honorato, multicampeões do judô mundial, defendem São Caetano. Edinanci foi a quatro Olimpíadas e tem uma medalha em campeonatos mundiais enquanto Honorato foi bronze olímpico em 2000.

Além dos atletas citados, nomes de ponta do boxe e do ciclismo estarão no evento. Aliás, no esporte das bicicletas é a competição mais importante do ano para as principais equipes, que são financiadas pelas prefeituras exatamente para provar resultados nos Jogos Abertos.

Na luta olímpica e no taewkondo também teremos muitos atletas da seleção nacional na disputa do evento. Na natação e no atletismo teremos também alguns nomes, além dos citados, que já fizeram ou fazem parte da elite.

Os timaços coletivos

Basquete e handebol, em maiores proporções, e vôlei, em proporções menores, apresentam grandes equipes no evento. O campeonato paulista, no basquete, e a Liga Nacional, no handebol, são interrompidos para os Jogos Abertos.

No handebol, a equipe supercampeã da Metodista São Bernardo está na final da Liga Nacional feminina e masculina. Entre os destaques estão Jaqson, Jardel e SB, todos com grandes passagens pela seleção. O time feminino conta com Vivi Emerick, Celinha e Meg Montão. Ainda no handebol, equipes tradicionais e fortes como Guarulhos, Taubaté, São Caetano participam da competição com seus times principais.

No basquete, o interior paulista tem uma tradição imensa. O atual campeão paulista, São José, terá muitas dificuldades de levar a competição, já que terá Franca como principal adversário. Não se pode esquecer das outras equipes tradicionais como Rio Claro, Limeira e Araraquara. No feminino, não é diferente. O estado de São Paulo tem cinco das oito equipes do Campeonato Nacional então nem precisa falar que o campeonato terá um grande nível. Americana, Catanduva, Ourinhos e Santo André fizeram as semifinais dos últimos campeonatos nacionais e estarão disputando o título.

Teremos muitos nomes conhecidos na disputa. Rogério, Helinho, Dedé estão em Franca. Por São José, Fúlvio e Murilo. No feminino, Ega, Mama, Karla, Helen, Palmira, Micaela, Cíntia Tuiu, todas com passagem pela seleção em competições importantes.

São Caetano X Santos

Não se tem dúvida que São Caetano é, atualmente, a cidade mais esportiva do estado. Tem equipes profissionais entre as melhores do país em esportes como judô, taekwondo e boxe, além de dar bastante apoio a equipe BM&F de atletismo, que conta com nomes importantes do esporte nacional.

Entretanto, Santos entra com tudo em busca de tentar impedir o sétimo título consecutivo da equipe do ABC. Jogando em casa, tudo pode acontecer. Lembrando que a última vitória da cidade praiana foi em 2003, exatamente quando jogou em casa.

Carisma

O carisma que a competição tem é inegável. É a competição mais tradicional do calendário do estado de São Paulo e também do Brasil. Um evento que consegue unir medalhistas olímpicos e anônimos de cidades com menos de 2000 habitantes tem que ser louvado.

E a importância para o esporte vai muito além do nível técnico da competição. Vai da divulgação do esporte na população em todas as idades até as disputas entre as cidades que podem trazer mais crianças para o esporte.

A ESPN Brasil sempre faz uma cobertura especial do evento, com transmissões ao vivo e um Jornal do evento no fim da noite. Ano passado, a cobertura aconteceu, mas em menor proporção, sem nem um jornal diário e sim com um pequeno bloco dentro do Sportcenter. É torcer para que esse ano as matérias bem-humoradas, longas e que contam histórias lindas voltem.

A cobertura do blog, infelizmente, não vai ser in loco mas terá postagens todos os dias contando o que melhor aconteceu no evento, aos moldes do que foi feito com os Jogos Sul-Americanos e os Jogos da Juventude.

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