O momento que o remo vive é muito importante para seu futuro. É um momento de decidir se vai para frente ou não. Ao mesmo tempo em que a Confederação conseguiu o patrocínio do Bradesco e o apoio da Petrobrás nesse novo projeto, a entidade, que tem um novo presidente desde o ano passado que acabou com uma ditadura de mais de 20 anos, está em conflito com os principais clubes da modalidade.
Segundo o Botafogo, campeão do Trofeu Brasil no início do mês, o atleta Ailson Silva, duas vezes medalhista no mundial sub-23(2009 e 2010) e campeão sul-americano adulto não foi convocado para o mundial por implicância da entidade que coordena o esporte no país.
Há dois dias, o presidente da Confederação de remo do Estado do Rio de Janeiro enviou uma carta ao presidente da Confederação Brasileira, pedindo mais apoio aos clubes. Dr. Mauro Ney, que foi interventor na Confederação há alguns anos argumentou: " Lembramos ao ilustre Presidente da CBR que não se pode e não se deve implantar um projeto, deixando de se abrir um diálogo com aqueles que, alguns há mais de 100 (cem) anos, sustentam o Remo em nosso país, os Clubes".
Uma pena essa confusão entre entidade e clubes. A entidade que é presidida desde o ano passado por Dr Wilson, que acabou com uma ditadura de quase 20 anos do presidente Rodney que pouco elevou o nível nacional do esporte, não pode deixar de convocar o melhor atleta que surgiu nos últimos anos para um mundial adulto, no qual ele foi sexto colocado ano passado. A alegação é que Ailson devia ter treinado com a seleção em tempo integral. Não importa, ele estava treinando. E treinando tão bem que ganhou quatro medalhas de ouro no último Trofeu Brasil.
Não era o momento para essa briga. Não era mesmo. O remo está se reestruturando. No início do mês tivemos, segundo os especialistas e críticos, o melhor Trofeu Brasil dos últimos anos. O site da Confederação transmitiu ao vivo pela internet, a disputa não está mais polarizada entre Vasco e Flamengo, tanto que o Botafogo ficou com o título. A Lagoa Rodrigo de Freitas vai ser reformada e modernizada para os Jogos de 2016. Tudo caminha para que o remo volte a dar glórias ao esporte nacional.
Outro erro da Confederação, na minha opinião, foi o restante dos atletas para o Campeonato Mundial. Nenhuma das provas que o Brasil irá disputar é olímpica. Um Four skiff peso leve disputará a competição sem a menor necessidade. E sem chances de medalha, tanto que na Copa do Mundo ficaram em oitavo entre oito barcos.
A própria Confederação não divulgou os resultados de Ailson esse ano. No site, não se vê notícias da medalha de bronze conquistada no mundial sub-23 e nem sua medalha de bronze na Copa do Mundo. Tudo bem, a prova do skiff simples peso leve não é olímpica, mas Ailson pode achar um parceiro para a disputa do skiff duplo peso leve, que essa sim está no programa dos Jogos Olímpicos. Seria uma propaganda para o próprio esporte, que não foi feita.
Não era hora disso. Era hora de unir os dois principais braços do remo brasileiro, a Confederação e os Clubes, para tentar acabar com o jejum de 24 anos sem ouro em Pans, 24 anos sem finais olímpicas, para tentar recuperar a hegemonia da América do Sul e alavancar o remo no Brasil.Trazer de volta a imprensa e os torcedores e, é claro, as crianças. Projetos como o de Manaus, onde Ailson surgiu com o técnico Manasseh, são obrigatórios também.
O presidente Wilson Reeberg respondeu ao blog do amigo e jornalista Marcelo Romano, Brasil Olímpico. Segundo ele, Ailson não teria condições de brigar por um lugar na final do skiff simples e, por isso, colocaria o atleta do barco de skiff quádruplo peso leve. O Botafogo não quis colocá-lo para treinar em tempo integral para o barco de quatro pessoas, pois o clube queria ganhar o Brasileiro.
Ao menos, Wilson terminou a resposta ao blogueiro Marcelo tirando qualquer dúvida quanto a uma possível briga: "Quanto ao atleta Ailson, as portas da CBR estarão abertas para ele, sempre que se enquadrar nas diretrizes técnicas e disciplinares da confederação."
E viva o remo brasileiro! E a união clube-entidade!
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