Terminou ontem a última das seis etapas da Copa Petrobras de Tênis de 2010, o maior circuito Challenger da ATP, a Associação dos Tenistas Profissionais. Thomaz Bellucci, que defendia o título e via no torneio a chance de se recuperar de um segundo semestre desastroso, era o principal nome da etapa.
Em virtude do seu ranking muito alto (27º), Bellucci só pôde participar da etapa de São Paulo por ter sido convidado pela organização, já que o torneio dá apenas 100 pontos ao campeão e faz parte do que pode ser considerado a quinta divisão dos torneios da ATP, atrás dos Grand Slams (2000 pontos), Masters 1000 (1000 pontos), ATP 500 (500 pontos) e ATP 250 (250 pontos).
O número 1 do Brasil chegou às semifinais sem dificuldades, perdendo apenas 14 games em seis sets, apesar de sofrer em alguns momentos com reações hostis da torcida, que não perdoou o repentino abandono na repescagem da Copa Davis em setembro, que praticamente tirou as chances de o Brasil se classificar para o grupo mundial da Copa. Por ser o cabeça-de-chave número 1, Bellucci teve nas primeiras rodadas o privilégio de jogar à noite, num clima mais ameno. A sua semifinal, entretanto, ocorreu à uma da tarde (esquecendo o efeito horário de verão, o jogo começou ao meio-dia). A cada demonstração de cansaço e desconforto com o calor, a torcida ironizava, "pedindo-o" para abandonar a partida.
Essa semifinal, aliás, pôs frente-a-frente o brasileiro mais bem ranqueado e a sensação do torneio, Christian Lindell. Filho de mãe brasileira e pai sueco, Lindell tem dupla nacionalidade, mora no Rio de Janeiro e treina na Suécia, onde tem mais apoio e condições de se desenvolver. Chegou a São Paulo (com um convite da organização) como o número 5 da Suécia, e no ranking a ser divulgado amanhã já deve aparecer como número 4, suficiente para ser convocado para a equipe sueca da Davis, o que acabaria com a possibilidade de ele vir a defender o Brasil no futuro.
Lindell já estreou surpreendendo, ao derrotar o brasileiro João Souza, o Feijão, que tenta há alguns meses romper a barreira do Top 100 (está em 101º). Depois, venceu Thiago Alves (149º) e o cazaque Yuri Schukin (129º). Na semifinal, Lindell venceu o primeiro set (6-4) e manteve o jogo equilibrado até a metade do segundo, quando voltou a sentir dores que já o haviam incomodado no torneio. Bellucci aproveitou o fato e venceu os dois sets seguintes por 6-3, fechando o jogo após 2h13min.
O adversário da final seria o compatriota Marcos Daniel, que passou pelo francês Nicolas Devilder na semi. A partida deveria ter começado às 13h30, mas fortes chuvas (tempo bem diferente do observado na véspera) atrasaram por quatro horas a decisão. Quando a partida começou, Daniel não deu chances a Bellucci e atropelou no primeiro set: 6-1. No segundo, um atordoado Thomaz Bellucci conseguiu salvar break-points e vencer por 6-3. O terceiro game do terceiro set durou mais de quinze minutos. Bellucci desperdiçou cinco break-points e Daniel se aproveitou do mau momento do paulista para abrir 3-1 e administrar o resultado até fechar o jogo após 2h05min.
Foi o décimo sexto título de torneio Challenger de Marcos Daniel, que se tornou o terceiro tenista com mais títulos desta categoria no mundo. Lindell, mesmo parando nas semifinais, deve subir mais de 100 posições no ranking da ATP. Bellucci segue sua má fase e perderá trinta pontos e uma posição, caindo para 28º.
Apesar de já ter uma Olimpíada no currículo, na minha opinião Bellucci (que caiu na primeira rodada em Pequim) parece não ter mais grandes chances de ascensão na carreira. João Souza, nascido em 1988, pode evoluir bastante, mas tem que lidar com a pressão de figurar entre os cem melhores do mundo. Ricardo Mello, Marcos Daniel e Thiago Alves já estarão com mais de trinta anos em 2012, e não devem ter grandes chances de participar dos Jogos de Londres.
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