quarta-feira, 10 de junho de 2009

Especial Troféu Brasil de Atletismo


Terminou no último domingo mais uma edição do Troféu Brasil de Atletismo, disputado no Estádio João Havelange, no Rio de Janeiro. O ponto máximo da competição foi a volta da disputa entre clubes, já que a BM&F Bovespa venceu facilmente todas as competições desde 1994, quando ainda se chamava Funilense. Para 2009, a equipe REDE, de Bragança, montou uma equipe muito forte, mas ainda sim não conseguiu vencer a rival no geral.
A pontuação da equipe paulistana foi de 777 pontos, contra 720 dos rivais do interior. Se fosse contado somente os resultados entre as mulheres, a vitória seria da equipe REDE, que fez 401 pontos contra 388. Alguns não acham benéfico para o esporte essa briga polarizada, na minha opinião uma disputa saudável. De lamentável, apenas a Rede Globo e o Sportv que, além de uma bizarra transmissão, continuam dando tiro no próprio pé ao não chamar a equipe BM & F de BM& F e sim Equipe de SÃO PAULO.
Lucimara faz tempaço nos 100m, mas perde nos 200m. Nos 400, dois índices B
A veterana Luciamara Moura Aparecida, de 35 anos, duas olimpíadas nas costas e atual recordista sul-americana dos 100m rasos mostrou mais uma vez por que está tão bem esse ano. Venceu a prova mais rápida do atletismo feminino com o tempo de 11s28, se aproximando cada vez mais de seu recorde continental, batido em 99, que é de 11s17. Nos 200m, os tempos não foram tão bons. A vitória de Vanda Ferreira Gomes veio com o tempo de 23s36, pior mesmo do que ela fez nesta temporada. Ewelyn Carolina foi segunda com 23s38 e a recordista sul-americana Luciamar Moura foi terceira com 23s44, bem acima de seus 22s60 de 1999. Nos 400m, duas atletas abaixo dos 52s, algo que não acontecia há um bom tempo. da Silva Pinheiro venceu com 51s98, um centésimo à frente de Jailma de Lima. Porém, ainda estão distantes do recorde brasileiro de Maria Magnólia, de 50s89.

Surpresas nas provas de velocidade masculinas
Hugo de Souza marcou 20s68 e venceu os 200m rasos, se mostrando que é mais um valor brasileiro para essa prova, que atualmente tem Bruno Lins e Sandro Vianna como principais nomes. Hugo venceu com 20s68 e está cada vez mais perto do índice para o mundial. Em segundo, com 20s84, ficou Bruno e em terceiro, com 20s87, Sandro.
Nos 100m, vitória de José Carlos Gomes Moreira com 10s22, a frente de Jorge Célio da Rocha Sena, mais novo integrante da elite da velocidade, conseguindo resultados regulares nos 100m e 200m durante toda temporada. Em terceiro, Vicente Lenílson.

Os 400m masculino segue sem ser uma prova forte entre os brasileiros, que não tem um grande nome desde Sanderlei Parrela, vice campeão mundial de 99 e quarto colocado em Sydney-2000, e que se despediu neste Trofeu Brasil ,com a oitava posição na prova. O vencedor foi o uruguaio Andre Silva, que marcou 46s06. O melhor brasileiro foi Eduardo Vasconcellos com 46s25. Lembrando que o recorde sul-americano é de 44s29, de Sanderlei Parrela.

Barreristas femininas fazem tempos muito bons, mas homens não melhoram

Os 400m com barreiras feminino foi talvez a prova de melhor melhora neste último ano. Lucimar Teodoro tinha o recorde sul-americano desde 2004 e conseguiu melhorar há poucas semanas. No Trofeu Brasil, Luciana França fez índice para o mundial com 55s90 e venceu sua rival Teodoro, que foi segunda colocada com 56s25 e também vai ao mundial. Nos 100m com barreiras, Fabiane Morais vem se mostrando cada vez mais o grande nome da prova no Brasil. Melhorou ainda mais sua melhor marca na carreira, vencendo a prova co m13s14. Conversei com ela e essa semana farei uma postagem sobre ela em "Promessas".
No masculino, os 110m com barreiras, que até 2004 era a principal prova do Brasil, segue em decadência. Antes, tínhamos quatro atletas com possibilidades de correr a prova em 13s40, agora o vencedor da prova do Troféu Brasil, Eder Souza, fez 13s81, único a correr abaixo dos 14s.Nos 400m com barreiras, Mahau Camargo Suguimati venceu com 49s59, um tempo bom, mas ainda acima de sua melhor marca. Ele já está classificado para o mundial. Destaque também para os 49s82 de Raphael Fernandes, que foi terceiro, já que o uruguaio Andres Silva foi segundo.
Nos 3000m com obstáculos, vitória de Fernando Alex Fernandes numa chegada emocionante com Gladson Alberto Silva Barbosa. 8min44s32 para o primeiro e 8min44s64 para o segundo. Os tempos, entretanto, seguem muito longe de índices e recordes. No feminino, Sabine Letícia Heitling se aproveitou da ausência da recordista brasileira Zenaide Vieira e venceu com a marca de 10min05s93.
Kleberson vence duelo com Fabiano, que levou os 1500m e meninas não fazem tempos bons
Uma das finais mais esperadas do campeonato era a dos 800m masculino, na disputa entre Kleberson Davide e Fabiano Peçanha, melhor para Davide que marcou 1min46s42, quatro décimos à frente de Peçanha. Os dois já correram na casa dos 1min44s esse ano e estão fortes para o mundial.
Nos 1500m, Peçanha, em prova que não é sua especialidade, venceu no sprint final o bicampeão pan-americano, Hudson Souza. Os tempos, entretanto, 3.46.22 e 3.46.59 não foram muito bons.
Falando em tempos não muito bons, as meio-fundistas do Brasil estão longe das melhores marcas. Josiane Tito, que já correu abaixo dos 2minutos nos 800m, venceu com 2min03s85, pouco a frente de Christiane Ritz dos Santos. Nos 1500m, Sabine Letícia Heitling venceu Christiane Ritz dos Santos no sprint final, com a marca de 4min22s71. Lembrando que o recorde brasileiro é de 4min10s07, de Soraya Vieira Telles, do ano de 1988.

Marilson e Cruz dominam provas de fundo
Marílson Gomes foi o melhor atleta homem do torneio. Levou os 5000m e os 10000m com tranquilidade, inclusive com índice para o mundial de Berlim nos 10000m. Entretanto, se preparando para a maratona, ele abriu mão da prova.
Nos 5000m, terminou com o tempo de 13min34s79, batendo recorde do Troféu Brasil e ficando a 15 s de seu recorde brasileiro. Noa 10000m, venceu com 27min58s83, pouco mais de 30s acima de seu recorde brasileiro. O problema é a falta de rivais que ele tem no Brasil atualmente, vencendo com grande vantagem em ambos os casos.
Entre as mulheres, Cruz Nonata da Silva venceu tanto os 5000m como os 10000m e foi um dos destaques da competição, apesar de tempos não tão fortes. Nos 10000m, 33min02s65, bem longe do recorde brasileiro que é na casa dos 31s, de Carmem Oliveira, de 1993. Já nos 5000m, venceu com 16min21s51, um minuto acima do recorde brasileiro que é da mesma Carmem.
Recordes de Troféu Brasil na Marcha atlética
A marcha atlética vem provando dia pós dia a evolução que está tendo no Brasil. No Troféu Brasil deste ano, disputas emocionantes e recordes da competição, tanto no feminino como no masculino. Lembrando que a prova de 50km masculina não é disputada.
Entre as mulheres, as duas atletas que já estão classificadas para o mundial, Cisiane Lopez e Tânia Splinder protagonizaram uma bela disputa. Tânia venceu com 1h37min31, cinco minutos a frente da rival. Quem venceu entre os homens foi Jose Alessandro Bernardo Bagio, com 1h26min31, quatro minutos a frente de mario José.
Murer bate recorde mas salto com vara vê prova fraca dos homens
Fabiana Murer foi espetacular. Saltou 4m82, bateu recorde sul-americano da prova e, agora, tem o melhor salto do ano. Deu para eprceber que ela saltou bem, passou bem pelos 4m82 e, depois, tentou o 4m94, que a tornaria a segunda melhor saltadora da história. Não conseguiu, ficou um pouco distante ainda, mas mostrou que pode fazer melhor.

No masculino, Fábio Gomez segue sua irregularidade. Conseguiu 5m53, índice B para o Mundial, mas faz tempo que não consegue repetir as marcas de 2007 e o início de 2008, quando bateu recordes brasileiros e sul-americanos e chegou a final do mundial de 2007. João Gabriel também não foi tão bem quanto poderia, ficando nos 5m10.

No salto em altura masculino, Jessé Lima mostrou sua superioridade. Depois de garantir o título com 2m15, tentou a marca de 2m28, que seria o recorde do campeonato, mas acabou não conseguindo. O finalista olímpico espera, até o fim do ano, quebrar o recorde sul-americano, que é de 2m33. No feminino, Lucimara Silvestre, grande nome do heptatlo nacional, venceu com 1m83, novamente sua melhor marca na carreira. Porém, ainda não conseguiu o 1m86 que busca desde Pequim-2008.

Keila vence Maurrem, Giselle bate recorde e homens ficam abaixo do esperado
No momento, o salto em distância feminina é a prova mais forte do atletismo nacional. Temos duas atletas de nível mundial, presente nas finais dos últimos Campeonatos Mundiais e da olimpíada de Pequim-2008. E essa disputa entre Keila e Maurrem é muito saudável. Keila venceu com 6m79 e uma regularidade impressionante, com seis saltos acima dos 6m60. Maurrem ficou em segundo com 6m75 e no último saltou 6m88 mas queimou por muito pouco, muito pouco mesmo. Importante lembrar também que atletas como Eliane Martins e Fernanda Gonçalves têm feito bons saltos, mas acabam sendo esquecidas por termos duas atletas de primeiro nível mundial.
No salto em distância masculino, marcas abaixo dos 8m, apesar de trÊs atletas brasileiros já terem saltado acima desta marca esse ano. Quem venceu o Troféu Brasil foi Erivaldo da Cruz Vieira, com 7m84 na última tentativa. Rogério Bispo, com 7m78 foi segundo, e Rubens dos Santos Júnio o terceiro 7m71.
No triplo, Giselle Oliveira saltou 14m16 e ficou com a medalha de ouro, com uma marca ainda abaixo de seu recorde pessoal, 14m28. Ela está mostrando uma regularidade incrível e é um nome para ser finalista no mundial. Tânia Ferreira da Silva foi segunda com 13m65.
No masculino, Jadel Gregório ainda não encaixou um bom salto esse ano, mas venceu a prova com 16m95, a frente de Jefferson Sabino, que já fez 17m04 essa temporada. Jadel disse que queria bater os 17m40, mas ficou longe disso. Ele já está pré-classificado para o mundial de Berlim.
Elisângela chega a 30 títulos, Julião segue no mesmo caminhoElisângela Maria Adriano ganhou pela 17ª vez na carreira o arremesso de disco e pela 13ª vez o peso do Troféu Brasil de Atletismo. A veterana de 36 anos marcou 16m72 no peso, bem abaixo de sua melhor marca que é de 19m30. Ela já deixou claro que sua prova principal é o disco e o peso ela apenas disputa para pontuar para sua equipe. Andréa Maria ficou em segundo, mostrando que é um dos principais nomes do Brasil na prova, sempre no pé de Elisângela, mas nunca com marcas importantes no cenário mundial.
No disco, cheguei a imaginar a possibilidade de Elisângela não vencer. Porém, no quinto arremesso, conseguiu a marca de 54m53 e assumiu a ponta para vencer pela 17ª vez. Andressa Morais, de 18 anos, foi vice campeã com 52m87. Lembrando que Elisângela quer o índice para mais um mundial de sua carreira, no disco, que é de 59m.
Ronald Julião vem se tornando a versão masculina de Elisângela. Em sua especialidade, o disco, venceu com 57m49, abaixo de sua melhor marca, conquistada ano passado. Ele ainda sonha com o índice para o mundial, que é de 62m.No peso, ele queria bater o recorde brasileiro mas não conseguiu, fazendo 18m09, 61 cm abaixo da marca de Adilson Oliveira. O arremesso de peso segue como uma das provas de pior nível no Brasil.
Júlio Cesar passa de novo dos 80m e Alessandra é campeã novamente
Júlio Cesar Miranda, campeão mundial de Menores em 2006, conquistou o Troféu Brasil com a marca de 80m05, chegando mais uma vez ao índice para o mundial. Ao contrário do que a CBAt diz, ele não bateu o recorde brasileiro. Nos Jogos Brasileiros de pouco menos de um mês atrás, ele mesmo lançou 80m22 e bateu o recorde nacional. Aos 23 anos, ele vai ao mundial com chances reais de uma final.
Entre as mulheres, Alessandra Resende venceu com 57m14, ainda longe de sua melhor marca que é próxima dos 60m. Ela, que esteve em Pequim, ainda quer o índice para o Mundial. Jucilene Sales de Lima lançou 54m10.

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