sexta-feira, 12 de junho de 2009

A seleção que revolucionou o vôlei feminino

A seleção japonesa de vôlei em 1964 é a mais antagônica da história. Ao mesmo tempo que o técnico Hirofumi Daimatsu fez com que sua equipe revolucionasse o setor defensivo do esporte e comandou o time para a medalha de ouro diante das gigantescas soviéticas, exigia tanta vontade de suas atletas que chagava a agredií-las. torturá-las psicologicamente, e forçar um trabalho de treinamentos em seis ou sete dias semanais em um período de 52 semanas sem folga alguma.

Nos Jogos olímpicos de 1964, das 12 atletas da seleção, 10 faziam parte do time do técnico Daimatsu, que dirigia o Kaizuko Amazons, que vencera 137 partidas consecutivas em ligas japonesas e asiáticas. As pequeninas japonesas sabiam que só venceriam as gigantes soviéticas com um sistema defensivo que nunca foi visto antes. E o técnico conseguiu ensinar suas atletas a usar uma recepção de saque nunca antes utilizada, a forçar um rolamento logo após a defesa para que em centésimos de segundo estivesse pronta para outra jogada.

A seleção do Japão, treinada por Daimatsu desde 1958, foi vice-campeã mundial em 1960 e conseguiu uma vitória histórica sobre as soviéticas, na União Soviética, no mundial de 1962, chegando ao inédito título. Por isso, o time chegou a Tóquio com um amplo favoritismo, também pelo fato de ter o apoio gigantesco da torcida. Naquela ocasião, estima-se que 80% da população japonesa assistiu a partida pela televisão.


Os métodos de Daimatsu, porém, o levariam a perder o emprego: após a vitória, as meninas do Japão foram convidadas a visitar o Primeiro Ministro Eisaku Sato, e aproveitaram para colocar para fora todas as suas mágoas. A capitã do time, inclusive, queixou-se de que Daimatsu não permitia que elas namorassem, e que deste jeito ela jamais arrumaria um marido. Irritado com esta "insubordinação", Daimatsu entregou o cargo, e foi trabalhar em uma agência de publicidade.

A campanha nas olimpíadas da equipe foi irretocável. Em cinco jogos, cinco vitórias e apenas um set perdido, exatamente quando o técnico poupou suas principais jogadoras para esconder o jogo diante da atenção do técnico da União Soviética, assistindo o jogo no ginásio.
Com um regulamento que teve as seis equipes se enfrentando em turno único com a equipe que tivesse mais vitórias saindo como vencedora, as japonesas venceram Coréia do Sul, EUA, Polônia e Romênia, além da convicente vitória que definiu o ouro, sobre as soviéticas, por 3x0, parciais de 15-11, 15-9 e 15-13.

A seleção japonesa, já sem Daimatsu, continuou forte no cenário internacional. Vieram as pratas de 1968 e 1972, o título de 1976, e o bronze de 1984. Desde então, perdeu espaço e tem hoje, como único triunfo, uma forte defesa, herança deixada por Daimatsu.

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