terça-feira, 21 de abril de 2009

Esporte à esporte- Nado sincronizado


O nado sincronizado brasileiro ficou 36 anos sem ganhar uma medalha pan-americana, um jejum que se iniciou com a conquista do bronze por equipes em 1963 e terminou com o dueto das irmãs gêmeas Isabela e Carolina de Moraes no Pan de 99, quando conseguiram bater as mexicanas, eternas rivais pelo terceiro lugar das Américas. Atualmente, as mexicanas não assustam mais e, após os bronzes por equipes e dueto nos Pans de 2003 e 2007 todas já são unânimes que o objetivo para 2011 é encostar nas canadenses na luta pela prata.
Entretanto, apesar de toda essa melhora, o Brasil, em termos mundiais, ainda não é aceito como as outras seleções, sendo muitas vezes prejudicado pela arbitragem. Foi o caso que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Pequim, em que nosso dueto Lara Teixeira e Nayara Figueira. Elas terminaram a primeira apresentação em 12º entre os 24 duetos presentes na olimpíada, mas caíram uma posição na apresentação seguinte, não conseguindo igualar a final obtida pelas gêmeas Isabela e Carolina Moraes em Atenas. Essa queda, segundo os especialistas, veio com uma mãozinha dos juízes para suiças e francesas, que foram as últimas finalistas, em 11º e 12º lugar, deixando as brasileiras em 13°.

"Nosso esporte, como todos já sabem, é muito subjetivo. Quando enfrentamos países com muita tradição, não podemos estar no mesmo nível, e sim muito melhores para não deixarmos dúvidas aos juízes. Já temos isso em mente sempre que vamos competir. Nas olimpíadas foi mais ou menos isso que aconteceu. Estávamos no mesmo nível das francesas e suíças mas, na hora de definir, os juizes não pensaram duas vezes em colocar na final países como esses, que tem mais tradição, do que o Brasil" comentou Lara Teixeira ao blog na última semana. A atleta brasileira, entretanto, sabe que isso não é uma desculpa para resultados ruins: "Mas na minha opinião o resultado da competição não depende do Juíz e sim de nós mesmas. O que quero dizer é que se trabalharmos em cima de nossas fraquesas e melhorarmos nossa rotina teremos certamente o resultado das finais no próximo Mundial".

O mundial que ela se refere é o mundial de esportes aquáticos de 2009, em Roma, em que o dueto brasileiro busca voltar a disputar uma final de torneio importante. Em 2007, a dupla Lara Teixeira e Caroline Hildebrandt ficou em 12º na rotina livre e 13º na rotina técnica, em 13º no geral. Agora, para 2009, o principal objetivo não é só ir à final, como ficar à frente de França e Suiça, algo que já aconteceu em torneios preparatórios para as olimpíadas.

"Estamos embarcando para nossos campeonatos preparatórios no dia 27/04. Iremos primeiro para a California, EUA, e na semana seguinte iremos competir no Campeonato Nacional do Canadá. Essas competições serão importantes para pegarmos o ritmo de competição, enfrentarmos duetos rivais antes do Mundial e testarmos nossa coreografia. E também competir com juízes internacionais, que estarão em Roma, onde será o nosso principal campeonato esse ano: o Mundial de esportes Aquáticos, em julho" disse Lara Teixeira.

No mesmo mundial, teremos a prova por equipes. A competição por equipes conta com apenas oito seleções nos Jogos Olímpicos, número que a FINA tenta com o Comitê Olímpico Internacional aumentar para 12, o que facilitaria a vida brasileira em conseguir uma das vagas. No mundial de 2007, a seleção ficou em 10º no geral entre as provas técnicas e rotina livre, mas não disputou o pré olímpico do ano seguinte, com a certeza que não conseguiria a vaga. Lara, que também faz parte da equipe brasileira, além do dueto, aceitou bem a decisão: A decisão de não levar a equipe ao pré olímpico foi uma decisão que a equipe técnica tomou no começo do ano. A verdade é que era quase impossível conseguir uma vaga por equipes. " A brasileira ainda acredita que para 2012 as coisas vão ser diferentes, com o aumento do número de equipes classificadas: " Mas se tivermos a confirmação de que aumentará o numero de vagas para 2012 acho que a equipe brasileira é totalmete capaz de conseguir a classificação. Mas temos que amadurecer mais e trabalhar com planejamento e foco de que não será fácil, ou seja, teremos muito trabalho pela frente".

O futuro brasileiro foi testado nos Jogos sul-americanos juvenis deste ano, em março, na Argentina. A equipe juvenil B, de atletas entre 16 e 18 anos, levou todos os ouros em disputa, mas viu a seleção Juvenil A, com atletas de 14 até 16 anos, perder todas as medalhas para Colômbia, uma equipe que nunca assustou nossa seleção no adulto.

"Faltou mais tempo de trabalho e competiçoes preparatórias, para buscarmos uma equipe mais entrosada e preparada para a competiçao, já que a equipe era bastante heterogênia. Nosso time também não tinha experiência pois todo o grupo foi renovado, entáo foi a primeira experiência internacional deste grupo. Acredito que com mais tempo de treinamento e possibilidade de mais competiçoes preparatorias (antes do sulamericano) o grupo poderia estar mais preparado para o desafio" comentou a técnica da seleção juvenil A do Brasil, Shirlei Montanari, que ainda contou ao blog como é feita a reunião de atletas para uma competição. Isso porque, mais do que qualquer outro esporte, o nado sincronizado precisa de entrosamento.

"A equipe juvenil A se reune a cada 2 anos, para se preparar para o sulamericano de categorias. É realizada uma seletiva no inicio de dezembro, na qual todas as atletas com idade da referente categoria e que tenham particicipado dos brasileiros do ano corrente, estáo aptas a participar, após a seletiva sáo convocadas as 12 atletas de maior pontuaçao na seletiva para participar do programa de treinamento que inicia entre a segunda e terceira semana de janeiro e vai até a data da competiçao ( neste ano inciamos dia 14 de janeiro e fomos para competiçao dia 31/03) no total foram 11 semanas de trabalho com 12 atletas sendo 4 do clube paineiras (sp), 1 clube mesc (sp), 2 flamengo (rj), 2 aabb fortaleza ( ce), 01 fluminense ( rj) e 01 tijuca (rj), portanto o tempo de trabalho é bastante curto, principalmente porque a diversidade de origens das atletas é muito grande" comentou a técnica Montanari.

No mundial juvenil de 2008, a equipe brasileira se manteve na média das equipes nacionais. O dueto Giovana Stephan e Lorena Molinos ficou na 12ª posição e a equipe ficou na oitava posição entre as 17 participantes.
Para Lara Teixeira, o que precisa ser feito para uma evolução no esporte, é o que a China fez nos últimos anos, o que culminou com uma medalha olímpica em Pequim: "A medalha da China foi fruto de um investimento que a China vem fazendo há um ciclo atrás. Há quatro anos eles investiram pesado no esporte. Cotrataram técnicas estrangeiras para treinar uma seleção permanente, com centro de treinameno e uma estrutura de exelência".
A medalhista de bronze no Pan comentou por que mudou-se para São Paulo no início: "Precisávamos de planejamneto e de um trabalho que começasse no início do quadrienio olímpico e me mudei para São Paulo. Aqui em São Paulo iniciamos esse planejamento, com a equipe da Andrea Curi, que foi técnica do dueto olímpico brasileiro em Sidney e Atenas e agora retoma a seleção rumo a 2012".

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