Muitos marcam ele pelo fatídico quarto lugar nos Jogos Olímpicos de 2004, quando ele chegou na última regata da classe mistral na primeira posição, precisando de um 16º lugar para garantir ao menos o bronze. Ele foi 17º, ficou sem o pódio e num amargo quarto lugar. Porém, sua fala após a competição foi marcante: " Claro que dói perder a medalha, mas sou o quarto melhor do mundo, melhor classificação na história da classe no Brasil".
Eu prefiro lembrar de Bimba, Ricardo Winicki, como o campeão mundial de 2007, bi campeão pan-americano, duas vezes entre os cinco melhores numa olimpíada, bi campeão mundial da juventude em 97 a 98 e idealizador de um belíssimo projeto da classe RS:X no Rio de Janeiro.
Na entrevista que ele deu a mim ao telefone na semana passada, contou de seu início de ano, em que venceu o campeonato sul-americano, explicou seu projeto que já tem alguns de seus alunos seus adversários nas provas no Brasil, falou da olimpíada de Pequim em que ficou em quinto, do futuro de sua classe e de toda a vela olímpica.
Veja abaixo os principais trechos da entrevista
Guilherme Costa: Como foi o campeonato sul-americano disputado esse ano, em que você saiu com o título?
Ricardo Winicki Super bacana, veio bastante gente da Europa, três medalhistas olímpicos, alguns ficaram aqui no Brasil treinando por 40 dias. Foi muito legal porque mesmo eu ajudando na organização, encarregado de várias coisas, eu consegui sair campeão, então fiquei bem satisfeito.
GC: E quais são os planos para 2009?
RW: O mundial é o objetivo a ser atingido em 2009. Quero competir nas principais semana de vela daEuropa, na Holanda e na Espanha. Porém, com excessão a ano de Jogos Olímpicos o objetivo é sempre o mundial. O mundial de 2009 é só da classe RS:x, ao contrário do que eu ganhei em 2007, que é disputado a cada quatro anos, juntando todas as classes olímpicas.
GC: Como que você começou seu projeto em Buzios?
RW: Eu vi que muita gente queria velejar lá em Buzios, mas com material muito ruim. Montei minha escola, comecei para valer em 2005 o Projeto Social, que agora temos 15 velejadores, muitos deles já viajaram pelo mundo para disputar competições. Comecei a ajudar por que sei que é um esporte caro, e no momento estou sem patrocínio, mantenho os meninos com as doações. São doações fundamentais. É uma satisfação muito grande ver todos viajando para competir.
GC: Falando em patrocínio, o que aconteceu com os seus depois dos Jogos de Pequim?
RW: Perdi o patrocínio, mas não por causa do resultado mas sim por causa da crise. Estamos, na verdade, em Stand by. Estamos perto de assinar com a OI até 2012, mas a crise somada com a reformulação interna devido a compra da Telecom. A gol está em stand by, agora está mais um apoio do que patrocínio, mas vamos retomar as negociações. Acredito que eles estão satisfeitos com a minha divulação na mídia.
GC: Falando das olimpíadas de Pequim, em que você ficou entre os cinco até o final, mas perdeu a chance de chegar na regata da medalha com chances de pódio por uma 33ª posição na penúltima regata. O que aconteceu?
RW: Foi uma regata de vento muito fraco, o que nivela a prova por baixo e fica mais complicado de ultrapassar. Na largada, escolhi o lado esquerdo, assim como mais ou menos metade dos atletas, mas na virada da primeira boia, o vendo foi para o lado direito e eu acabei ficando em último. E a questão dos descartes me deixava ficar numa posição em que o 12º lugar(meu pior resultado até então) fosse a mesma coisa que um 33º, já que iria descartá-lo de qualquer maneira. Para recuperar, estaria muito complicado. Na última boia, o então lider da olimpíada estava ao meu lado e comentou que não adiatava tentar recuperar, já estava perdida aquela regata. Mas eu não sabia que, com o resultado, minhas chances de medalha seriam zero na regata da medalha, eu não tinha como calcular.
RW: Foi uma regata de vento muito fraco, o que nivela a prova por baixo e fica mais complicado de ultrapassar. Na largada, escolhi o lado esquerdo, assim como mais ou menos metade dos atletas, mas na virada da primeira boia, o vendo foi para o lado direito e eu acabei ficando em último. E a questão dos descartes me deixava ficar numa posição em que o 12º lugar(meu pior resultado até então) fosse a mesma coisa que um 33º, já que iria descartá-lo de qualquer maneira. Para recuperar, estaria muito complicado. Na última boia, o então lider da olimpíada estava ao meu lado e comentou que não adiatava tentar recuperar, já estava perdida aquela regata. Mas eu não sabia que, com o resultado, minhas chances de medalha seriam zero na regata da medalha, eu não tinha como calcular.
GC: Você é 12 vezes campeão brasileiro, faz parte da equipe olímpica já há três ciclos. Como você vê o desenvolvimento da sua classe no Brasil?
RW: Os principais atletas são do meu projeto. No Brasil, só tem apoio da confederação um atleta por categoria. Por exemplo, o Torben, cinco vezes medalhista olímpico, se quisesse, não teria apoio pois não faz parte da melhor dupla do país. Isso faz com que se abra uma lacuna muito grande entre o melhor e o segundo melhor de cada classe. Eu viajo seis vezes por ano e o segundo melhor do país nenhuma. Se a vela rasgar, tem que prosseguir treinando com a vela rasgadas. Tem alguns atletas se destacando, como Albert de Carvalho e Renato Amaral, que foram muito bem neste sul-americano. O atleta faz 18 anos e tem que escolher entre seguir uma carreira acadêmica e de atleta, eu comecei com 16 anos e fui campeão adulto logo de cara porque minha geração não era tão forte. Atualmente tem muitos atletas na luta.
GC: Depois da renúncia do Lars Grael, que quando assumiu a Confederação Brasileira pegou um pepino de R$ 84 milhões de reais, assumiu um interventor do cob, o senhor Carlos Luiz Martins. Qual é sua avaliação dele?
RW: Com certeza ele caminha ao lado dos atletas. Não foi o presidente só que mudou e sim toda a equipe, o que foi muito importante. Só tenho elogios a ele. Estamos trabalhando juntos para que a vela continue como o esporte com mais medalhas olímpicas na história, mesmo disputando muito menos provas do que os demais esportes. Esse ano, o trabalho do COB é com a ciência do esporte, algo muito importante. O pessoal do Cob veio assistir o sul-americano e eu estou bastante animado com tudo isso.
GC: E quanto a vela feminina, você acha que essa medalha vai alavancar a modalidade no Brasil?
RW: Difícil responder essa pergunta em função da crise. Porém, elas receberam R$ 5000 reais para dividir entre as duas e o técnico. Em outros países, pessoas ficam ricas, conseguem se sustentar para o resto da vida com o esporte. Além disso, elas perderam o patrocínio, a Fernanda ainda não sabe direito o que vai fazer nesta nova campanha para olimpíada, visando Londres 2012. Mas, ela diz que quanto a patrocínio, nada mudou depois do pódio.
Aquele quarto lugar foi duro para quem conhece bem o Bimba e sabe de seu pontencial. Uma 'bola' na casquinha da trave q doeu no coração, em Atenas. Mas ele é forte e ainda confio nessa prancha a vela... q, aliás, não pára de mudar de características e nome... agora acho q é RS:X. Essa seria uma pauta curiosa, heim Guilherme...
ResponderExcluirAbração