O tiro esportivo foi o primeiro esporte brasileiro a conquistar medalhas olímpicas, com um ouro, uma prata e um bronze nos longícuos Jogos de 1920, na Antuérpia. Porém, atualmente o esporte não vive seus melhores dias, sem o investimento necessário para conseguir lutar por tantas medalhas olímpicas.
O tiro esportivo olímpico é dividido em bala- provas de pistola e carabina- e de prato- Fossa, fossa dublê e Skeet. Hoje, falaremos do atual momento do prato.
Nos últimos Jogos Pan-americanos, no Rio de Janeiro, o Brasil não levou nenhuma medalha no prato- foram uma prata e um bronze na bala- e o que mais marcou na participação tupiniquim em casa foi o moderno e gigantesco complexo Deodoro, local que abrigou as competições de tiro.
O local foi elogiado pelos atiradores, que também apontaram vários equívocos na construção.
"É um local de competição e de treinamento muito bom. É o clube mais bem equipado do Brasil" elogia Janice Teixeira, medalhista de bronze nos Jogos Pan-americanos de 2003, quinta colocada no Pan do Rio e que comentou a olimpíada nos canais Sportv.
Já o veterano Luiz Carlos Graça, medalhista de bronze no Pan de 1999, em Winnipeg, integrante da equipe em Santo Domingo 2003, criticou a grandiosidade do local " É um projeto de primeiro mundo, mas falta um pouco, parece que não foi terminado. Tinha de ser mais usado, se não vira um Elefante Branco".
Daniela Carraro, sexta colocada no Skeet nos Jogos Pan-americanos do Rio e campeã sul-americana, também falou comigo ao telefone, e acha que pelo dinheiro investido, poderia ser maior: " Pela verba que foi utilizada, não ficou do jeito que a gente imaginou. Gastaram muito dinheiro com uam arquibancada gigantesca que nunca iria lotar e não deixaram pronto para ser sede de um campeonato mundial, por exemplo. É um local fantástico, maravilhoso, mas tem muitos problemas"
No Pan, o Brasil esteve em todas as provas, mas tivemos os melhores resultados quintos lugares. Janice Teixeira foi quinta na fossa, depois de terminar as eliminatórias em terceiro lugar. Na fossa dublê, Filipe Fuzaro foi quinto colocado e Luiz Fernando Graça, filho de Luiz Carlos, foi o sexto. No skeet feminino, Daniela Carraro ficou na sexta posição com 76 tiros, quatro atrás da medalha de bronze. Na fossa olímpica masculina, Roberto Schmitds foi sétimo e Rodrigo Bastos ficou fora da final e, desde lá, o medalhista de prata no Pan de 2003 e participante na olimpíada de 2004 não disputa competições. No skeet masculino, o Brasil teve suas piores posições, Wilson Zocolotte 20º e Renato Portela 21º.
Aliás, Daniela Carraro disputa as provas aqui no Brasil com os homens, e quando estava no ranking( Quem fica mais de quatro eventos sem participar, a Confederação tira do ranking) era terceira colocada na classificação mista. Daniela e Janice acreditam que existe pouca diferença em investimentos para homens e mulheres.
"Não existe muita diferença. O problema é que, aqui no Brasil, o tiro muitas vezes é passado de pai para filho e as mulheres acabam ficando de fora" disse Janice Teixeira, que também compete entre os homens.
Daniela acredita que a entidade maior do Tiro precisa fazer um programa para atrair mulheres" A verba é igualmente dividida, proporcional ao número de atletas, claro. Acho que a Confederação poderia fazer algum trabalho para atrair mais mulheres ao esporte. Existe uma idéia errada que o tiro é violento, uma má informação da sociedade"
"Janice passou a ter informação e treinamento corretos com a chegada de Carlo Danna, Técnico italiano experiente e de renome internacional. Portanto esperamos para estes próximos anos um avanço em seus resultados pela melhoria de sua técnica e possibilidade de treinamento bem direcionado. Com o feminino talvez seja pior do que com o masculino no aspecto renovação" declara o diretor técnico de tiro ao prato da CBTE, Luciano Pereira Alves.
Porém, a partir de 2008, o tiro ganhou muito com a criação de provas on-line, o que diminuiu fronteiras, colocou mais atletas nas provas e que tem tudo para elevar o nível de competição no país. Os stands virtuais são locais que abrigam os competidores para que não precisem se apresentar a um local distante de sua cidade. Nesses pontos, há um árbitro da CBTE responsável por homologar os pontos. Apesar da boa aceitação, ainda existem muitas provas que só permitem atletas presentes no local sede.
"Interessante esse tipo de prova, pois tras economia para um país que não tem dinheiro para o esporte" comenta Luiz Carlos Graça, que tenta voltar a um nível melhor em 2009, depois de poucos resultados no ano que passou.
Daniela, além de elogiar as provas, acha que ela atrai muito mais atiradores para os campeonatos: "Foram provas sensacionais. Ninguém vive só do tiro no Brasil e nem sempre é possível estar presente em todas as competições. Facilitou a vida de todos. Tem aqueles que não queriam gastar para competir que agora voltam a disputar e gerou economias para os que estão em todas as etapas".
Com o sistema de apuração on-line, o que se tem é a possibilidade de se saber o que ocorre em todos os locais que estão participando de uma determinada prova. Este sistema é alimentado com os resultados e em uma tela projeta-se para conhecimento de todos, inclusive aos que acessarem o site da CBTE, bastando para isso uma conexão de banda larga. Exemplo, o Rio de Janeiro é a sede, recebe um número X de participantes e temos também outros três locais aos quais chamamos de virtuais, que também recebem participantes. Faz-se a inscrição de cada um em seu local de participação e conforme o desenrolar da prova, lança-se os resultados no sistema e todos têm a possibilidade de conhecimento quase que imediato, em tempo real.Por ser um esporte olímpico, a igualdade de condições é uma obrigatoriedade, isto faz com que a regulagem das máquinas seja igual para todos, principalmente na fossa olímpica em que o sorteio da planilha a ser utilizada na prova, seja feito pelo próprio sistema somente na sexta-feira 'a tarde, impossibilitando uma possível fraude, idéia esta que descartamos por completo, já que conhecemos todos os participantes.
Como na maioria dos esportes olímpicos do Brasil, os atletas não conseguem viver só do tiro. Daniela, aos 23 anos, está cursando a faculdade e parou um pouco de disputar as provas no fim do ano passado, saindo assim do ranking da CBTE, que tira os atletas que não participarem de quatro etapas da competição.
"Vou tentar seguir a carreira com o esporte, mas não dá para abrir mão de tudo. Entrei num impasse, mas se Deus quiser, vou conseguir conciliar as duas carreiras". disse a atleta que segue a faculdade de Administração de Empresas.
A expectativa para esse ciclo olímpico é grande, pois pela primeira vez o trabalho começou a ser feito quatro anos antes, visando os Jogos Olímpicos. O Campeonato das Américas de 2010 e os Jogos Pan-americanos de 2011 são as principais chances de o Brasil conquistar uma vaga. Para Pequim 2008, o Brasil levou dois atletas- Julio Almeida e Stenio Yamamoto- nas provas de bala, e ficou ausente das provas de prato.
"Uma vaga vai ser difícil, mas com um técnico de prato novo na seleção, vamos começar já visando 2012" disse Janice Teixeira, sonhando em disputar os Jogos Olímpicos. " Nunca tivemos um ciclo sem brigas e agora temos a chance" completa.
Apesar do otimismo, Luiz Carlos Graça, técnico em telecomunicações, responsável pela conquista da primeira e única medalha brasileira na modalidade fossa dublê - feito obtido no Pan de Winnipeg-99, acha que o Brasil melhorou mas o mundo evoluiu mais ainda. " Antes, uma marca de 118 era competitiva, te deixava muito bem, agora não mais" disse, referindo-se aos 125 pratos lançados na prova fossa olímpica.
"O Brasil não é um País com tradição nesta modalidade e iniciou um trabalho sério de treinamento com orientação técnica qualificada há muito pouco tempo para que se tenha resultado em um esporte em que este não vem no curto prazo, sendo também uma modalidade de custo mais elevado e não praticada dentro das academias militares, o que faz com que o número de participantes seja menor e a possibilidade de surgimento de talentos e renovação também menor" constata Luciano Pereira Alves.
Os planos para 2009 ainda não são muito claros quanto a competições internacionais, pois ainda não se sabe o que a Confederação vai cobrir de gastos. Na visão de Luciano, o principal objetivo em 2009 é a reeleição" Todos os objetivos para 2009 partem de um objetivo maior que é a possibilidade de reeleição para que se possa desenvolver um trabalho sério que ficou extremamente fragmentado neste mandato devido as inúmeras contendas judiciais que ocorreram. Então acreditamos que o melhor para se esperar por agora é a reeleição para que implementemos todo o programa previsto de busca de incentivo, patrocínio, divulgação na mídia, treinamento, busca de novos talentos, o foco no treinamento especial de atletas de alto rendimento, etc."
O tiro destribui 15 medalhas de ouro nas olimpíadas e precisa ter mais investimentos no Brasil. Como a maioria dos esportes, temos atletas muito capacitados, mas precisamos de investimentos públicos e privados para melhorias no esporte. Além disso, precisamos de mais divulgação, já que eu acho notícias apenas no próprio site da Confederação e mais recentemente no blog de Janice Teixeira, que pode ser visto ao lado esquerdo da tela, na área de 'melhores sites".
Nenhum comentário:
Postar um comentário