Depois de viajar quatro semanas, saindo do Rio de Janeiro, até a Belgica em um lamentável cargueiro de terceira classe, a equipe brasileira composta por três civis e quatro militares constatou que não poderia disputar a prova olímpica pois suas armas e munições tinham sido furtadas ou no próprio barco ou no porto da Antuérpia.
Um dos brasileiros, Alfrânio Costa, conhecia o chefe da delegação norte americana, o coronel George Sanders, que concedeu aos brasileiros 2000 balas e duas pistolas, afinal o que os pobres sul-americanos poderiam trazer aos tão tradicionais americanos? Ledo engano. O barbudo tenente brasileiro, Guilherme Paranaense, obteve 274 pontos na pistola de tiro rápido, apenas dois a frente do americano Raymond Bracken, ganhando o primeiro ouro do Brasil!A comitiva brasileira para os Jogos da Antuérpia, em que a Belgica teve apenas 20 meses para se reconstruir depois de ser um dos alvos alemães na I guerra mundial, saiu no dia primeiro de julho do porto carioca.
O navio tinha o nome de Cuervello e mesmo com as passagens de primeira classe, os brasileiros foram "chutados" para a terceira classe pelo comandante Reis Júnior. Os atletas brasileiros, que eram ao todo 21, esperavam o último cliente a sair do salão de alimentação, para abrir suas camas e dormirem, para de pé estarem antes do primeiro cliente chegar pela manhã.Durante o caminho para Europa, o comandante informou que a chegada na Antuérpia seria apenas dia 5 de agosto, e as provas de tiro ocorreriam a partir do dia 27 de julho.
A solução foi, chegar em Lisboa e pegar um trem com escala em Bruxelas. Chegaram sãs e salvos á Antuérpia, aptos a propiciar a primeira glória olímpica Tupiniquim.Guilherme fez 93 na primeira série, 92 na segunda e 89 na terceira, deixando para atrás Bracken, o mesmo homem que havia emprestado munição para o treino do brasileiro.O primeiro herói olímpico brasileiro morreu na obscuridade, em 1968, aos 80 anos!
Olá Guilherme. Se possível coloque o link do meu blog www.brasilanolimpiada.blogspot.com na sua lista.
ResponderExcluirÉ sempre bom e necessário contar essa e outras histórias de atletas brasileiros, para que pelo menos os seus feitos não fiquem no esquecimento, como foram em vida. É uma pena saber que o Guilherme Paraense morreu esquecido e que continua esquecido.
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