terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Esporte a Esporete- Hipismo Adestramento

O Hipismo Adestramento foi uma das modalidades que mais cresceu no último ciclo olímpico que se passou no Brasil. De " Patinho feio" do Hipismo brasileiro, que só tinha destaque no saltos e, em escala um pouco menor, no CCE, passou a ser a mais promissora, com jovens talentos nascendo, resultados aparecendo e uma expectativa enorme para o futuro.

Depois de em 2003 ter terminado os Jogos Pan-americanos na sexta posição, o time teve enormes dificuldades para se formar para o Pan do Rio em 2007 e mesmo assim conseguiu a medalha de bronze. A duas semanas do Pan, Pia Aragão teve de deixar a equipe por conta de uma doença de seu cavalo, sendo substituída por Clementino. Já na véspera dos Jogos, Jorge Rocha, o integrante mais velho da delegação brasileira no Rio de Janeiro (61 anos), sofreu uma intoxicação alimentar e também foi cortado, deixando a vaga para Luiza, de apenas 15 anos.

Depois de Rogério Clementino deixar o país na terceira colocação no primeiro dia de disputas, Renata Rabello e Luiza Tavares confirmaram a posição e, de quebra, conquistaram uma das três vagas que o Pan garantia para os Jogos Olímpicos de Pequim. " Quando a Pia ficou de fora, achava que quem entrasse iria dar conta. A gente estava respirando Pan-americano. O desempenho foi muito bom, conquistado na raça. Muita gente criticou, achou que não ia dar e nós conseguimos" disse Rogério Clementino a mim, por telefone, na última semana.

O Brasil conquistou a vaga para Pequim com o bronze no Pan, mas precisava confirmar com, no mínimo, três atletas fazendo o índice de 64% no Gran Prix. Foi uma mudança na modalidade no Brasil. Antes, os brasileiros conseguiam essa nota na categoria " São Jorge", em que a exigência dos juízes eram menores. Atualmente, os brasileiros já estão em nível superior a esse na exigência maior, que é a do Gran Prix.

Rogério Clementino foi o primeiro a garantir os dois índices de 64% em que a Federação Internacional exigia. Depois, foi a vez de Luiza Almeida e o terceiro a fazer duas vezes a marca foi Leandro da Silva. Renata Rabello ainda fez uma vez essa marca, mas não conseguiu fazer a segunda, fazendo com que não tivessemos reservas em Pequim. E isso fez falta...

A montaria Nilo, do cavaleiro Rogério Clementino, do adestramento, foi vetada na segunda contraprova de exames feita pelos juízes do hipismo. "O que aconteceu foi uma sobrecarga. Subimos o cavalo de nível muito rapidamente, levamos ele a um ponto em que não poderia. No dia da avaliação, deu um stress que influenciou negativamente" declarou Rogério a mim ao telefone semana passada.

No torneio individual de Pequim, já que o Brasil ficou fora da equipes, Luiza Tavares ficou com 60833 e fechou em 40º,três posições a frente de Leandro, que ficou com 60125%. "Foi muito difícil ver o Rogério fora. Foi mais de um ano treinando juntos para Pequim. Fiquei muito triste, muito triste mesmo, doeu muito. Tive a sensação de que tinha que fazer resultado por mim e por ele" declarou Leandro por telefone na semana passada.
Apesar de não ter disputado o torneio por equipes, só o fato de ter conseguido a classificação foi espetacular. O momento é totalmente favorável " O que a gente precisava era um arranque. Vai ficar melhor ainda, tem muita gente correndo atrás de índices importantes" conta Leandro, se referindo aos cavaleiros e amazonas do Brasil que estão cada vez melhores. Leandro tem a nota mais alta já dada a um cavaleiro brasileiro em provas de Freestyle: 69,000%, registrada na Polônia.

" Já temos mais planejamento, temos quatro cavalos de nível bom caso alguém se complique. O mais importante de tudo é o planejamento. O Brasil nunca teve uma equipe tão boa, melhorando ainda na criação dos cavalos, com os grandes investidores acreditando cada vez mais em nossa equipe" disse Rogério, que completou prevendo um futuro fértil " Em pouco tempo, o Brasil estará brigando por medalhas".

Para 2009, o principal objetivo é a Copa do Mundo de Archen, mas o que mais se pensa mesmo é no Pan de 2011, provavelmente classificatório para Londres 2012" Estamos pensando em 2010, no mundial, mas nunca perdendo o foco principal que é o Pan de 2011 e a olimpíada de 2012" garante Rogério.
Até o mês de maio, terão cinco competições de nível internacional no Brasil para que nossos cavaleiros consigam índices para o mundial de 2010. Mais uma vez, os atletas precisam superar duas vezes o resultado de 64%.

No final de janeiro de 2009, Luiza venceu o CDI3* - Concurso de Dressage Internacional, categoria 3 estrelas, do Winter Equestrian Festival, em Wellington.Foi a primeira vez que um atleta brasileiro vence um CDI 3 estrelas fora do Brasil. De quebra, conquistou na mesma ocasião o primeiro dos dois índices necessários para fazer parte da equipe que vai representar o Brasil nos Jogos Equestres Mundiais de 2010 em Kentucky (EUA).

Agradecimentos especiais a Ruthe Araujo, que me deu muito gentilmente o contato dos atletas e me enviou as fotos usadas. Créditos da foto: Ney Messi

2 comentários:

  1. O Rogério é um valente. De origem humilde, ele foi tratador do cavalo do filho de Hortencia (ela mesma, nossa rainha do basquete) com o ex-marido, Vitor Oliva. Foi o casal que deu a maior força pra Rogério subir definitivamente na cela e conquistar uma vida melhor. Valente, porém doce como pessoa, numa timidez quase mineresca. Olhar por esse talento foi outra 'cesta' da nossa rainha.
    Até Kentucky'2010, Rogério...
    Abrs.

    Everton Domingues
    www.beijingolimpica.blogspot.com
    www.vancouverolimpica.blogspot.com
    www.londresolmpica.blogspot.com

    PS.: Sou seguidor assumido agora, Guilherme... rsss... força ai!

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