sábado, 31 de janeiro de 2009

Entrevista com a Rainha Hortência

Tive a honra de, esta semana, entrevista a Rainha do basquete Hortência, por e-mail, graças a um contato que um dos leitores do blog me passou gentilmente.

Simpática, me respondeu com clareza no dia seguinte ao que eu mandei as 10 perguntas que a fiz, e ainda deixou claro que estava disposta a falar mais, terminando o e-mail, com um "qualquer coisa entre em contato, pode usar e abusar". Ou seja, em breve, teremos uma reportagem especial sobre o basquete feminino.


Guilherme Costa: Vi um programa de uma entrevista sua na ESPN Brasil há algum tempo, no centro olímpico, e você criticava a forma com que um garoto grande, com porte para o basquete, estava fazendo as bandeijas e nenhum técnico falava para ele que estava errado. Você acredita que a falta de qualidade dos professores e técnicos é uma das principais causas de nosso basquete estar estagnado?

Hortência Marcari: Acho que ajuda, mas não é o principal motivo. O basquete precisa de uma grande reformulação. A sua gestão está um pouco ultrapassada. Acho que o detalhe que você aprende faz uma grande diferença na hora do jogo. Basquete é um jogo de detalhes e de quem erra menos.

GC: O basquete feminino não vive uma fase boa no Brasil, com uma entresafra de jogadoras. Porém, se vê cidades como Americana, Catanduva e Ourinhos acompanharem os jogos do paulista e dos brasileiros lotando ginásio. Você acha que em breve poderemos ter algo tão grande no basquete feminino quanto aquela final do primeiro campeonato brasileiro, em que o Fluminense foi campeão com Maracanazinho lotado?
HM: Acho difícil que de uma hora pra outra você descubra grandes jogadora. Tem que ter planejamento e um projeto de escolinhas. Temos que ter muito incentivos da confederações para que se faça esse trabalho. Estou fazendo junto ao presidente da federação paranaense um grande projeto de escolinhas pelo Paraná todo, com o patrocínio da UNIMED.

GC: Quando falamos de basquete, uma mancha vem na cabeça de todos, com relação ao presidente da CBB, o Grego. Como esse dirigente, tão odiado por todos no basquete, consegue estar no poder desde 1997, superando intervenções, confusões com os maiores nomes da história do esporte, críticas da mídia etc...? E quanto a legislação vigente, em que o atleta não tem direito a voto para presidência, o que você acha?
HM: Acho que devemos mudar essa lei onde os presidentes de confederações podem se eternizar no comando. Se o presidente da república só pode se eleger por uma vez porque os presidentes de confederações é diferente. Estamos vendo nos jornais que estamos tendo mjuitos problemas em vários esporte sobre seus gestores.

GC: O Brasil perdeu o sul-americano sub-15 do ano passado para Argentina, não vem fazendo boas campanhas em campeonatos mundiais de base, ficamos em terceiro na Copa América sub 18. O que precisa ter feito na base, para garantir o futuro de nossa seleção?
HM: Foi o que eu disse se não fizermos um projeto para descobrir novos talentos, ficaremos para trás, pois a Argentina fez um projeto de médio a longo prazo e já está começando a colher os frutos e nós temos que acordar. Nunca perdemos para a Argentina antes, mas estamos dormindo no ponto.

GC: Na época em que você jogava, o basquete era a segunda opção de esporte entre os brasileiros. Atualmente, o volei já passou e continua crescendo, enquanto o basquete segue capengando. Você acha que a Nova Liga de Basquete vai iniciar esse salto que o basquete tanto precisa? Qual é a participação do basquete feminino nessa nova idéia?
HM: Acho muito boa a idéia da liga, mas não vai resolver o nosso problema. Tem que ser a soma de varias ações. E a gestão do vôlei mostrou-se muito eficiente por isso o sucesso.

GC: No meu blog, fiz uma matéria "Rio 2016, afavor ou contra"? ( http://brasilemlondres2012.blogspot.com/2008/11/especial-favor-ou-contra-do-rio-2016.html ), entrevistando mais de 10 pessoas, entre atletas, técnicos, dirigentes e jornalistas . Você acha que vale a pena o Brasil sediar uma olimpíada, ou ainda não é hora de se pensar nisso?
HM: Acho que temos que apoiar desde que se faça um projeto de apoio ao atleta brasileiro, ação que eu não estou vendo nos projetos. Temos que fazer novos talentos urgentes, senão faremos festas para os outros. Material humano nós temos de sobra, falta apoio e estrutura.

GC: Você acha que se voltarmos a unirmos o basquete com os times de futebol, como por exemplo Flamengo, Botafogo, Fluminense e Vasco, o esporte tende a crescer ou o objetivo é desvíncular o basquete ao esporte mais popular do mundo?
HM: Acho que não, porque o nosso problema é de gestão. O brasileiro gosta de basquete. O esporte é muito gostoso de jogar e assistir.

GC: Quando você jogava, as melhores jogadoras do Brasil estavam aqui. Você acredita que, o fato nossas principais jogadoras estarem no exterior atrapalha o basquete brasileiro?
HM: Vc vê que estamos falando de poucas jogadoras que jogam no exterior o que falta mesmo são novos nomes para a modalidade. A renovação não está acontecendo. Esse é o grande problema.

GC: A mídia brasileira, em geral, assim como o público, acompanha só futebol durante quatro anos e na olimpíada, para para pensar nos outros esportes por 15 dias, e mete a boca no trombone, criticando atletas, falando que são amarelões, reclamando do COB e do número de medalhas. Mas, depois de alguns dias da olimpíada, volta a se fechar para o futebol. Qual é seu comentário sobre a mídia brasileira quando o assunto é cobrir esportes olímpicos, mais especificamente o basquete?
HM: Acho que a imprensa fala de títulos, ídolos e que dá notícia. Nós temos que fazer isso. Estamos precisando de ídolos, de noticias novas. Vivemos no país do futebol mas temos espaço para os outros esporte Tb. Eu lembro quando existia aquela rivalidade entre mimj e a Paula. Tinhamos notícias do basquete todos os dias nas TVs, rádios e jornais.

Um comentário:

  1. A Hortencia é doce de pessoa. Hj famosa, rica e super amável, sem puxa-saquismo. Apesar de ter se transformado numa mulher mais refinada, continua autêntica e simples. Já fiz tb algumas matérias com ela e me lembro da primeira, qdo jogava ainda pela Votorantim de Sorocaba. Já era famosa, mas super atenciosa na medida do possível.
    Parabéns pela persistência, Guilherme. E siga um conselho do Churchill (q eu acredito muito): NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS!!!!!

    Abrs
    Everton Domingues
    www.beijingolimpica.blogspot.com

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