Guilherme Costa: Você faz parte da equipe brasileira há 10 anos e nas duas primeiras olimpíadas e Jogos Pan-americanos, você sempre esteve ao lado de Sandra Soldan e Carla Moreno. Agora, as duas não fazem mais parte da equipe, como você se sente?
Mariana Ohata:Eu tenho mais experiência, é uma responsabilidade maior de continuar o que a Sandra Soldan e Carla Moreno, junto comigo, começamos. É um importante passar para as mais novas o que eu já vivi, três Pans e três olimpíadas. Eu sinto uma responsabilidade e quero muito que o triatlo feminino brasileiro continue crescendo.
GC:Você falou em triatlo feminino se renovando. Infelizmente, depois de duas olimpíadas com a equipe completa, só você se classificou para a olimpíada. O que faltou para alguém entrar no lugar da Carla e da Sandra?
MO: Eu fiz uma programação para Pequim 2008 que começou em 2005. Cheguei de Atenas e já comecei a pensar em Pequim. Em 2006 eu já tinha um ranking muito bom que me colocava já muito próximo da classificação para olimpíada, o que não aconteceu com a Carla nem com a Sandra nem com qualquer outra atleta brasileira. Cada ano está mais difícil o triatlo feminino mundial, com a entrada de mais e mais atletas de ponta no ranking mundial. O Brasil tem atletas que estão começando a disputar o circuito mundial que podem brigar pela vaga em 2012. Mas o que tem que lembrar é que não é um trabalho de um ano e sim são quatro anos trabalhando para uma olimpíada.
GC: E quais são os planos para 2009 para a classificação para 2012?
MO: O ano pós-olimpíada do triatlo é um ano sem muitos eventos importantes então estou treinando para o Ironman do Brasil, que vai ser disputado em maio. Essas provas mais longas são a base do treinamento para o Pan de 2011 e a olimpíada de 2012.
GC: Muitas provas de longa distâncias aparecem na TV, como o Fast Triatlo ou o Ironman do Havaí, mas não são de distâncias olímpicas. Isso acaba tirando a mídia do triatlo olímpico ou agrega divulgação do triatlo?
MO: Acho que é importante divulgar o triatlo. Até porque a Sportv e a ESPN transmitem o triatlo olímpico, além das provas que você citou. Transmitindo essas provas, eles divulgam o triatlo e é o que precisamos atualmente. É um esporte novo na olimpíada e precisamos cada vez mais atrair pessoas e empresas que invistam no esporte por que o triatlo ainda tem muito o que crescer.
GC: Infelizmente, o Brasil não tem uma etapa de Copa do Mundo que pontue para o ranking mundial. Isso acaba atrapalhando a conquista de pontos para a classificação olímpica?
MO: A gente tinha uma prova no Rio de Janeiro até há alguns anos atrás. Mas, não sei mesmo o porquê que não temos mais. Era excelente competir em casa, com a torcida. O percurso do Pan, aliás, foi o mesmo que disputávamos na Copa do Mundo no Rio. Foi uma perda muito grande e está muito mais difícil e caro para ganhar pontos. Foi uma coisa chata porque todos os atletas, inclusive os estrangeiros, adoravam a prova daqui. Agora, para pontuar, temos que ficar viajando por dois, três meses em vários países, o que é muito mais caro.
GC: Você, depois de ter sofrido um acidente durante sua primeira olimpíada, em 2000, disse que estava tranquila pois teria mais duas ou três olimpíadas pela frente. Você realmente imaginava que iria permanecer tanto tempo na seleção olímpica brasileira?
MO: Com certeza. Sydney 2000 foi até de certa forma decepcionante. Foi uma boa experiência, era a primeira olimpíada do triatlo, tudo era novidade e eu tinha 20, 21 anos. Pelo fato de ter me acidentado, eu tive mais e mais vontade de continuar na equipe brasileira. Há dois anos, eu falei que iria me aposentar em 2008, depois de Pequim mas agora eu sei que posso estar em mais uma olimpíada.
GC: Você que esteve no Pan, torce para que o Brasil sedie os Jogos Olímpicos de 2016?
MO: Eu, como atleta, sou suspeita para falar, mas estou torcendo muito para que o Rio ganhe a chance de sediar a olimpíada. O Pan foi ótimo, superou todas as expectativas e estou fazendo fé pro Rio ganhar. Se ganhar, quero estar lá seja como atleta, dirigente ou qualquer coisa do gênero.
GC: Você esteve em três Jogos Pan-americanos e infelizmente nunca medalhou. A medalha no Pan é um sonho ou é uma competição apenas para ganhar pontos para o ranking classificatório para a olimpíada?
MO: Não é só um sonho, mas sim um objetivo. Quando cruzei a linha em sexto lugar no Pan do Rio, ano passado, já falei que queria buscar uma medalha em Guadalajara, no Pan de 2011. Eu fiquei na sexta posição nos três Pans que disputei e falei pro meu técnico que eu queria estar em Guadalajara para mudar essa história.
GC: Muitas confederações vêm tendo brigas entre presidentes e atletas. Como que é a relação dos atletas de triatlo com o presidente da CBtri?
MO: Vou falar por mim e não por todos. A relação é saudável, não tenho o que reclamar, nunca tive nenhum tipo de problema com o presidente. Sempre houve muito respeito dos dois lados e admiro o que ele vem fazendo hoje, como treinamentos de novos talentos.
Sempre admirei a Mariana, já faz tempo que ela luta pro triatlon ser um pouco mais reconhecido no Brasil e as participações dela em Pan sempre foram boas. No Rio, torci muito para ela e tenho certeza que ela esperava um pouco mais de sorte do que o sexto lugar, ela tinha condição, mas é ótima. Tomara que realmente esteja bem em Guadalajara.
ResponderExcluirAbs
Vamos torcer para que o triatlon do Brasil, não fique limitado apenas a Mariana, seria muito bom que outras triatletas surgissem.
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