quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Retrospectiva 2008- Canoagem, vela e remo

O ano de 2008 está acabando e blog preparou para os leitores uma super restrospectiva, resumindo o que melhor aconteceu em cada um dos esportes olímpicos nas disputas nacionais e internacionais de nossos atletas. Também trás um panorama geral mundial da modalidade, com os principais nomes estrangeiros, expectativa para 2009 e principais competições do próximo ano. Nela, colocamos a maior surpresa, a maior decepção e a principal expectativa para o ano que vem entre os brasileiros.

Hoje falaremos de três esportes que podem ser considerados naúticos, o remo, a canoagem e a vela. O remo brasileiro teve um ano abaixo do esperado e com possibilidade de abortar uma missão Londres 2012 para se preparar somente para os Jogos de 2016,com uma equipe muito jovem. A canoagem terminou um ano positivo para a canoa e o slalom, mas deixou um pouco a desejar no caiaque enquanto a vela voltou com duas medalhas de Pequim, além de outras duas boas posições, podendo ser considerado um ano positivo.

CANOAGEM
O ano da canoagem foi marcado pelas boas participações olímpicas de Poliana de Paula, no slalom, e Nivalter Santos na canoa. Porém, vimos o caique brasileiro decair, ficando de fora pela primeira vez em 20 anos de uma olimpíada e nem o título sul-americano conquistado em novembro na USP faz pensar que a temporada foi positiva.

A vaga de Niválter para a olimpíada só veio por critério técnico. Apenas o vencedor da prova do C1 500m se classificaria para Pequim, prova esta vencida pelo cubano Aldo Pruna. Como o Canadá venceu as provas do C2 1000m e C2 500m, e os canadenses apenas poderiam se classificar no C2 500m a vaga iria para o segundo lugar da prova do C2 1000m. Resultado: a vaga iria para o mexicano Everardo Cristobal, segundo colocado desta prova (C2 1000m), mas o México já havia se classificado no Campeonato Mundial ano passado em Duisburg, na Alemanha. Com isso a vaga do mexicano Everardo Cristobal foi para o segundo lugar do C1 500m, justamente a posição que Nivalter havia conquistado.

Na preparação para olimpíada, ele disputou uma etapa da Copa do Mundo na Alemanha que o deixou sonhando com uma final olímpica. Remando ao lado dos principais atletas do mundo, ele ficou na oitava posição da final A na sua prova preferida, que é o C-1 500M.
Nivalter havia chego às duas semifinais da catgoria canoa na Canoagem Velocidade (C1 1000m e C1 500m), mas não conseguiu bater os atletas europeus, conhecidos por serem os melhores do mundo na modalidade, e se despediu de Pequim em sua primeira participação em Jogos Olímpicos com duas semi finais.

No pré olímpico de caiaque, disputado juntamente com o de canoa, o Brasil ficou sem a vaga olímpica. O time do k-4, ouro no Pan do Rio, ficou em quinto, enquanto as meninas do k-4 ficaram em sexto. Edson ficou em quinto no k-1 500m e quarto nos 1000m. Cuattrín ainda competiu em Atlanta-1996, Sydney-2000 e Atenas-2004. O experiente canoísta Sebastian Cuattrin tentou a vaga no K2 1.000 m e não teve êxito.

No campeonato brasileiro, disputado em maio, Na contagem por pontos entre clubes de canoagem no Campeonato Brasileiro de Canoagem Velocidade 2008 a Associação de Esportes Náuticos sagrou-se campeã geral da competição somando 173 pontos, demonstrando que o trabalho realizado com a canoagem em Caxias do Sul-RS (local de treinamento da seleção brasileira feminina) é fruto de muito treinamento e apoio da Universidade de Caxias do Sul.

No fim do ano, a seleção venceu o sul-americano de velocidade. Brasil terminou a competição como melhor país da Canoagem Velocidade da América do Sul com um total de 27 medalhas de ouro, 23 de prata e duas de bronze. os canoístas da categoria canoa conquistaram dez medalhas de ouro e quatro de prata das 14 provas oficiais disputadas. Destaque para Nivalter Santos que ganhou cinco destas dez medalhas de ouro.
As meninas brasileiras também foram muito bem no torneio,enquanto os homens da canoa acabaram ficando atrás dos rivais hermanos.
As meninas, por sinal, tiveram um ótimo resultado no mundial universitário. A equipe feminina brasileira de Canoagem Velocidade que representou o Brasil pela primeira vez na história conquistou um quinto e um sétimo lugares.

No pan-americano, que foi disputado juntamente com o pré olímpico, o Brasil fechou com 15 medalhas. Na categoria Sênior o Brasil conquistou uma medalha de bronze no K4 1000m feminino, embarcação composta pelas atletas Ariela Pinto, Naiane Fragoso, Daniela Alvarez e Bruna Gama; e uma prata no C1 1000m e um bronze no C1 500m feminino com a canoísta Luciana Costa. No C2 500m o Brasil conquistou o ouro com Luciana Costa e Mallorie Nicholson, e Luciana Costa ainda garantiu uma prata no C1 200m. No caiaque feminino, o Brasil conseguiu uma medalha de prata na categoria Sênior no K4 200m, e ainda garantiu quatro pratas e um bronze na Junior, demonstrando que o trabalho de renovação da canoagem feminina feito pelo técnico Álvaro Koslowisky já aponta um futuro promissor para a modalidade.Na categoria Junior feminina o Brasil ficou em segundo lugar no K4 e K2 500m, K1 e K4 200m, além de um bronze no K2 200m.
No Sênior masculino o Brasil conquistou dois ouros nas provas de 200 metros. Edson Silva garantiu o lugar mais alto no pódio no K1 200, enquanto Nivalter Santos levou o ouro no C1 200m. O Brasil ainda conquistaria um bronze no C2 200m com Wladimir Moreno e Vilson Conceição. Já na categoria Junior o Brasil também conquistou uma prata com o K4 1000m feminino com as meninas Mayara Cardoso, Lacy Bianqui, Mariana Prudêncio e Regiane Sarongo.

No slalom, o ano foi proveitoso depois de termos sediado o mundial da modalidade ano passado, em Foz do Iguaçu.
Poliana de Paula ficou na 14ª posição no slalom feminino, com uma ótima atuação, conseguindo uma vaga nas semi finais, entre os 16 melhores atletas, dentre as 21 participantes.
A classificação de Poliana foi conturbada. A canoísta herdou a vaga da argeliana, que desistiu de disputar as Olimpíadas.
Com esta decisão a vaga iria conseqüentemente para o segundo colocado da Classificatória Africana, no caso o Kenia, mas como o Kenia também decidiu não ir à China, a vaga foi remanejada, segundo normas da Federação Internacional de Canoagem, para o atleta com o melhor índice do continente americano.Poliana, que conquistou o segundo lugar do K1 feminino na Classificatória Americana, realizada em abril, na cidade de Charlotte, nos Estados Unidos, ficou com a vaga da argeliana Sarah Sonia Dupire e conquistou, por índice técnico, o direito de ir à Pequim.
Nas semifinais a apreensão das canadenses ficou maior ainda, quando viram a atleta Poliana Aparecida de Paula ficar em segundo lugar, na frente de todas as canadenses, com o tempo de 114,05 segundos, perdendo apenas para a americana Heather Corrie. Bastava não errar na final que a vaga estaria garantida para o Brasil. Infelizmente antes de um refluxo batizado como “Chacal” pelos brasileiros, de nível 4 (em escala de 1 a 6 de dificuldade), o caiaque bate com a proa na parede da pista e ela cai de lado desviando da trajetória ideal o que fez perder preciosos segundos.Após o erro da Polina a torcida brasileira era que a Sarah Boudens também errasse. Com dois erros lamentáveis da arbitragem, onde imputaram faltas de 2 segundos ao invés de 50, a atleta canadense havia sido consagrada detentora da vaga. De imediato o Brasil recorreu da decisão oficial e o recurso foi acatado pela arbitragem após a análise de vídeo, onde ficou constatada a intenção da atleta canadense em abrir as balizas (portas) para passar. Nesse momento a vaga era do Brasil e o entusiasmo era grande na equipe. No entanto, o Canadá recorreu em função da atleta Jessica Groeneveld ter sido atrapalhada em sua descida. O recurso também foi aceito pelo árbitro chefe e devolveu ao Canadá a chance de tirar a vaga olímpica do Brasil.

No brasileiro da modalidade, O canoísta gaúcho Gustavo Selbach, 34 anos, conquistou neste seu 19°título de campeão brasileiro de Canoagem Slalom. Ana Vieira Vargas, de apenas 12 anos, conquistou seu primeiro título brasileiro e já desponta como um talento da modalidade para a nova geração de canoísta que surge no país.

Panorama mundial Foi por pouco, mas a Alemanha conseguiu manter a supremacia na canoagem olímpica após as disputas em Pequim-2008. Os germânicos garantiram um bom desempenho nas provas de velocidade, em que chegaram duas vezes ao lugar mais alto do pódio, igualando os húngaros, seus tradicionais rivais neste esporte.
A vitória que fez a diferença veio na categoria K1 Slalom masculina. A Eslováquia dominou as provas de slalom, vencendo três em quatro finais. A única categoria não vencida pelos eslovacos teve vitória alemã, o que garantiu um número superior de medalhas para o país no torneio olímpico.
Em Pequim-2008 houve espaço para a confirmação de novas forças no esporte, como Belarus e Espanha, que tiveram nestes Jogos Olímpicos suas primeiras medalhas de ouro na modalidade.
As mulheres tiveram atuação decisiva para manter a Alemanha como potência na canoagem, vencendo uma disputa difícil com as húngaras na categoria K4 500 m. A vitória apertada em cima das atuais recordistas mundiais da prova, por 74 centésimos, fez a diferença para igualar a Eslováquia na contagem de medalhas de ouro no torneio olímpico, terminando com três cada.

Maior surpresa brasileira Vaga de Poliana no slalom e sua participação em Pequim entre as 15 melhores
Maior decepção brasileira Caiaque fora de Pequim
Aposta para 2009 Disputa equilibrada no brasileiro de slalom, entre Poliana e Ana Vieira

Vale a pena dar uma olhada na reportagem especial sobre a canoagem

REMO
Em Pequim,o Brasil chegou com seis atletas depois do ótimo desempenho no pré olímpico pan-americano em 2007.Os representantes da seleção nacional tiveram como melhor desempenho um 14º lugar, ficando longe da briga por medalhas.
Anderson Nocetti, veterano da delegação, foi o responsável pelo 14ª lugar, no quadro geral do skiff simples. Primeira mulher a fazer parte da equipe brasileira de remo nos Jogos, Fabiana Beltrame também não conseguiu melhorar sua marca. Na prova feminina do skiff simples, a atleta disputou a final D e ficou com a 19ª posição no quadro geral. Um resultado inferior ao 14º lugar alcançado em Atenas.
Em Pequim, Fabiana abriu caminho para mais duas representantes. Camila Carvalho e Luciana Granato já haviam participaram juntas do Pan-2007, onde não foram bem e ficaram em último lugar. Estreantes nas Olimpíadas, as duas ficaram com a 15ª colocação no skiff duplo.
Thiago Gomes chegou para sua segunda Olimpíada com um novo parceiro, Thiago Almeida, e ficou com o 17º lugar no skiff duplo masculino. Assim, subiu duas posições diante do resultado que havia conseguido em Atenas, quando competiu ao lado de José Carlos Sobral Júnior.

Na base, resultado regular no mundial junior. Remador do clube São Salvador/BA, Fábio José Moreira, ficou em 13º lugar no Campeonato Mundial Júnior, disputado em Linz/Áustria. O skiffista do Brasil fez o tempo de 7min16s35 e venceu a Final C. Foi o melhor resultado da delegação.

Uma confusão marcouo fim do ano no remo. Macarrão foi 14º colocado em Pequim e criticou programa de treino em altitude para se preparar para os Jogos chineses, a seleção brasileira realizou 20 dias de treinamento no Pico das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro. O objetivo do trabalho era induzir os atletas a uma espécie de "doping natural" por conta da altitude do local de treinamento - mais de dois mil metros acima do nível do mar. Para Macarrão, porém, o esquema foi um fiasco."Esse programa não surtiu efeito nenhum. Talvez se tivesse sido feito com alguma antecedência, não sei... Mas perdíamos mais tempo com a locomoção entre o local em que estávamos hospedados e a raia do que com os treinos em si. O que houve foi uma grande quebra em nosso programa de trabalho. Sem dúvida isso prejudicou os brasileiros", afirmou.Macarrão também disparou contra o treinador da seleção brasileira, Rodnei Jr, filho do atual presidente da Confederação Brasileira de Remo. "Foi culpa dele [Rodnei Jr]. Ele que bolou essa programação. Agora, a culpa também foi minha, que aceitei participar daquilo tudo", completou o remador.

Fabiana Beltrame, que disputou os Jogos na mesma categoria de Macarrão e acabou em 19º lugar, reforçou as críticas: "A gente só treinou para a Olimpíada esse ano. E não foi um grande trabalho. Meu sonho era disputar uma final A. Mas, com o trabalho que desenvolvemos hoje, isso nunca passará de um sonho".Procurado pela reportagem do UOL Esporte, Rodnei Jr. rebateu as críticas dos atletas e disse que eles fazem parte de um grupo político interessado em assumir o comando da CBR."Eles estão envolvidos neste movimento de oposição que vai disputar as próximas eleições. É engraçado eles falarem isso agora que as Olimpíadas acabaram. Ignoram que também têm deficiências técnicas. O Macarrão, por exemplo, só está remando até hoje na seleção por causa de dinheiro", disparou Rodnei Jr.


No fim do ano, uma tragédia. A remadora Priscila da Silva Souza, 26 anos, foi encontrada morta A atleta do Flamengo estava desaparecida apresenta sinais de violência sexual. A causa da morte ainda não foi divulgada pelo IML (Instituto Médico Legal).Moradora da comunidade Parque da Cidade, Priscila voltava para casa após um circuito de treinamento na estrada das Paineiras e desapareceu A suspeita de violência sexual ainda não foi confirmada.Segundo o técnico Marcos Amorim, a remadora tinha grande potencial e estava sendo preparada para estrear na primeira regata do Estadual de Remo 2009, no barco Four Skiff Feminino-Estreante.

Panorama mundial Nos pódios da competição surgiram algumas surpresas. No oito com feminino, competição vencida pela Romênia nas últimas três Olimpíadas, as norte-americanas, campeãs mundiais, desbancaram as favoritas e ficaram com o ouro. A Holanda ainda passou à frente das romenas para ficar com a prata.
No skiff quádruplo feminino, uma grande "zebra". As chinesas cruzaram a linha de chegada em primeiro, à frente das tricampeãs mundiais do Reino Unido.
No masculino, as competições estavam mais equilibradas. O oito com teve Canadá no alto do pódio, seguido por Reino Unido e Estados Unidos. O skiff duplo leve ficou para os britânicos, com prata para a Grécia e a Dinamarca com o bronze. Os dinamarqueses ficaram com ouro no quatro sem leve e a Polônia foi a primeira no skiff quádruplo.

Principal surpresa brasileira Bom resultado das meninas do skiff simples feminino
Principal decepção brasileira - Fabiana Beltrame em 19 em Pequim
Aposta para 2009 A volta de uma rivalidade entre os principais clubes do Brasil.

VELA OLÍMPICA
Embora não tenha superado os dois ouros conquistados em Atenas-2004, a vela brasileira encerrou a participação em Pequim com feitos históricos. A primeira medalha olímpica conquistada por mulheres veio com o bronze de Fernanda Oliveira e Isabel Swan. Já a prata na classe Star consagrou o ídolo Robert Scheidt, que se tornou o primeiro brasileiro com quatro pódios em quatro edições dos Jogos consecutivas.

Bimba foi um dos brasileiros que demorou a se adaptar ao vento fraco e inconstante da raia de Qingdao. Mas ele se recuperou e chegou a estar em quarto lugar. Porém, na última prova antes da regata da medalha, ele ficou em 33º lugar e jogou fora as chances de pódio. Terminou com um quinto lugar. André Fonseca e Rodrigo Duarte venceram uma das provas e foram à decisão com poucas chances de pódio. O sétimo lugar na classificação final foi honroso para dois velejadores que bancaram a maior parte da campanha olímpica.

Nos pré olímpicos mundiais, os brasileiros deixaram de se classificar na classe tornado, algo que não acontecia há anos, o que fez com que a delegação brasileira caísse em número de atletas,

Panorama mundial Ao encerramento das atividades no Centro de Vela de Qingdao, o Reino Unido consolidou a supremacia no esporte e terminou disparado na liderança do quadro de medalhas da modalidade. Um dos quatro ouros conquistados pelos britânicos veio numa virada heróica de Iain Percy e Andrew Simpson contra os suecos Fredrik Loof e Anders Ekstrom na regata da medalha em que Scheidt e Prada terminaram em terceiro e garantiram a prata.
Os australianos vieram logo em seguida no quadro de medalhas, com duas medalhas de ouro e uma de prata. Uma das conquistas da Austrália foi celebrada no mesmo pódio em que Fernanda Oliveira e Isabel Swan comemoraram o bronze inédito na classe 470, com o ouro conquistado por Elise Rechichi e Tessa Parkinson.
Outro destaque foi o primeiro ouro olímpico conquistado pela China na vela, com a vitória de Jian Yin na classe RS:X. Já a Lituânia chegou ao seu primeiro pódio no esporte graças a Gintare Volungeviciute, a namorada de Robert Scheidt, que levou a prata na Laser Radial.
Quem também fez história foi o britânico Ben Ainslie, campeão na classe Finn, que chegou à sua terceira medalha de ouro consecutiva. Ele chegou a ser comparado a Michael Phelps e Usain Bolt pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge.

Principal Surpresa brasileira bronze das meninas da olimpíada
Principal decepção brasileira O campeão mundial Bimba, que ficou em quinto em Pequim
Aposta para 2009 Consolidação da vela feminina

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