terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Esporte à esporte- Canoagem

Na última matéria especial sobre uma modalidade em 2008, vamos falar da canoagem velocidade, que engloba provas de canoa e caiaque, sendo que as mulheres só disputam o caiaque. O Brasil vem em franca evolução nas provas femininas e na canoa, mas nas provas de caiaque, o país que sempre teve mais tradição está vivendo uma renovação, devido a aposentadoria do quatro vezes olímpico e 9 vezes medalhista pan-americano Sebastian Cuattrin, com que eu conversei no último dia 30 durante o sul-americano disputado em São Paulo.

No sul-americano, o Brasil terminou a competição como melhor país da Canoagem Velocidade da América do Sul com um total de 27 medalhas de ouro, 23 de prata e duas de bronze. Em segundo lugar ficou a Argentina, que até o último dia vinha liderando a competição, e terminou com 20 medalhas de ouro, nove de prata e 15 de bronze.

No último Campeonato Sul-americano de Canoagem Velocidade, realizado em novembro de 2006, em Mar Del Plata, na Argentina sagrou-se campeão geral no evento com a conquista de 17 medalhas de ouro. Na ocasião o Brasil ficou na segunda colocação geral com cinco medalhas de ouro. Vale lembrar que apenas 14 provas são olímpicas, mas em eventos como estes, são disputadas competições em 200m, canoa feminina e algumas provas de velocidade que não fazem parte do programa olímpico.

Nas provas de canoa a evolução brasileira se mostrou muito grande, principalmente com nosso atleta olímpico Nivalter, que conquistou em 2007 a primeira medalha da história da modalidade em Jogos Pan-americanos, e que no sul-americano do mês passado levou cinco ouros para a casa.

Em 2005, no sul-americano da modalidade realizado na Colômbia o Brasil conquistou apenas uma medalha (ouro no C1 1000m com Nivalter Santos) das 14 provas oficiais da categoria que participou. Hoje, no Sul-americano de Canoagem Velocidade, realizado no Brasil, os canoístas da categoria conquistaram dez medalhas de ouro e quatro de prata das 14 provas oficiais disputadas. Destaque para Nivalter Santos que ganhou cinco destas dez medalhas de ouro.
“A evolução da canoa brasileira é nítida e mostra os resultados do nosso trabalho nesses últimos anos”, comemorou Pedro Sena, técnico da seleção brasileira de canoa.

No pan do Rio, os paulistas Wladimir Moreno e Niválter Santos e o baiano Vilson Nascimento são oriundos de projetos sociais de iniciação no esporte. Wladimir e Vilson conquistaram duas medalhas, uma prata no C2 1000 metros e um bronze no C2 500. Niválter, então com 19 anos, foi bronze no C1 500 metros. Para quem nunca tinha subido ao pódio, três medalhas foi excelente.

Vale lembrar que Niválter disputou esse ano etapas da copa do mundo, se preparando para as olimpíadas, e ficou bem perto de finais nas provas de 500m e 1000m. Nos Jogos Olímpicos, faltou um pouco mais de resistência até mesmo nas provas de 500m, em que ele demonstrou muita força, ótima largada, mas não acompanhou o ritmo dos atletas até o fim, mas apesar disso fez um belo pepel em Pequim.

A canoagem feminina ainda engatinha no país, mas ao menos temos uma equipe, coisa que não tínhamos até 2003, como conta o técnico Alvaro , que comanda o time no Rio Grande do Sul: " A canoagem feminina está melhorando no Brasil até porque antes não existia, ela passou a existir e hoje, como você vê, elá está ganhando titulos importantes
A equipe tem um patrocínio da universidade Caxias do Sul, da prefeitura de Caxias e da lei do incentivo ao esporte, além de três empresas, Random, Marcopolo e banco Cruzeiro do Sul. As meninas ficam concentradas lá, com plano de saúde, estudo e tudo que precisam, treinando em dois turnos, manhã e tarde, e estudando a noite, num trabalho a longo prazo.

No sul-americano deste ano, nossas meninas conseguiram mais ouros que as argentinas, que tem muita tradição na modalidade. Nas provas de kaique feminino, o Brasil venceu as três provas de 200m no sênior, enquanto que nos 500m, as meninas adultas levaram um ouro e duas pratas, perdendo duas provas para o Chile. Nos 1000m, vencemos as três provas. Nas categorias junior e cadetes, vencemos apenas uma prova nos 1000m, mas nos recuperamos e levamos duas provas e, posteriormente, vencemos todas nos 200m.

Neste caminho, o Pan de 2007 passou e, apesar da experiência adquirida, poderia ser esquecido quanto aos resultados. O barco que tinha chances reais de pódio, formado por Nayane Pereira e Ariela Pinto virou antes da largada, impedindo a dupla de entrar na disputa. Porém, isso foi superado, os resultados continam a aparecer e, quem sabe, não virão medalhas em 2011 e vagas olímpicas em 2012?

As provas de caiaque masculina vivem um momento diferente no Brasil, passando por uma renovação e que os resultados em termos internacionais ainda não apareceram. Nos Jogos Pan-americanos do ano passado, o Brasil conquistou uma medalha de ouro, no k-4, mas levou ao todo "apenas' três, duas a menos que nas duas últimas edições do evento.

Depois, no pré olímpico deste ano, a equipe brasileira não conseguiu classificar nenhum atleta, ao contrário de 2000 e 2004 que três e dois atletas, respectivamente, se classificaram. Nem mesmo nosso Sebastian Cuattrin conseguiu vaga para sua quinta olimpíada, o que praticamente o aposentou, como me contou: "Ainda não sei se continuo na canoagem olímpica, gosto muito de remar, mas na velocidade acho que não vou mais competir"

Porém, Sebastian acredita que para praticar canoagem está bem mais fácil do que quando iniciou"Mudou bastante, hoje temos condições bem melhores, existem empresas grandes patrocinando as equipes brasileiras e isso é muito bom, ajuda bastante pois os atletas agora estão com uma cabeça, um psicológico muito melhor para competir e treinar.

No sul-americano do mês passado, o Brasil teria levado menos medalhas de ouro que os argentinos se não fosse o último dia, em que levamos todos os ouros das provas com distância de 200m, que não é olímpica.
Porém, há talentos surgindo. João Carlos Rodrigues Jr, vencedor do K1 500 e 1000 metros no Sul-americano de Velocidade, é um dos atletas que mais se destacaram na categoria Júnior e é visto como uma promessa da canoagem.

“No começo deste ano eu estava pensando em parar de remar, pois trabalhava nos fins de semana das cinco da tarde às seis da manhã e perdia muitos treinos com isso. Mas quando ganhei o título de campeão brasileiro júnior, em março, em Curitiba, vi que a canoagem era meu futuro”, relembrou João Carlos.

O trabalho para 2012 está sendo feito e,no próximo janeiro, segundo Cuattrin, a equipe masculina vai se reunir em Santos para se reorganizar visando o Pan de 2011 e os Jogos Olímpicos de 2012.
Vamos esperar.

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