terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Esporte à esporte- Ginástica de trampolim

" Fico feliz de responder essas perguntas e de ser procurada porque poucos conhecem o meu esporte e essa é a primeira vez que isso acontece". Foi assim que a campeã brasileira de trampolim acrobático, Joana Perez, iniciou sua atenciosa resposta ao meu e-mail quando a procurei para ilustrar a reportagem especial sobre a ginástica de trampolim, mais conhecida como trampolim acrobático. Isso demonstra que a modalidade ainda é muito pouco divulgada no Brasil e nem mesmo a mídia esportiva dá a mínima atenção ao esporte, que dá duas medalhas olímpicas, uma de cada sexo, e que o país esteve muito perto de conquistar uma vaga para Pequim.

No mundial de 2007, o brasileiro Ramirez Pala ficou na 27ª posição no mundial, ficando desta forma como o primeiro reserva para os Jogos Olímpicos. "Foi uma das melhores coisas que o Brasil conquistou ate hoje, estamos trabalhando para chegar no lugar mais alto ou melhor estar entre os melhores do mundo" diz o brasileiro sobre o assunto.

O técnico do Minas Tênis Clube e da seleção brasileira Klayler Mourthe, que entrou no esporte em 1999, acredita que o trampolim melhorou bastante na última década no Brasil" temos atletas com classificação internacional muito superior em relação aos períodos anteriores" porém, conta que a procura está menor "O número de praticantes parece ter diminuido uma das possíveis causas é o custo para a prática, existem muitas entidades com poucos recursos finaceiros destinados ao esporte." Joana Perez, também fala sobre o assunto: "Infelizmente a questao de dinheiro desestimula muitos a entrar na ginastica de trampolim, pois a maioria das famílias nao pode arcar com mais despesas e os atletas acabam treinando em vao, sem poder participar de eventos internacionais"

Kayler tenta encontrar o problema da falta de divulgação: "Falta um trabalho especializado de marketing no esporte brasileiro, falta planejamento nacional para desenvolvimento esportivo, além do mais é caro praticar esporte no Brasil, aparelhos, taxas, viagens e etc".

Joana Perez, campeã brasileira de 2008, critica a mídia e monta uma interessante linha de pensamento " Trampolim é um esporte muito bonito, mas infelizmente a mídia só divulga quando tem resultado internacional, quando é de seu interesse divulgar.Assim como o esporte só consegue investimento no brasil quando tem resultado, a midia também precisa de resultado. O que é errado né? Deveriam investir na base, assim mais atletas se formariam e teriam chance de obter grandes resultados, mas da forma com que é acontece só grandes talentos conseguem sobreviver nessa trajetoria. Um exemplo é a ginastica artistica, só começou a aparecer na mídia após os titulos da Daniele Hipolito da copa do mundo e principalmente depois do ouro da Daiane dos Santos no mundial.

O amadorismo segue no esporte, como conta a campeã brasileira. "Um dos meus objetivos é conseguir patrocínio, o que no brasil é muito difícil. Nós para competir em brasileiros, mundial por idades, copas do mundo não recebemos ajuda de custo dos clubes nem da confederaçao, na maioria das vezes. Temos ainda que arcar com as despesas dos técnicos, uniformes, arbitragem, taxa de inscricão de competicção, treinamentos, renovar a aparelhagem usada nos treinos, como molas, colchões. vejo nos jornais a quantidade de dinheiro repassada pela lei piva as confederações e esse dinheiro nao chega nos atletas".

Quem domina o cenário nacional no esporte é o Minas Tênis Clube, que tem os principais atletas do Brasil e a melhor infra estrutura. Porém, ainda deixa muito a desejar. Os aparelhos não são nem próximos dos melhores do mundo e acabam tendo muitos problemas com a manutenção, como conta o atleta Carlos Ramirez, que é do Minas Tênis, mas não treina lá."É um dos dois melhores clube da America latina e pelo que eu sei é o segundo clube mais rico. Em termos de estrutura para treinamentos em geral é muito bom, bem estruturado e organizado. Agora para a modalidade de Ginástica tanto artística como de Trampolim ainda deixa a desejar muito. Nós atletas temos que fazer milagre para conseguir treinar e competir bem, os aparelhos não são de primeira linha e sempre quebram, pois eu sou atleta do minas e tenho que treinar no Rio e em outro lugar já que no Minas não tem o trampolim de padrão internacional. O que temos no Minas não me agüenta quando salto, quando não bato no teto e a mola arrebenta"

"Quanto aos aparelhos, treinamos em equipamentos nacionais e eles têm deficiências muito grandes para os utilizados nos campeonatos internacionais. O Minas Tênis Clube tem trabalhado com o intuito de viabilizar os equipamentos, mas tem sido difícil devido ao alto custo de importação" opina Klayler, técnico do clube.

Nos Jogos Pan-americanos do ano passado, no Rio, o trampolim esteve na mídia, já que o Brasil estava inteiro voltado para o evento. O trampolim não decepcionou, levou bronze com Giovanna Matheus(que atualmente está machucada) no feminino e quase levou medalha com Ramirez Pala, que vinah fazendo uma apresentação que lhe levaria ao pódio com certeza,mas acabou errando no fim e ficando fora do pódio. Mesmo com o Pan e o pódio, pouco mudou no trampolim, segundo o técnico Klayler Mourthe. " Algumas vezes, os comentaristas especializados (Integrantes da ginástica, contratados para comentar os Jogos Olímpicos e outros eventos da ginástica) comentaram sobre o trampolim na televisão, fora isso não notei nada de diferente"

Mas, estamos com muitos atletas de qualidade que daqui a alguns anos, tudo indica que estarão representando muito bem o Brasil em campeonatos internacionais, para o mundial pré-olímpico de 2011 formaremos uma equipe feminina exelente" Além de mim tem muitas meninas boas, como a daienne lima, Vanessa Santos, Giovanna Bastos e a Taissa Paraiso." conta Joana.

A última competição da temporada foi o campeonato pan-americano da modalidade, disputado na semana passada, na Argentina. Nenhum site, ao menos que eu saiba, divulgou os resultados ainda, o que é uma pena e uma prova da falta de organização na modalidade.

Para 2009, nada ainda está definido na vida de Ramirez, principal nome da modalidade no Brasil. Como ele depende da Confederação e de seu clube, ainda não sabe de que torneios irá participar. Mas, faz um pedido "Gostaria que eles investisse no trampolim nos seguintes aspectos, que nós atletas de trampolim participássemos mais das etapas da copa do mundo. Precisamos estar mais presente nos campeonatos para sermos conhecidos e assim obter uma nota justa perante os outros atletas. Isso eu falo porque se eu estivesse presente nos campeonatos eu hoje poderia ser um atleta olímpico, e difícil um atleta que vai só de vez enquanto aos campeonatos e receber uma boa nota".

Vale lembrar que na olimpíada, temos apenas a disputa individual masculina e feminina, mas nos campeonatos só de trampolim, existem outras categorias. O Minas foi vice campeão mundial infantil de Duplo minitramp com a atleta Ingrid Silva Alves em 2003, terceiro e quarto lugar infanto juvenil também de DMT com as atletas Renata Pinto França Teles e Bárbara Martins Silva, respectivamente, campeão mundial adulto 2005 DMT com a atleta Samantha Zeferino de Oliveira, finalista no campeonato mundial Elite 2007 de DMT, também com a Samantha.

"O que mais motiva-me a saltar ainda hoje é adrenalina,friozinho na barriga e, é claro, o amor pelo esporte, eu não diria desmotivado pelos obstaculos e as derotas e sim pela falta de competição que nos atletas vem sofrendo" diz Ramirez, contado o porquê de continuar no esporte.

"O principal problema para mim é justificar a falta de algumas provas quando estou em periodo de competicao e preciso fazer segunda chamada.Muitos professores nao entendem, falam que so podem realizar a segunda chamada com a apresentacao de atestado medico. Quando nao estou treinando estou estudando" diz Joana, sobre rua rotina de treinos e cursos.

Pelo que percebemos, vontade e talento não faltam à nosso atletas. O que falta é um investimento maior e uma divulgação por parte da mídia.

3 comentários:

  1. Oi Guilherme ;

    O nome correto da modalidade é Ginástica de Trampolim.

    http://cbginastica.com.br/web/index.php?option=com_content&task=view&id=40&Itemid=55


    BR

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  2. Será que um dia nós teremos uma política séria de incetivo aos esportes olímpicos por parte dos governos? Esse e o país que deseja sediar os Jogos Olímpicos de 2016?

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  3. Fica claro que somos um país em construção e chega a ser bizarro a incoerência que vivemos. Queremos sediar as Olimpíadas, mas o governo é incapaz de reconhecer e capacitar atletas tão importantes como os de outras modalidades. Fazendo assim com que eles nem tenham a chance de brigarem por algum título, em seu próprio país. É verdadeiramente, lamentável.

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