quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Livros Olímpicos- Brasileiros Olímpicos

O livro brasileiros Olímpicos foi lançado no ano de 2000, às vésperas dos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 e contou a história de 189 personagens da história olímpica brasileira.
Lédio Carmona, Jorge Luiz Rodrigues e Tiago Petrik não se importaram muito com as histórias clássicas do esporte nacional e deram ênfase a fatos curiosos e bem humorados ocorridos com jornalistas, atletas, dirigentes, parentes e até "Ilustres desconhecidos" como é escrito na quarta capa da obra.

São histórias relatadas em poucos lugares e que contém depoimento dos envolvidos. O livro trás fatos ocorridos em todas as olimpíadas com participação brasileira, da longícua Antuérpia em 1920 até Atlanta 1996.

Um livro bastante interessante que, apesar de sua desatualização(nunca foi reescrito), não pode faltar na biblioteca dos apaixonados por esportes. As histórias contadas são praticamente inéditas, já que poucos livros contam essas curiosidades, e só dão ênfase para os resultados do torneio.

Além disso, ao término do livro, os autores escreveram uma espécie de apêndice, com um almanaque da história da participação brasileira, além de números de todas as edições olímpicas até Atlanta 1996. Ainda no apêndice, a história completa do Comitê Olímpico Brasileiro, com as curiosidades desde seu embrião, a antiga Confederação Brasileira de Desportos, até o que aconteceu com a entidade durante os Jogos de 1972.

No livro, como bem escreveu Cesas Seabra no prefácio da obra, a façanha não era subir ao pódio e sim chegar ao país sede e participar das provas, seja com pés nus, sem equipamento, com fome, frio, sede, solitário, depois de meses de viagem em navios...

Os autores do livro Lédio Carmona e Jorge Luiz Rodrigues foram procurados por e-mail para relatar como escreveram o livro, quando surgiu a idéia mas não retornaram. Uma pena.

Trecho página 27: Jamais Barão de Coubertin declarou que o importante é competir. A frase foi atribuída a ele mas sabe-se que foi um bispo inglês o seu autor. Foi dita na abertura dos Jogos de Londres, 1908. Talvez Coubertin tenha popularizado, e daí seu indevido mérito. Mas nunca foi tão bem interpretada como em 1932, pelos atletas brasileiros. Dos 60 que competiram, nada menos que 43 souberam o que é chegar em último lugar. Outros seis foram penúltimo e dois antipenúltimo. Uma atuação completamente apagada se não fosse a participação especial de Adalberto Cardoso, corredor dos 10000m e marinheiro- ele fazia parte da tripulação do Itaquicê, o navio que levou os brasileiros até os Estados Unidos.
Ao chegar em Los Angeles, Adalberto não pôde desembarcar por não ter terminado de vencer sua cota de café- ele custeava a viagem e era uma obrigação dos atletas vendê-lo no caminho até os Jogos. O Itaquicê seguiu até San Francisco, onde terminaria de vendero carregamento, o Adalberto foi junto, cada vez mais longe da glória olímpica.
A bordo, ele já havia sido motivo de chacota uma vez.Apesar de fuzileiro naval, jamais havia cruzado e muito menos visto a linha do Equador. E surpreendeu-se ao ser apresentado a ela, por meio de uma luneta, na viagem aos EUA. Na verdade, era um fio de cabelo preso à lente para pregar uma peça no marujo. Logo em seguida, um ritmado salto coletivo- Como se fosse um tranco do navio- dava mais veracidade à gozação e Adalberto, ingênuo, acreditou.
Mas agora, ele não acreditava que ficaria de fora da competição. E resolveu abandonar o barco, literalmente. Percorreu em 24 horas, apé e pegando caronas, os seiscentos quilômetros que separam San Francisco de Los Angeles. Conseguiu chegar ao Estádio Olímpico dez minutos antes do início de sua prova. Assustado, só teve tempo de colocar o uniforme, mas correu descalço.
Enquanto corria, esbaforido, exausto da longa viagem, sua história ia sendo divulgada. Completou os 10 mil metros em último lugar, depois de cair e se levantar três vezes. Nas últimas voltas, corria sozinho, empurrado pelos aplausos do público em geral, que a essa altura já sabia de todo o infortúnio pelo qual ele havia passado. Os jornais americanos não economizaram espaço para contar sua saga.
No dia seguinte, Adalberto Cardoso era chamado de Iron Man, o Homem de ferro. Seu esforço fora recompensado.

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