Esporte à esporte- Ciclismo Montain Bike

O ciclismo Montain Bike no Brasil vem crescendo não só em questões de resultados, como também em termos de investimento, divulgação na mídia e número de provas importantes disputadas por fim de semana no país, principalmente na região sudeste, nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
"Todo fim de semana eu tenho uma competição para acompanhar" Relatou, feliz o atual técnico da seleção brasileira de Montain Bike Edu Ramires. " O problema é que não temos condições de juntar uma equipe permanente, já que cada um está num canto treinando com um técnico" Completou.

O Montain Bike brasileiro vem de bons resultados rescentemente. No Pan de 2003, Edivandro Cruz ficou com a medalha de prata e na olimpíada seguinte, ganhando a vaga faltando poucos dias para a competição, terminou em 33º. No ciclo olímpico, Rubens Donizetti assumiu a condição de melhor atleta do Brasil, foi prata no Pan do Rio de Janeiro e ficou na 25ª posição no mundial deste ano, meses antes da olimpíada. Destaque também para Ricardo Pscheidt, que fez um grande Pan-americano no Rio e quase fez uma dobradinha no pódio.

No feminino, a situação é um pouco mais complicada. Jaqueline Mourão, que disputou as duas últimas olimpíadas, correu o circuito mundial por alguns anos, chegou a ser a nona colocada no ranking em 2001 e ficou em quarto no Pan do ano passado, se despediu das pistas de MTB para dar mais ênfase em sua participação em olimpíada de inverno, que já disputou em 2006 no esqui cross- country. Sua substituta? Nem ela sabe: "Nenhuma idéia, isso somente o tempo vai mostrar. As outras atletas da elite feminino estão com um nível de performance parecido, a competititividade está grande e analisando os resultados deste ano, elas revezaram colocações em provas nacionais, então não tenho ainda uma pessoa em mente"

Nas olimpíadas, Jaqueline Mourão representou o Brasil na prova feminina e, mesmo com um pneu furado, ficou na 19ª posição, uma posição atrás da obtida em Atenas. Jaqueline fez sua última prova de Montain Bike em Pequim, e saiu de lá com sensação de dever cumprido:
"Saio com vitória no circuito mundial e consegui ser top 10 do ranking. O mountain bike foi a minha vida. Graças a ele aprendi três línguas (ela também fala inglês, francês e espanhol), viajei, conheci diferentes culturas e aprendi a respeitar adversários. Valeu a pena"
No masculino, correndo contra 50 competidores e largando nas últimas posições devido ao ranking, Rubens Donizetti, o Rubinho, conseguiu a 21ª posição, depois de ter passado a primeira volta do circuito entre os 20 primeiros, passando mais de 20 atletas em menos de 20 minutos.

"A gente teria que disputar mais etapas do circuito mundial para conseguir uma largada melhor. Na olimpíada, a diferença nem é tanta na posição da largada, já que são 50 atletas. Mas em um mundial, com mais de 100 atletas a largada determina tudo" Disse Rubinho, em entrevista a mim mês passado " As provas lá fora são importantes, visto que antes do Pan disputei três etapas lá fora e me ajudou bastante na preparação" Completou.

O que é unanimidade entre atletas e técnicos são as melhorias nas condições do esporte em geral, com mais provas e mais facilidade para se iniciar no esporte " Graças à Lei Piva, a Confederação conseguiu participar mais ativamente no desenvolvimento do esporte, enviando atletas para provas internacionais como os Campeonatos Pan-americanos e os Campeonatos Mundiais, facilitando a entrada do país no cenário mundial."Disse Jaqueline Mourão sobre o momento do esporte no Brasil". Jaque ainda disse que as provas dentro do Brasil estão cada vez melhores " Provas mais bem organizadas, que pontuam no ranking internacional e que seguem as regras internacionais da UCI. Com provas internacionais, a mídia tem dado muito suporte ao evento.e divulgado o esporte nos meios de comunicação. E em conseqüência, as empresas estão descobrindo que o esporte especializado também pode dar retorno, e por isso o aumento de empresas patrocinando o esporte.

Ao contrário de alguns esportes, atletas e técnicos tem bom relacionamento com os dirigentes do esporte, apesar de discordarem em algumas situações "A relação de nós da seleção com a CBC(Confederação Brasileira de Ciclismo) é boa. Tem suas intrigas, mas tudo pela melhoria do esporte. Quanto a Lei Piva, acho que o dinheiro destinado para o ciclismo é o que deveria ir, mas acho que o Montain Bike, dentro do ciclismo, deveria ter mais atenção e mais verbas" Disse o técnico Edu.
Renata Falzoni, apresentadora da ESPN Brasil conversou comigo rescentemente, durante a EXPO BIKE, em São Paulo, disse que o ciclismo brasileiro está crescendo, mas é da linha que acha que na olimpíada, o Montain Bike deveria ser mudado.

"O Montain Bike, da forma desenhada para olimpíada, deveria mudar. Eu particularmente, se tivesse na UCI, faria a pista mais curta, para ser mais show, mais interação com o público, mais viável de ser coberto pela TV. " Explicou a apresentadora " Posso estar falando uma grande asneira, mas eu já tive em duas olimpíadas e alguns concordam comigo. Havia uma grande expectativa em 1996, quando o MTB entrou na olimpíada, mas não é um formato televisivo. O BMX foi a modalidade mais complicada de conseguir ingresso em Pequim enquanto o MTB tavam dando de graça. O Montain Bike é de bikers para bikers, não de bikers para expectadores. Mas acho que os membros da UCI e do COI não estão pensando nesta mudança. É só minha modesta opinião." Completou.

Os planos para 2009 ainda não estão concretos pois não se sabe ainda as verbas destinadas para a modalidade. Teremos etapas do circuito mundial e o campeonato mundial, que será a principal atração da temporada pelo mundo. No Brasil, mais e mais provas vão se expandindo e a principal incógnita é quem substituirá Jaqueline Mourão no feminino? Quanto ao masculino a questão é se Rubinho se manterá como número 1 do Brasil ou Ricardo, Edivandro, Odair ou até mesmo outro atleta irá tirá-lo desta posição?

2009 começará a responder...