segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Esporte à esporte- Lutas

As lutas olímpicas dão 18 medalhas de ouro nas olimpíadas, ou seja, mais de 5% dos hinos nacionais tocados em Jogos Olímpicos são derivados deste esporte. E o Brasil nunca aproveitou para conquistar um pódio sequer, mas isso está mudando. Com uma massificação crescente no esporte, o Brasil já está com uma delegação homogênea tanto na luta livre quanto na greco romana, fez belas campanhas nos últimos torneios, não classificou nenhum homem para Pequim por uma burocracia da Federação Internacional e já vê Rosângela Conceição brigando por medalhas em campeonatos mundiais e olímpiadas.

Nos Jogos Pan-americanos do ano passado, o Brasil conseguiu três medalhas, uma de prata e duas de bronze, o mesmo número de toda a história do evento, em mais de 50 anos. Luiz Fernandez chegou à final na greco romana, ficando com o vice campeonato, enquanto Felipe Macedo ficou em terceiro. Entre as mulheres, Rosângela Conceição conseguiu o inédito bronze. De acordo com o presidente da CBLA, Confederação Brasileira de Lutas, coisas mudaram desde o evento: "Algumas coisas mudaram, como: a procura e o entendimento do público frente à modalidade, o aumento de praticantes, maior número de campeonatos Internacionais organizados no Brasil (este ano são dois, além da Copa Brasil, o torneio Sul americano senior que acontece em Dezembro em Manaus), e a melhoria de resultados internacionais".

E os resultados só melhoraram desde então. No Pan-americano que foi disputado como pré olímpico em fevereiro, no Canadá, o Brasil conseguiria duas vagas olímpicas, uma com Antoine Jauode e outra com Rodrigo Artilheiro, mas uma burocracia da Confederação Internacional, que obrigava quem se classificou sem título no torneio, tivesse disputado o mundial do ano anterior, coisa que não aconteceu com nossos classificados. " Infelizmente a parte financeira pesou. cada atleta, para participar neste mundial nos custaria 4300 dólares em média (para que levássemos a equipe completa com o mínimo de 3 técnicos, sem mesmo um médico sequer, gastaríamos cerca de 90.000 US$, na época, pelo valor cambial, cerca da metade de nossa verba anual), como já estávamos desgastados financeiramente pelos treinamentos do Pan 2007 feitos no exterior por toda a equipe, só conseguimos apostar (pagar) em 5 atletas, e como em qualquer aposta, acertamos ou erramos" Justificou o presidente.

Sem essas vagas, restou aos brasileiros disputar os concorridos e equilibradíssimos pré olímpicos mundiais. Nenhuma vaga no masculino veio, com várias derrotas e todos os atletas longe de Pequim. Porém, uma mudança com relação ao passado: Desta vez, os brasileiros conseguiram lutar bem contra as principais forças do mundo, mesmo saindo derrotados. "Do pré olímpico, levo muita experiência, porque nunca tinha lutado com atletas da Europa e da Ásia."Resumiu Vinicius, um dos únicos a conseguir uma vitória nos torneios.

A luta greco romana ficou mais distante da vaga que a livre, mesmo depois de resultados melhores no Pan e até a vaga que seria dada a Rodrigo Artilheiro que lhe escapou pela burocracia internacional. Artilheiro está feliz com o atual momento do esporte: " Disputo há muitos anos, mudou muito. A mídia divulga mais o nosso trabalho, viajamos bastante...Estou bastante satisfeito"

Porém, ainda o peso de não competir com tanta frequência no exterior pesa. Vinicius saiu do pan do Rio em quinto lugar e relatou um dos motivos de sua derrota: "Acabei Perdendo para o americano atual campeão olímpico, fiz uma boa luta com ele, mais ainda falta experiência de lutar com atletas desse nível, já que aqui no Brasil a luta e bem diferente" Porém, o atleta disse que as coisas melhoraram bastante: "havia perdido para o atleta do Equador em El Salvador 2 meses antes do jogos PAN, daí a importância de competir fora, assim pude corrigir meus erros e obtive a vitoria nos jogos Pan"

O atleta ainda comparou o começo de sua carreira, há seis anos, com os dias de hoje, e concluiu que atualmente consegue viajar bem mais, que no início da carreira tinha uma competição internacional por ano e atualmente disputa cinco ou seis. "de 2 anos para Ca tivemos oportunidade de competir fora, antes não tínhamos nada, hj temos apoio da caixa e bolsa atleta, ainda é pouco mais já esta melhorando. Com isso veio preparador físico , nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta, plano de saúde , temos a oportunidade estar treinado com técnicos de cuba e ganharemos um centro de treinamento na tijuca"

A luta feminina também vem em franca evolução, principalmente com Rosângela Conceição na categoria acima de 72kg. Nossa atleta ficou com o bronze no Pan do Rio e no Pan pré olímpico de 2008, ficando sem a vaga olímpica. Foi para o pré olímpico mundial, venceu lutas complicadas e ficou com a vaga, chegando à Pequim como uma possível medalhista, segundo a própria Confederação Internacional. Fez uma grande olimpíada, venceu a medalha de bronze no mundial de 2007 e só foi eliminada pela então hexa campeã mundial.

Porém, não é só de Rosângela que vive a luta feminina do Brasil. Joyce Silva vem conquistando bons resultados e foi ao mundial do mês passado, em que perdeu na primeira rodada para a futura medalhista de bronze na competição."O campeonato mundial é segunda competição mais importamte da modalidade. Fica atrás somente dos Jogos Olímpicos. Estar presente nesta competição é importante pois, lá se encontram as melhores luatdoras do mundo. E a única maneira de ser campeã mundial é, no mínimo, estar presente no campeonato. Ver o que as atletas andam fazendo (técnicas). Estar atualizada. Este último foi ainda mais especial pois, logo após o campeonato, rolou uma semana de treinamento entre as atletas" Relata a atleta, que aproveitou para treinar com atletas do mundo inteiro.
O otimismo do presidente da confederação pela luta feminina é gigantesco e o que prova que temos um belo futuro pela frente " No feminino temos muitas meninas novas chegando, além da Rosângela, temos a Joice Silva, a Susana Almeida e a Carol de Lazzer, que são nomes a brilhar neste novo ciclo na seleção olímpica, além de atletas juniores que estão vindo com muita força e para brigar com estas titulares, caso da Camila Fama, Dailane Gomes (vice campeã Pan americana Jr 2008), Aline Ferreira (vice campeã mundial Junior 2006), dentre diversas outras. Nossas meninas são realmente top e capazes de lutar em igualdade de condições com qualquer adversária do mundo."

Um dos problemas é que a luta feminina ainda sente um preconceito, principalmente por parte dos que acompanham o esporte. " Acho que o preconceito está na mídia que pensa que as pessoas não gostam de esportes de combate. E por isso não cobrem os eventos nacionais. Na verdade as pessoas não conhecem porque não veem. Não tem contato. Mas com conhece pode garantir que é uma modalidade muito empolgante de assitir. Fora isso, acho que não há preconceito. Eu nunca sofri" Disse Joyce sobre o assunto.

O esporte ainda conta com o programa Bolsa - Atleta, do governo federal, que dá um salário mensal para atletas que não possuem patrocinadores particulares. A seleção é feita pelos resultados no campeonato brasileiro ou mesmo do ranking nacional. A maioria da equipe nacional tem a ajuda do programa, que dá um salário para 41 praticantes da modalidade.

É claro que dentro de todas as modalidades existem desavenças, porém percebi ao fazer a reportagem o clima que os atletas tem os dirigentes. Sem ser perguntado nem citado nada sobre a Confederação, Vinicius foi direto ao citar o sucesso do esporte atualmente no Brasil "E isso tudo veio com um ótimo trabalho da confederação que vem divulgando e trazendo para a mídia esse nosso esporte. Hj quero a oportunidade de agradecer o Pedro Gama e ao Beto Leitão por tudo que fazem para luta Olímpica" Referindo-se ao presidente da Confederação e ao medalhista pan-americano da modalidade.
Recentemente, depois da nova divisão de rendas da Lei Piva, por meritocracia, o atual presidente da Confederação reclamou. "Na minha opinião, os critérios adotados pelo COB à princípio foram bem feitos, baseados nas demandas de cada Confederação filiada.
O que acontece é que com a melhoria de condições e com a maior profissionalização das Confederações, as mesmas cresceram, e AGORA demandam mais. Este é o caso da CBLA, que se para este novo quadriênio não tiver um ajuste no repasse da lei, infelizmente terá que desacelerar em termos de crescimento.
A mídia sente falta de medalha e insiste em não investir em um esporte que dá 18 medalhas de ouro nas olimpíadas e um total de 72 pódios. E os mesmos ""jornalistas"" vêm, depois de cada edição dos Jogos Olímpicos, e reclamam que o Brasil disputa apenas uma das 18 medalhas no esporte. Uma hipocresia da mídia brasileira que tem que ser mudada.

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