Em 1999, vi pela primeira vez saltos ornamentais pela TV, nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg. Confesso que não sei se o esporte já havia passado na televisão brasileira, mas me lembro que os saltadores brasileiros figuravam as últimas posições de todas as modalidades. Os destaques eram Cassius Duran e Juliana Veloso. Quase uma década depois, os destaques continuam os mesmo, aliados a Cesar Castro, Bira Barbosa e Hugo Parisi. Prova da falta de renovação do esporte.
Em 2003, ganhamos três medalhas no Pan de Santo Domingo e ainda ficamos em quarto lugar com Cesar Castro no trampolim, o que de certa forma foi uma decepção, já que ele era o vice líder do ranking mundial. Em Atenas 2004, Cesar foi finalista, Juliana Veloso foi á duas semi finais, no melhor resultado qualitativo da história do esporte. Lembro que o SPORTV transmitiu o campeonato brasileiro daquele ano, e pensei que a partir dalí a modalidade iria engatar no país.
Porém, bastou um ciclo olímpico apagado, com duas medalhas no Pan do Rio, quedas no ranking mundial, perdemos até um sul-americano em 2006, recuperando o título por equipes de forma suada em 2008, para que o esporte estancasse de vez. Em Pequim, o que vimos foi uma irregularidade enorme de uma equipe que esteve toda em 2004 e que não poderia justificar o resultado por falta de experiência. Nossos quatro atletas alternaram saltos excelentes com erros infantis que os tiraram da luta por uma semi final.
Agora, não temos uma nova geração promissora. No mundial juvenil disputado em Aachen, na Alemanha, no último fim de semana não conseguimos nenhuma semi final em provas individuais e só fizemos finais em duplas, e pelo fato delas serem diretas. Nicole Cruz foi a melhor, com a 19ª posição na plataforma para atletas de 14 e 15 anos. Tammy Galera, considerada a mais promissora atleta, ficou em 27º no trampolim. Monica Amaral é outra atleta que pode ser promissora, mas não foi bem no mundial. Duas vezes medalha de prata no Pan junior de 2007, ela ficou distante das finais no mundial de Aachen.
Lembrando que no Mundial Júnior de 2002, a dupla brasileira, formada por Hugo Parisi e Ubirajara “Bira” Barbosa, se sagrou vice-campeã mundial no trampolim sincronizado de 3 metros.
O futuro, como já foi dito, é incerto. No sul-americano juvenil de 2007, o Brasil ficou na terceira posição, atrás da Venezuela e da Colômbia. Talentos temos de sobra, mas temos que treiná-los e apoiá-los de forma com que conquistem grandes resultados desde cedo, que foi o que aconteceu com Hugo Parisi e Bira Barbosa. No mundial junior de 2006, não chegamos em nenhuma semi final também, o que mostra mais claramente que não temos uma geração vitoriosa chegando. Talvez, os resultados surpreendam nos próximos anos, e esse é o desejo de todos. Porém, acho difícil, bem difícil...
Falta apoio do público. Estive no Campeonato sul-americano no início deste ano disputado no Clube Pinheiros, em São Paulo, e era o único, único torcedor a acompanhar as competições nos três primeiros dias de disputa. Muito pouco para um campeonato sul-americano.
Falta muita coisa, mas prefiro acreditar que em breve os bons dias dos saltos ornamentais brasileiros voltarão. Precisa de investimento na base, em técnicos, na publicidade, psicólogos, apoio da mídia e do público.
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