terça-feira, 9 de setembro de 2008

Por que somos bons em provas não olímpicas?

Ao ver o fim de mais um campeonato brasileiro de inverno de natação, o Troféu José Finkel, percebi o que vinha percebendo há anos: O Brasil tem maior destaque em provas não olímpicas. Nos campeonatos mundiais, temos os 50m peito, 50m borboleta e 50m costas, provas que não são disputadas no maior evento esportivo do mundo. Além disso, a natação tem um circuito anual de provas em piscina de 25m, que também não aparece no programa olímpico.

Um dos destaques do torneio foi Gabriella Silva, que nadou os 50m livre com borboleta, marcou 26s22 e ficou com o bronze na prova vencida pro Flávia Delaroli. Outro destaque importante foi Fernanda Alvarenga, que está tentando reanimar uma prova que estava praticamente parada no Brasil, os 200m costas, e superou o recorde brasileiro nas eliminatórias. Na final, perdeu para Joanna Maranhão.
Ainda destaco Thiago Pereira, que mesmo de ressaca pós olimpíada, nadou para 1min58s os 200m medley e 4min18s os 400m, vencendo com facilidade ambos. Tatiana Lemos se mostrou muito bem, vencendo os 100m e 200m livre e ficando em segundo nos 50m livre.

Em um Torneio que foi considerado "ressaca" para muitos atletas olímpicos, tivémos índices para o mundial do ano que vem nas provas de 50m borboleta feminino, 50m borboleta masculino, 50m costas feminino, 50m costas masculino e 50m peito masculino, nenhuma destas olímpicas. Porém, o principal resultado veio no revezamento 4x50m livre masculino, em que a equipe fez a melhor marca da história da prova que não é disputada em mundiais, somente em torneios nacionais.

E o não é de hoje que o Brasil detém resultados melhores em provas não olímpicas que em olímpicas. O único recorde mundial que o país tem no momento é nos 50m borboleta em piscina curta, feito por Káio Márcio no fim de 2005 com o tempo de 22s60. Recentemente, Thiago Pereira bateu o recorde mundial em piscina curta nos 200m medley, marca perdida meses depois. Durante anos, a equipe do revezamento 4x100m livre foi detentora do recorde em piscina curta. Em piscina longa, o país não tem um recorde mundial há mais de 20 anos.
Além disso, o país não conquista uma medalha em campeonatos mundiais de piscina longa há 12 anos e em piscina curta costuma sempre frequentar o pódio, excessão feita a esse ano, em que o país foi ao mundial de Manchester sem sua força máxima.

As mulheres foram a uma final de mundial de piscina longa uma única vez, nos 1500m livre feminino em 2001, quando Nayara Ribeiro ficou na oitava posição. Lembrando que a prova dos 1500m livre para mulheres não é olímpica.

Vendo o ranking mundial de 2008, temos Gabriella Silva com a sexta melhor marca nos 50m borboleta(se contarmos o tempo feito por ela nos 50m livre), Fabíola Molina o sexto nos 50m costas, Guilherme Guido é o sétimo nos 50m costas para homens, Felipe França é quinto nos 50m peito masculino, Nicholas Santos é 11º nos 50m borboleta. Quando vemos os tempos destes atletas nos 100m em suas categorias, aí sim provas olímpicas, eles caem várias posições.

A resposta para esse sucesso em provas não olímpicas não tem muita explicação. Os atletas brasileiros não se empenham tanto nestas provas, dando muito mais ênfase para suas provas principais, que são olímpicas. Ninguém treina para piscina curta, muito menos apenas para provas de 50m(excessão feita ao nado livre, que tem esta distância nas olimpíadas).
Talvez a resposta esteja na falta de empenho dos atletas estrangeiros nestas provas, que parece ser ainda menor que o dos brasileiros.

No mundial do ano que vem, evento que o Brasil tem seus principais já classificados devido aos resultados obtidos em Pequim, as provas de 50m peito, borboleta e costas estarão em disputa, o que pode colocar o Brasil no pódio depois de 12 anos sem medalhas em mundiais da modalidade em piscina longa. Os 50m borboleta, com Gabriella Silva é nossa maior chance.

Espero de coração que o que aconteceu com nossa jovem promessa Joanna Maranhão após o quinto lugar de Atenas não ocorra com Gabriella Silva, que aos 19 anos é a grande esperança da natação feminina brasileira. Joanna só voltou a nadar próximo ao sem tempo de Atenas em Pequim, em que ficou na 17ª posição. Não adianta ficar quatro anos sem melhorar seus tempos na natação atual.
Que Gabriella se mantenha entre as melhores do mundo para chegar em 2012, aos 23 anos, com chances reais de medalha nos 100m borboleta. Lembrando que em 2012 nosso principais atletas têm tudo para estarem no auge: Thiago Pereira, sem a rivalidade com Phelps em suas provas, terá 25 anos na sua terceira olimpíada e poderá, com sua experiência, conquistar um pódio. Cielo terá os mesmos 25 anos de Thiago, enquanto Káio Márcio chegará com 27 anos. Estarão experientes mas ainda novos. E claro, novos talentos poderão brilhar nestes quatro anos e chegar á Pequim como possíveis medalhistas...É esperar para ver...
O mundial de Roma, em 2009, será o primeiro degrau para Londres 2012.

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