terça-feira, 26 de agosto de 2008

Número de medalhas não mostra o desenvolvimento


A imprensa em geral está criticando a participação brasileira nos Jogos Olímpicos, em que o país terminou em 23º no quadro de medalhas com três ouros, quatro pratas e oito bronzes. Porém, se por um acaso Diego Hipólito não tivesse despencado no último salto, se Tiago Camilo não tivesse levado aquele Waza-ri, se o volei masculino, na praia e na quadra, confirmasse seu ouro e se tornasse bi campeão olímpico, se o futebol feminino levasse o ouro que merecia, se os ventos fossem fortes como Sheidt e Prada estão acostumados, o Brasil terminaria com 10 medalhas de ouro, entre os 10 primeiros no quadro de medalhas e a imprensa faria festa.

Toda a crítica que está vindo agora, principalmente da imprensa Futebolística que está fechando mais uma olimpíada e só se abrirá de novo para os outros esportes daqui a quatro anos, está focada no número de medalhas e não da forma em que o Brasil participou. Alguns ouros não vieram por pura fatalidade, e se viesse a imprensa mudaria seu discurso e aplaudiria a campanha brasileira simplesmente pelo recorde de medalhas de ouro, COMO FOI EM ATENAS.

Há quatro anos, foram "apenas" 10 medalhas e metade delas de ouro. Isso deixou o Brasil em 16º e a imprensa recebeu a delegação com festa. Agora, com 50% de medalhas a mais, o Brasil está criticando a atuação do esporte brasileiro. Não adianta se basear no número de medalhas para ver o desenvolvimente do esporte no país.

No meu blog sobre Pequim, http://www.omundoempequim.blogspot.com/ , fiz um ranking que deixa as medalhas um pouco mais de lado, e dá pontos até o oitavo colocado em cada prova. O primeiro ganha 10 pontos, o segundo 8,o terceiro 6, o quarto 5, o quinto 4 , o sexto 3, o sétimo 2 e o oitavo 1. Nele, o Brasil foi 18º com a maior pontuação da história, o que mostra que o país está evoluindo sim! Falta muito para chegar num patamar próximo a uma potência olímpica, mas estamos engatinhando.

Cuba foi 28º no quadro de medalhas com dois ouros. Todos estão falando que o esporte lá decaiu, que agora nunca mais subirão. Poxa, eles levaram 28 medalhas e foram o 11º no ranking por pontos. Eles estão em muitos esportes chegando, ainda são uma potência olímpica.

Fatalidades não podem ser julgamento do desenvolvimento do esporte em um país. O que tem de ser parâmetro para o desenvolvimento é o número de finais, o número de esportes que o país fica entre os primeiros, o número de atletas com chances de medalhas. O COB divulga isso e todos os comentaristas FUTEBOLÍSTICOS criticam a forma que o Comitê apurou o resultado de Pequim 2008.

O número de medalhas em Atlanta 1996 foi 15. O número de Pequim 2008 também foi 15. O número de finalistas há 12 anos foi 22, o número de finalistas em 2008 foi 38, quase o dobro!
E ninguém dá valor para isso. O esporte está evoluindo sim, os números mostram. Chegamos a Pequim com 38 chances de medalhas, em Atlanta eram 22.

O Comitê Olímpico Brasileiro tem seus defeitos. Tem suas corrupções, tem suas robalheiras. Mas a forma que ele mediu o desempenho de Pequim não foi errada. Foi muito certa. O problema é que a cabeça do brasileiro ainda é focada somente na medalha. E ULTIMAMENTE tem se focado somente nas de ouro.

Espero que para Londres o Brasil chegue com mais chances de medalhas, tenha mais finais e consequentemente o número de pódios aumente. Mas para isso, precisa ter quatro anos de trabalho duro, nas escuras, com pouco apoio, estrutura pequena, público quase nulo nas competições no Brasil. Para daqui a quatro anos ser julgado inustamente pelo público leigo...Tem que ter MUITA, MAS MUITA VONTADE para ser atleta no Brasil. Aqui, o quarto lugar não importa, o oitavo lugar é esquecido. Só vale a medalha, e muitas vezes você mesmo com a medalha sai como vilão.Pois esta não veio de ouro.

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