Por que a China conseguiu um resultado tão bom jogando em casa nestas últimas olimpíadas? Porque em 2000, fez o projeto "119", investindo forte em 119 medalhas em que ela não esteve disputando naquela ocasião, em esportes como esgrima, vela, remo e canoagem. Oito anos depois o resultado já foi visto, com medalhas inéditas nessas modalidades e em 2012 provavelmente o país já estará entre os grandes da natação e daqui a 12 ou 16 anos estará com nomes importantes no atletismo também.
Por que a Grã Bretanha provavelmente terá um desempenho muito bom em 2012? Porque depois de 1996, quando o país decepcionou e ficou com apenas um ouro, aumentou o investimento e, com uma política parecida com a brasileira, pegando dinheiro das loterias para o esporte, assumiu a quarta posição no quadro de medalhas e com certeza ameaçará a Rússia na terceira posição daqui a quatro anos.
O Brasil vislumbra sediar os Jogos de 2016. E, faltando oito anos, tem que começar um trabalho sério em todas as modalidades. O judô, a ginástica,o volei e o volei de praia já estão bem encaminhados, o atletismo e a natação estão no caminho, o hipismo e a vela, esportes de elite, estão se politizando e democratizando. Mas e os outros? Levantamento de peso, luta, tiro, remo e canoagem, ciclismo dão juntos 96 medalhas de ouro e em Pequim não brigamos diretamente por nenhuma delas, estando presente em apenas 15 delas.
Se quisermos ser uma potência olímpica não podemos querer subir das 15 medalhas para 50 de uma olimpíada para outra. É necessário uma política que envolva desde as melhoras de equipamentos até a contratação de técnicos estrangeiros. A ginástica é um exemplo disso. Em 1996 tivemos uma atleta, quatro anos depois foram duas, em 2004 tivémos uma equipe inteira e em Pequim chegamos a final por equipes e um total de 6 finais. Quem sabe em 2012 não teremos não só uma, como várias chances de medalha. Desta forma não precisaremos depositar todas nossas chances em um único atleta, como aconteceu com Daiane há quatro anos e com Diego agora.
O judô também tem uma exemplável política. Todos os anos, temos intercâmbios com diversos países que buscam aprender com nossos judocas. Somos uma potência. Vieram """"apenas""" três medalhas, mas o mais importante é notar que nossos 13 judocas chegaram como possíveis medalhistas. Um total de 27 vitórias de judocas brasileiras deixam o país com o sexto país mais vitorioso de Pequim. Mas foi um trabalho demorado, que teve seu primeiro "salto" quando a família Mamede abandonou o judô e colocou novamente os atletas ao lado da confederação. O resultado não chega em quatro nem em oito anos
O volei e o volei de praia são outro exemplo. Somos campeões mundias infanto e juvenil tanto no masculino como feminino na quadra. Quando nossas gerações de ouro se aposentarem, teremos uma equipe fortíssima para nos defender. O volei de praia, a mesma coisa, somos campeões mundiais sub 19 e sub 21e temos cerca de 20 duplas capazes de brigar numa etapa do circuito mundial.
Precisamos seguir o exemplo destes três esportes em muitos outros, para aí sim podermos sonhar em ser uma potência olímpica. O que não pode é achar que as medalhas são um resultado do trabalho. Se por um acaso o Brasil conquistasse 10 ouros, o que seria cabível se pensármos a quantidade de chances que tivémos, nosso país estaria soltando rojões achando que havia virado uma potência olímpica. E não viraria, por um país que leva um atleta na luta, um no levantamento de peso, dois no tiro, quatro no ciclismo e no remo, e dois na canoagem não é potência olímpica nem aqui, nem na CHINA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário