Concordo plenamente que todos os 204 membros do Comitê Olímpico Internacional tenham representantes nos Jogos Olímpicos, mesmo que estes não tenham lá um nível muito elevado. Mas lotar cada uma das provas com uma enchurrada de convidados além de baixar o nível da competição e tirar algumas vagas de atletas que realmente estariam capacitados para a medalha, vai contra o movimento atual do Comitê Olímpico que diz que os Jogos Olímpicos não deve mais crescer.
Em Pequim 2008, vimos países com até seis atletas, como a Bolívia, disputando todas suas provas com atletas convidados. O resultado conquistado por eles não está em questão. A questão é que os Jogos ficam inchados e demorados sem ter resultados em troca.
Alguns irão dizer que isso democratiza o evento e que faz evoluir o esporte no país em questão. Democratizar o evento é muito importante, mas precisamos ter mais de 100 atletas na prova dos 50m livre masculino com apenas 50 com chances reais de passar para as semi finais? Salvo engano, foram 13 séries somente desta prova, com os tempos razoavelmente perto de uma vaga para a próxima fase somente a partir da quinta ou sexta série. Vimos em 2000 Eric Mossambano completar os 100m livre da natação num tempo que não o classificaria para os 200m. E isso fez a natação do país em questão, Guiné Equatorial, melhorou?
Em algumas categorias do judô, por exemplo, eram cerca de 35 atletas com oito deles convidados. Isso além de tirar a vaga de países com tradição no judô, coloca alguns atletas nos Jogos Olímpicos em vantagem, por estrearem diante deles. Tudo bem, querem democratizar o judô, por que não fazem um "pré olímpico" entre esses oito atletas convidados para que "apenas" dois disputem o evento e se abram outras seis vagas para os atletas conseguirem classificação.
Outro ponto é o número de atletas. O Comitê Olímpico tem excluído provas e esportes, além de limitar jogadores em algumas modalidades para que o número de atletas não passe dos 10.500 estipulados como número máximo pela entidade. Por que não cortar alguns destes convidados e aumentar o número de esportes, ou de atletas em outras modalidades.
Um terceiro ponto, que eu já vi relatos de alguns jornalistas e atletas, mas nunca me deparei com esse exemplo é realmente deplorável. Governos ditatoriais, ao serem convidados, mandam amigos ou conhecidos de seus chefes de Estado, somente para este se divertir com uma viagem para o outro lado do mundo paga pelo governo. Mas este, pelo que eu percebi, esteve fora de questão em Pequim. Mas, nunca se sabe...
A participação de todos é bem vinda. O esporte tem que abrir espaço para os menores, mas não há necessidade de um país como Burkina Fasso levar atletas no tiro, atletismo, natação e esgrima como aconteceu. Pega esses atletas convidados e coloca num torneio preeliminar com outros atletas do mesmo nível para colocar dois convidados apenas por prova. Além de diminuir os atletas, deixa os convidados com um gosto de vitória nos Jogos, vencendo esse mini pré olímpico, ao invés da vitória ser """"apenas""" estar lá, como é o caso da maioria deles.
Torço para que todos os países tenham, um dia, força no esporte o bastante para levar seus atletas com índices olímpicos. Enquanto isso não acontece, é importante que todos países tenham ao menos um homem e uma mulher participando de qualquer uma das modalidades nos Jogos.
Mas o evento não precisa ser invadido por atletas que tem suas participações bem aquém dos melhores do mundo.
Em Londres, ao que parece, o número de convidados irá aumentar ainda mais.
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