quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Esporte


O esporte brasileiro não é bom. Longe disso. Tem inúmeros problemas em todos os setores, desde os cartolas até os próprios atletas. Não é bom um país de quase 200 milhões de pessoas brigar por “migalhas” na Olimpíada e bla bla bla.

Isso tudo é verdade.

Mas tudo é um processo. E acho que o Brasil está indo por um bom caminho no esporte. A Olimpíada está acabando, e antes de analisar se conseguimos bons ou ruins números no quadro de medalhas, temos coisas a lembrar.

Até Pequim, o Brasil vivia das mesmas modalidades. Sempre era Atletismo, futebol, judô, natação,vôlei, vela e vôlei de praia.

Para Londres, as coisas mudaram um pouco. Já aparecemos de uma vez por todas na ginástica, o boxe brasileiro brilhou e ainda espero pelo menos uma medalha do taekwondo. O basquete ressurgiu, apesar da derrota. O handebol feminino está notadamente entre as cinco melhores seleções do mundo.  O pentatlo moderno tem Yane entre as seis melhores do mundo.

É pouco. Sim, é pouco, mas é um avanço.

O atletismo teve um desempenho pífio até o momento. Apenas duas finais. Talvez até consiga uma medalha com um dos revezamentos 4x100m ou com Marilson, mas de  qualquer forma o resultado está triste. Porém, vale lembrar que uma semana antes da Olimpíada, o Brasil fez sua melhor participação na história de um mundial sub-17. Algo está melhorando. Nos últimos dois anos, metade dos recordes brasileiros em provas olímpicas caíram, coisa que não acontecia há muito e muitos anos.

O boxe brasileiro faz, e falo aqui desde 2009, um trabalho muito bom. Com apoio da Petrobrás, a Confederação montou uma seleção permanente, que viaja para intercâmbios, participa de competições, qie vivem num clima muito bom. Resultado são essas três medalhas.

O judô e o vôlei são referência para o mundo inteiro. Independente dos resultados nas finais, todos sabem da estrutura da modalidade por aqui. O judô conseguiu quatro medalhas numa modalidade que é muito dividida entre muitos países e que até o Japão penou para subir ao pódio, levou apenas um ouro.

A natação saiu de Londres decepcionada com apenas duas medalhas. Isso já mostra uma evolução, já que de 2004, todo mundo saiu feliz, mesmo sem ter conquistado medalhas. Na natação masculina há um avanço, na feminina um retrocesso. Mas, a geração que está vindo, não a de 2016, mas a de 2020 é muito boa.

Infelizmente, da vela não pode se achar muitas coisas boas. Mesmo se vier o bronze de Fernanda e Ana Luiza, será a pior participação desde 1992. A Confederação está atolada em dívidas, o time não se renova, as chances são as mesmas de sempre.

Taekowndo e ginástica ainda convivem com constantes brigas entre atletas e confederações. Mas são esportes que até outro dia chegavam à Olimpíada para participar e hoje brigam por medalhas. Mas, claro, precisa de renovação. Essa geração de taekwondo é bem fraca, assim como a ginástica feminina. Já a ginástica masculina tem uma equipe muito forte atualmente e outra que está vindo por aí...

Isso aqui não é elogio nem crítica às confederações, nem aos cartolas nem a ninguém. São só constatações de coisas que foram vistas nos últimos anos e, claro, nessa Olimpíada.

Não acho que as coisas estejam perfeitas, longe, muito longe disso. Mas há um caminho traçado em algumas modalidades.

Outras, ainda precisam pegar o lápis para iniciar o traçado. Mas isso vem em outro texto...
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6 comentários:

  1. gostei muito do comentário concordo com essa linha de analise.gostaria que depois da olimpíada antes de começar o novo ciclo você fizesse uma analise do que foi evoluído ou retrocedido em cada modalidade.
    abraço

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  2. Gui,
    Parabéns pela análise! Sempre coerente e equilibrada, além de pautada em muito estudo sobre esportes olímpicos ao longo dos anos. Parabéns pelo seu trabalho!!! Que orgulho!
    E se perdemos medalhas em que éramos favoritos, conquistamos outras que "nem tanto" (ao menos para nós leigos).
    Como você disse, mostra que outras modalidades estão aparecendo e que, se tivéssemos estrutura e investimentos adequados poderíamos ter mais chances!
    Se não temos o suficiente, ao menos, penso eu que já melhoramos. Vale acelerar o passo, mas é importante que continuemos o rumo certo!!!
    Independentemente de medalha algumas coisas me emocionaram demais nessas Olimpíadas: A bela apresentação do handebol feminino, a virada fantástica de volei feminino contra a Rússia (e a antipática Gamova), a segurança de Alison e Emanuel, a linda apresentação de Zaneti (que cara mais calmo e sereno!!!), o bom desempenho de Sasaki, a superação de Falcão, o nosso querido judô (que mesmo com favoritos sem medalhas, mostra sempre que veio para vencer), enfim, poderíamos fazer melhor? Com certeza! Mas, por ora, prefiro festejar o que conseguimos!!!
    Se é pra repensar, fazer críticas construtivas, trocar de tática, que façamos depois dos Jogos Olímpicos! Agora é hora de apoio incondicional!!! Digo isso, pois fico super triste com muitos comentários nos portais de notícias. Os leitores, cornetam, xingam, criticam e desmerecem todos os nossos atletas, sem dó nem piedade. Parece até pelo simples prazer de ser espíritos de porcos. Desmerecem atuações, conquistas e muitas vezes até aparência física (como se isso significasse algo). Acho triste e acho pequeno!
    Torço pelo Brasil, pelos atletas, técnicos, por investimos e também, por jornalistas competentes como você que conseguem aprofundar seus conhecimentos além do futebol! Que realmente acompanham aquilo o que cobrem, e o fazem com maestria.
    Parabéns pelo blog, pelas reportagens e pelo estudo/trabalho como um todo!
    Você vai (ainda mais) longe, Gui!!!
    Bjos,
    Carol Cauduro.

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  3. Guilherme, o Matheus atleta da natação junior do Botafogo, que tem feito marca melhores do que cielo com 15 anos nos 100 m livre vc considera geração 2016 ou 2020? creio que com um trabalho forte do Botafogo e da CBDA esse muleque possa uma das grandes revelações brasileiras para as olimpíadas 2016!

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  4. A verdade eh q estamos sendo humilhados e cuspidos como vira latas pelos europeus, asiaticos, e americanos. Cazaquistao esta nos humilhando no quadro de medalhas e tem o tamanho da Paraiba. Argentina nos tornou fregues no basquete masculino e os caras do ole ate falaram "son filhos nuestros". Assim mesmo, meio portunhol soh pra humilhar. Jamaica e Etiopia jah estao nos deixando na poeira. E os caras soh correm, mais nada. Alias, no atletismo se vier uma medalha eu corro pelado no quarteirao aqui de casa. Eh uma vergonha alheia. E deixam o cartola la roubando por 30 anos como se nao fosse nada.

    Eu queria ser como vc. Otimista. Passar a mao na cabeca das pessoas e falar, "Nao foi tdo bem, vc melhorou seu tempo q era uma merda para soh pessimo. Vc ainda ficou 3 segundos atras do 1o mas estamos indo". Queria muito. Mas nao consigo.

    Chega de ser humilhado. Expulsem esses cartolas safados e ladroes e vamos fazer alguma coisa.

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  5. Olá Guilherme, não acho que evoluímos tanto assim, tenho, como já postei aqui, minha referência Atlanta 96, a primeira Olimpíada que assisti e a primeira pós Ministério dos Esportes. De acordo com o site do COB os recursos oriundos da lei Agnelo Piva no período 2001-2010 cresceram mais de 8 vezes, e mesmo que consideremos inflação isso indica muito grosseiramente um ganho real de mais de 6 vezes. De Atlanta para cá os investimentos de estatais também aumentou significativamente, assim como as redes de tv esportivas por assinatura, que deram um boom na exposição de esportes não tradicionais.

    Como afirmei anteriormente vejo a Ginástica artística e o handball feminino como os esportes que realmente evoluiram muito. O ouro do Zanetti é só mais um indicativo, mas os títulos mundiais da Daiane, Diego, vitórias nas etapas da Copa do mundo, participação de uma equipe femina completa, sendo que em Sydney apenas a Danielle nos representou, são as evidências mais concretas de como esse esporte cresceu e para um caminho que só retrocederá se houver muita incompetência. O público em geral hoje também tem interesse por essa modalidade, o que é um indicativo que novos talentos podem vir em breve.

    O basquete masculino melhorou, sem dúvidas, mas no vácuo da piora do feminino.

    De Atlanta para cá o vôlei manteve seu nível, melhorou é claro, com uma geração fantástica, mas tirando os fatores extraordiániros, manteve-se na elite, que é o que importa.

    Por outro lado a Yane Marques não é em absoluto um bom exemplo para indicar crescimento esportivo nacional. Ela se enquadra na categoria da "geração espontânea", como foi Maria Esther Bueno e é Natália Falavigna, pois além dela não se vê uma equipe nacional capaz de manter o nível após sua aposetadoria.

    O atletismo corre o sério risco de não trazer medalha pela primeira vez desde que começei a assisti aos jogos...
    Na natação, tirando o Fratus não tivemos nenhum grande nome surgindo nesse último ciclo olímpico. Assim como foram Thiago Pereira e Joana Maranhão em Atenas.

    Posso soar pessimista, mas não vejo um futuro promissor a curto prazo, ainda mais com o Nuzman...

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  6. Como o anônimo aí de cima, também acho que evoluimos, mas nem tanto.
    Como disse em outro comentário aqui acredito que a evolução no esporte brasileiro, passa por investimento e planejamento no esporte da base, nas escolas e universidades. Muitos de nossos atletas abandonam o esporte porque não conseguem conciliar a rotina com estudos e trabalhos. É verdade que em algumas modalidades já existe certo profissionalismo, mas não vejo esse profissionalismo se repetir na base.

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