O atletismo brasileiro segue capengando, mas teve um ano bem acima do esperado e bem melhor do que os últimos dois. O ouro de Fabiana Murer no mundial, inédito, as 10 conquistas no Pan, o recorde, e o fato de Marilson ser o melhor não queniano de 2011 na maratona deram a cara da modalidade em 2011.
Por outro lado, seguimos com poucos atletas nos lançamentos e arremessos, tivemos apenas uma medalha no mundial junior, seguimos com casos de doping.
O TÍTULO DE FABIANA MURER
Fabiana já tinha sido campeã Pan-Americana, Ibero-Americana,sul-americana, da Diamont League e do mundial indoor. Porém, nunca havia ganho uma medalha no mundial outdoor, principal competição da modalidade. Em Daegu, na Coreia, foi brilhante, fez a melhor marca de sua vida, 4m85, saiu com ouro.
No resto do ano, Fabiana foi prata no Pan e terminou o ano com a segunda marca do ano.
SEIS FINAIS
Não, não é um número alto, pior do que o melhor da história, que foi em 2007. Mas acho que pelos últimos anos, o mundial de atletismo não foi tão ruim. O revezamento 4x100m rasos, Keila Costa no triplo, Maurren Maggi no salto em distância, Fabio Gomes, salto com vara,e Bruno Lins nos 200m foram os finalistas.
Tivemos ainda bons resultados, como as semifinais de Ana Claudia Lemos e Geisa Coutinho, além da nona posição de Kleberson Davide. Os revezamentos 4x100m masculino e 4x400m feminino tiveram problemas e por isso não foram a final, mas estavam bem. O time masculino foi atropelado por um time de Portugal e acabou desclassificado, enquanto o time feminino do 4x400m liderava a série quando uma das atletas, Bárbara, caiu.
10 OUROS NO PAN
Os Jogos Pan-Americanos não tem na disputa os melhores atletas do continente, já que EUA e Canadá, além de alguns países do Caribe não levam seus principais atletas. Mas isso acontece há anos e o Brasil conseguiu seu recorde de medalhas. Foram dez ouros e um total de 23 pódios.
VELOCIDADE FEMININA
Desde 2006, as meninas do revezamento 4x100m estão tendo os mesmo benefícios que o time masculino, com viagens,campings e treinamentos específicos. 2011 foi um ano muito bom para elas, finalistas no mundial, bateu dois recordes sul-americanos nos revezamentos e ainda viu um show das meninas em provas individuais, algo que não acontecia. Rosangela Santos correu os 100m em 11s22, Ana Claudia correu em 11a19.francielle fez 11s39, trÊs abaixo dos 11s40 foi muito bom. Por fim, a nova geração chegando, com Tamiriz Liz, de apenas 16 anos, correu em 11s46.
Nos 200m, Ana Claudia foi muito bem, fez 22s48 e terminou o ano como os 10 primeiros tempos do mundo.
Nos 400m, Geisa Coutinho teve um ano muito bom, foi semifinalista no mundial e chegou a abrir um revezamento em 50s50, tempo que a coloca entre as cinco melhores do mundo.
VOLTA DO DOPING
Aquele escândalo de doping de 2009, os atletas sofreram uma suspensão de dois anos. Bruno Lins e Lucimara Silvestre voltaram com tudo. Bruno fez um ótimo tempo nos 200m rasos, terminou entre os 10 do mundo, e ainda foi bronze no Pan e fez parte do bom revezamento brasileiro que quer, em Londres, baixar dos 38s.
Lucimara Silvestre foi ainda mais completa, mas ainda não fez o índice olímpico. Campeã do Pan, bateu o recorde sul-americano, melhorando bastante sua marca em diversas provas.
O melhor de tudo é que os dois vão poder disputar a Olimpíada, já que caiu a regra que indicava que qualquer atleta pego no doping no ciclo olímpico não pode disputar o evento.
MARILSON MELHOR NÃO QUENIANO
Marilson correu poucas maratonas esse ano, mas fez um tempo muito bom na Maratona de Londres, quando ficou em quarto lugar. Correndo na casa de 2h06m, termina o ano como o melhor não queniano do mundo no ranking mundial, atrás de 20 atletas. Já está classificado para Londres, seu foco. Por isso, em 2011, não correu o mundial de maratona nem o Pan, em que correu os 10000m e ganhou ouro.
DOPING DE SIMONE
Simone Alves estava com um ano muito bom, havia batido o recorde sul-americano dos 5000m e 10000m, estava com tempo entre as melhores do mundo. Tudo começou a ficar estranho antes do mundial, em que ela foi cortada de última hora. Pouco tempo depois, a suspeita se confirmou e ela foi pega no doping.
MAURREN, O ANO DA REGULARIDADE
Foi o ano da volta dela.Depois de um 2009 e 2010 atolados de lesões e decepções, ela foi bem em 2011. Maurren Maggi ficou apenas em 11º no mundial, mas teve uma temporada muito regular, saltando sempre acima dos 6m80. No Mundial, foi a melhor na eliminatória mas saltou mal, queimou dois saltos e ficou em 11º. No Pan, chegou ao terceiro título pan-americano. Saltou seis vezes acima dos 6m80, foi a atleta mais regular do ano.
HEGEMONIA MANTIDA
O Brasil terminou o Campeonato Sul-Americano de atletismo,em Buenos Aires, com o título geral, o título masculino e o título feminino. Uma hegemonia de quase 40 anos mantida. No total, foram 21 medalhas de ouro,16 de prata e 14 de bronze. Conquistou quase metade dos 44 ouros na competição. Os colombianos ficaram em segundo no geral.
MEETINGS INTERNACIONAIS
Como de costume, o Brasil sediou cinco competições internacionais num período de três semanas, todas elas com atletas estrangeiros e valendo índices para o mundial e para o Pan. O Gp de São Paulo foi o mais forte, disputado numa temperatura boa, com sol, pista nova e recapeada no Centro Olímpico. Tivemos recordes brasileiros e sul-americanos.
NOS ARREMESSOS E LANÇAMENTOS, SÓ RONALD
Há anos e anos as piores provas do Brasil são as de lançamentos e arremessos. Em 2011, quem brilhou foi Ronald Julião, bronze no Pan no disco e na Universíade, que bateu o recorde nacional do disco e do peso. No disco feminino, Elisangela e Andressa tiveram uma ótima temporada, marcas acima dos 60m, mas foram muito mal no Pan e no mundial, principais competições da temporada.
RECORDE DE RECORDES
No atletismo, a quebra de recordes é bem mais difícil de acontecer do que na natação, por exemplo. E, em 2011, foram quebrados 11 recordes nacionais, um recorde da década. Destaque para Simone Alves que, apesar do doping, não perdeu os tempos dos 5000m e 10000m, e para Ronald Julião, que quebrou o recorde no peso e do disco, provas pouco tradicionais por aqui. Na marcha 20km em pista, recorde para Caio Bonfim e Erica Sena. Os revezamentos 4x100m e 4x400m femininos também bateram recordes, assim como Fabio Gomes no salto com vara, Ana Claudia nos 200m livre e Elisangela no disco,
NEM TUDO SÃO FLORES
Apesar dos bons resultados EM ALGUMAS PROVAS, o Brasil continua com algumas provas muito ruins por aqui. Arremesso de peso, tanto masculino como feminino, 400m masculino, 800m e 1500m feminino, arremesso de martelo feminino, lançamento de dardo entre outras. Nessas provas, os brasileiros estão longe de índices para o Mundial, de recordes brasileiros e/ou sul-americanos e não chegaram perto do pódio no Pan.
BASE
No Mundial da modalidade, o Brasil foi mal.Com 20 atletas o Brasil não fez uma campanha boa. Não digo isso pelo fato de o Brasil ter trazido apenas uma medalha, mas sim pelo número de finais, apenas três, bem menor do que nas edições anteriores. O heroico pódio foi de Felipe Vinicius, no octatlo.
Porém, o grande nome das categorias de base foi Tamiriz de Liz. Finalista do mundial sub-17 com apenas 15 anos, fez tempos incríveis nos 100m e 200m rasos(11s43 e 23s35) e levou três ouros no sul-americano da categoria. Pode pintar até no revezamento de Londres.
RUMO A LONDRES
Sete atletas já garantiram vaga em Londres, pelos critérios da Confederação Brasileira de Atletismo. Segundo a entidade, os 10 primeiros colocados no ranking mundial na maioria das provas e os 30 primeiros do ranking da Matatona e marcha se garantem em Londres.
Com isso, Fabiana Murer, Maurren Maggi, Ana Claudia Lemos, Bruno Lins, Mauro Vinicius(grande surpresa, que fez 8m27 no mês de setembro, quando já não valia mais indices para o mundial e Pan), Fabio Gomez e Marilson já estão em Londres.
Em 2012, os índices para a maioria das provas começam a valer logo dia primeiro de janeiro e as marcas são referentes a média da 12ª posição dos últimos dois mundiais e da última Olimpíada. No caso da Maratona, os índices já valem e Paulo Roberto de Almeida já fez a marca, na maratona de Amsterdã.
O QUE ESPERAR DA OLIMPÍADA
São cinco chances reais de medalha na Olimpíada, praticamente as mesmas de quatro anos atrás. Maurren,Fabiana, Marilson e os dois revezamentos 4x100m. Tem chances reais de finais Kleberson Davide, Bruno Lins, Ana Claudia e Keila Costa.
Minha expectativa é de uma ou duas medalhas e superar o número de finais de Pequim, que foram seis.
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