terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mundial de atletismo

Terminou no último domingo o mundial de atletismo, com o Brasil conquistando sua primeira medalha de ouro na história, com Fabiana Murer, e chegando a outras cinco finais. Seis finais, o mesmo número do último mundial, e menor apenas que no mundial de 2007. Bom? Não. Ruim? Não muito.

Realmente o atletismo brasileiro precisa melhorar muito, são muitas provas que sequer temos um brasileiro com chances de chegar a final. Em outras, os brasileiros não conseguiram melhorar suas marcas e, por isso, ficaram longe das finais.
Não estou aqui para criticar o presidente da Confederação, que aliás está lá desde quando eu nasci. Não é o caso.

Tivemos alguns bons resultados na Coreia. Não se pode negar a melhora, ainda que pequena. Além das seis finais, foram oito semifinais, o que mostra um avanço nas provas de velocidade. Pequeno, mas um avanço.

PONTOS POSITIVOS DA PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA
- Fabiana Murer- Não tem nem o que falar.
- 4x100m feminino- Bateu o recorde sul-americano nas eliminatórias. Na final, correu um pouco pior, fechou em oitavo. A prova foi muito forte, todas as equipes abaixo de 43s nas eliminatórias. No último mundial, apenas duas correram nessa casa.
- 4x100m masculino - Muito melhor do que eu imaginava. Iriam correr nas eliminatórias para baixo dos 38s se não fosse o incidente com o time de Portugal. Equipe está forte e poderia pegar até uma medalha na final, é só olhar o tempo dos medalhistas de prata e bronze. O grande problema é que, a príncipio, Bruno Lins não pode participar de Londres 2012 por causa do doping. Acredito que ainda vai haver um recurso da COnfederação Brasileira e de tantas outras que vão perder atletas por causa disso, mas acho difícil que Bruno corra.
- Ana Claudia Lemos - Uma atleta com chances reais de avançar as finais dos 100 m e 200 m nós nunca tivemos. E agora temos, principalmente nos 200m, em que ela fechou em 11º, piorando meio segundo sua melhor marca.
- Geisa Coutinho - Na prova individual dos 400m já provou estar bem. Chegou a semifinal e fechou em 14º no geral, piorando o tempo feito no Trofeu Brasil. Porém, o ápice veio no revezamento 4x400m, quando fez 50s50 para abrir a prova, marca que seria recorde brasileiro se pudesse ser homologado. Marca que lhe daria a quinta posição na prova individual. Marca que a faz sonhar com uma final em Londres.
- Bruno Lins - Voltou muito bem do doping. Não melhorou a marca feita no Trofeu Brasil, mas correu muito bem e terminou em sexto nos 200m. Primeira final individual do Brasil em provas de velocidade desde 99.
- Kleberson Davide - Era o que mais merecia passar para final. Correu bem nas eliminatórias e, na semifinal, terminou com o sétimo melhor tempo mas não foi a final pois sua série foi a mais forte. Correu para 1m44s, perto de seu melhor. Fez um ótimo mundial.
- Revezamento 4x400 - A seleção não se classificou para final porque uma das atletas, a Bárbara, caiu. A seleção vinha bem numa série forte e com a tendência de bater de novo o recorde sul-americano. Uma pena, mas para Londres esse revezamento promete.
- Fabio Gomez- Vive altos e baixos constante. No mundial, foi melhor do que esperado, na minha opinião, fechou em oitavo com 5m65, 15cm abaixo de sua melhor marca, mas com sua melhor posição em mundiais. Se tiver no seu melhor dia numa Olimpíada, briga por medalhas. O problema é que é muito irregular.

PONTOS NEGATIVOS
- Arremessos e Lançamentos - Apenas duas atletas, no lançamento de disco feminino, foram ao mundial para essas provas, provando que o Brasil ainda está muito distante. Elisângela e Andressa vinham num ano ótimo, mas terminaram longe de suas melhores marcas, sem final.
- Jeferson Sabino- Ele é bom, já saltou várias vezes o triplo para acima de 17m. Mas nunca encaixou um bol salto em grandes competições. Não foi a final dos últimos mundiais e nem da Olimpíada. Na Coreia, 16m51, a 30cm da vaga na final.
- Prova de fundo - O Brasil, de tantas e tantas corridas de rua na faixa de 5 e 10km, não levou ninguém para as provas do mundial. Tudo bem, Simone Alves se contundiu, mas nenhum atleta nas provas de 5000 e 10000 é ruim. O melhor no masculino, Marilson, é maratonista e está com foco em Londres, por isso nem disputou o mundial.
- Maurren Maggi - Fez um ótimo salto na eliminatória, entrou para final com a melhor marca, mas ficou em 11º. Maurren tem um crédito imenso, mas ficou abaixo do esperado. Saiu chorando. Será, ao lado de Fabiana Murer, a grande chance de medalha em Londres 2012.
- Keila Costa- Chegou a final do salto triplo e isso foi muito bom. Mas na sua principal prova, o salto em distância, ficou bem aquém do esperado e longe da final, que frenquenta a tantos anos nas principais competições. Um 2011 para esquecer para ela, ao menos por enquanto.
- Melhores marcas- É difícil você chegar ao mundial e fazer sua melhor marca da carreira. No atletismo, poucos conseguem. Nesse mundial, por exemplo, apenas 166 dos quase 2000 atletas chegaram a suas melhores marcas, muitos desses são aqueles atletas que tem um nível técnico muito baixo e correm apenas as séries preeliminares. Quando falamos de atletas que fizeram suas melhores marcas do ano, o número aumenta, 341. Entre os brasileiros, apenas Fabiana Murer e o 4x100m feminino fizeram suas melhores marcas, que também são recordes sul-americanos (Apenas cinco recordes continentais foram quebrados em toda competição). O restante, mesmo os que atingiram bons resultados, não fizeram suas melhores marcas.
Porém, vale lembrar que no atletismo, muitas coisas influenciam como vento, clima, pista, ritmo de prova. Nas provas de meio-fundo e fundo, por exemplo, a estratégia muda o ritmo de corrida e muitas vezes o tempo do medalhista de ouro é mediocre, mas o cara é campeão mundial.
- Placing Table- A IAAF faz um interessante levantamento. Um ranking por país dando oito pontos para cada medalhista de ouro, sete para o de prata, seis para o de bronze e assim por diante até chegar ao oitavo que ganha um ponto. Nesse ranking, o Brasil ficou em 23º com apenas 13 pontos. Há dois anos, o Brasil tinha sido 26º com oso mesmos 13 pontos. Em 2007, Brasil foi o 20º com 20 pontos. Em Pequim, Brasil foi 19º com 21 pontos.

CONCLUSÃO
O mundial de atletismo não foi bom nem foi ruim para o Brasil. Os resultados alcançados foram os esperados. Está ruim, sim está ruim. Mas acho que essa é situação do atletismo no Brasil, não precisava acompanhar o resultado do mundial para chegar a conclusão que não somos uma potência no esporte mais importante da Olimpíada. Aliás, estamos bem longe disso. O caminho certo não é culpar os atletas porque não atingiram suas melhores marcas, menos de um décimo dos atletas conseguem isso num mundial. Os atletas não podem ser conformistas, como alguns fizeram, mas muitos saíram querendo mais e querem melhorar mais para Londres.

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3 comentários:

  1. Pq o Bruno Lins nao poderá participar? ele ja não cumpriu a suspensão!

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  2. Vc pode nao criticar, mas eu critico. Um cara ser presidente por decadas eh ridiculo. Tem q mudar isso ai. Por isso q o atletismo sempre fica dependendo de 1 ou 2 atletas e nao eh potencia, o presidente fican enchendo o bolso....

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  3. O Brasil finalmente aparece com grandes nomes no atletismo, Fabiana Murer, Maurren Maggi e Mauro da Silva

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