sexta-feira, 8 de julho de 2011

Salada de duplas

E não acabam as mudanças de duplas no vôlei de praia masculino brasileiro. Hoje, foi a vez dos vicecampeões mundiais,Márcio e Ricardo, anunciarem a separação. Antes de explicar, vamos a um breve histórico do "troca-troca".

No fim de 2009, as duas duplas brasileiras medalhistas em Pequim 2008 se separaram. Ricardo e Emanuel e Márcio e Fabio Luiz. Nos primeiros meses de 2010, Ricardo fez dupla com Pedro Solberg e Emanuel com Alisson. Fabio se juntou com Harley e Pedro Cunha com Thiago.

Em maio de 2010, houve outra mudança. Enquanto Emanuel e Alisson permaneceram juntos, Ricardo se juntou com Marcio, Pedro Solberg se juntou com Harley e Fabio se juntou com Bruno, que estava com Fernando.

No início de 2011, Harley, que já foi eleito o melhor jogador do mundo, deixou de fazer dupla com Pedro Solberg e se juntou com Thiago, que estava com Pedro Cunha. Pedro Cunha voltou a fazer a dupla de Pedros, com o Solberg. Enquanto isso, Emanuel/Alisson e Marcio/Ricardo seguiam juntos, com o pensamento que "time que está vencendo não se mexe".

Pedro Cunha se machucou pouco antes do mundial e teve de abandonar a dupla, a princípio por tempo determinado. Assim, Solberg jogou o mundial com Ferramenta, que estava com Moisés. Porém, Pedro Solberg desfez pela segunda vez a parceria com Pedro Cunha e, a partir do próximo mês jogará ao lado de Ricardo, que desfez o time com Márcio.

Ufa, isso é um breve resumo do que aconteceu nos dois últimos anos no vôlei de praia brasileiro. E, por incrível que pareça, o Brasil é a principal potência atual da modalidade, tendo feito a final 100% brasileira no mundial, além de ter outras duplas sempre figurando nas primeiras posições nas etapas do Circuito Mundial.

A CBV já anunciou que, a partir de 2013, quer que todos os atletas da seleção brasileira de vôlei de praia treinem juntos em Saquarema. A princípio, o objetivo é formar uma seleção permanente em que as duplas não sejam totalmente fixas. As vagas olímpicas seriam preenchidas por um ranking individual.

Por um lado, isso acabaria com o problema que fez com que Márcio e Ricardo se separassem. Um treinava em João Pessoa e outro em Fortaleza. E Ricardo não aguentava mais se dividir em dois lugares e cuidar da família. Porém, com a imposição da CBV para que todos treinem no Rio, Ricardo teria de abandonar de vez a família na sua cidade, ou trazê-los para o Rio. Isso sem contar Juliana e Larissa que tem um Centro de Treinamento próprio e que seriam obrigadas a morar e treinar em Saquarema.

Na minha opinião, seria uma atitude equivocada e até mesmo centralizadora da CBV trazer todos para o Rio. Uma coisa é reunir os melhores jogadores duas ou três vezes por ano para um "camping" ou algo parecido. Outra coisa é trazê-los permanentemente para o fantástico Centro de Treinamento, fazendo com que os jogadores tenham de se mudar, mudar todo o treinamento atual.

Outro problema seria as duplas não serem fixas. Vamos supor que Juliana e Larissa tenham de se separar por essa questão desse tal ranking. Não teria nada a ver Juliana jogar com Maria Elisa eTalita com Larissa.

E se, coincidentemente, por esse ranking, três dos quatro primeiros forem do tipo "bloqueadores"? Teria de formar uma inimaginável dupla de Ricardo e Alisson por exemplo. Ou ao contrário, três do quatro primeiros fossem do estilo de Emanuel, ou de Márcio? Como as duplas iriam ser formadas?

Vimos que uma dupla não entrosada não consegue trazer grandes resultados. Ana Paula se juntou a Larissa para a Olimpíada de Pequim e não tiveram uma grande atuação. Perderam para Walsh/May, melhor dupla do mundo, mas não foram nem sombra do que poderiam ser Juliana/Larissa ou mesmo Larissa e uma outra atleta que encaixasse jogo melhor com ela.

Acho que cada dupla é uma equipe. Geralmente tem seus patrocinadores, seu técnico, seus médicos e seu planejamento. Na minha opinião não teria como quatro, cinco duplas se tornarem uma equipe brasileira que treine junto. Repito, se fosse uma reunião, um estágio de treinamento, poderia ser proveitoso, mas a equipe reunida e as duplas não definidas não é uma boa ideia. Minha opinião.

Vale lembrar que, para Londres 2012, são as duplas que se classificam. O ranking começou a ser contado no início do circuito mundial de 2011 até junho de 2012. Por isso, acredito que Ricardo tenha tempo de sobra para pontuar o bastante para disputar Londres 2012 com Pedro Solberg.

Emanuel e Alisson seguem juntos,campeões mundiais e favoritos ao ouro para Londres 2012. Agora fica a dúvida para qual será a segunda dupla brasileira. Sem Marcio/Ricardo, atualmente quem estaria classificado seria Bruno e Benjamin. Mas a briga será boa.

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2 comentários:

  1. Guilherme, sinceramente pra mim foi um choque a separação de Marcio e Ricardo, creio que Olimpíada está aí e sem dúvido o melhor era mantermos as duas equipes nos jogos, com Alisson e Emanuel e Marcio e Ricardo. Mas, por outro lado, entendo os motivos do ricardo e tudo já estava previamente combinado. O que não entendo é esta possível ditadura da CBV, essa imposição já está líquida e certa?

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  2. Liquida e certa eu acredito que não. Mas o PRESIDENTE já disse que quer. Mas acho muito dificil não acontecer, já que o Ary é o presidente..
    Mas vamos esperar para ver...
    E você pode ter certeza que Ricardo vai jogar bem ao lado de Pedro Solberg!

    Abraços

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