Brasil, uma potência

O que é ser uma potencia em um determinado esporte? Não basta ter um campeão olímpico. Não basta ter três, quatro atletas bons em uma determinada prova. Para ser uma potência, precisa ter resultados bons na maioria das categorias do esporte, tem que ter técnicos bons, um trabalho de base que gere talentos, uma boa aparição na mídia e uma estrutura montada. Além disso, claro, precisa ter um ídolo máximo.

Portanto, pode-se dizer que o Brasil é uma potencia na natação masculina.Os críticos odeiam assumir isso. Enxergam coisas ruins onde as boas são muito maiores, fazem tempestade em copo d`água com problemas supérfulos e acham que a natação brasileira se resume a Cesar Cielo.

O Brasil tem atletas que podem ser considerado um dos cinco melhores do mundo em suas provas no nado livre, no borboleta, no peito e no medley. Apenas no nado costas não temos um nadador TOP, temos nadadores muito bons, mas não entre os oito melhores do mundo e sim entre os 16.

Alguns que não entendem de natação, dizem que o Brasil não tem renovação. Desde 2006, nossos principais nadadores são Cielo, Kaio Marcio e Thiago Pereira. Porém, atualmente os três tem rivais, se não a altura, muito fortes aqui no Brasil. Bruno Fratus está entre os 8 melhores do mundo nas provas de velocidade, Leonardo de Deus já aprontou algumas vezes em cima de Kaio Marcio nos 200m borboleta e Henrique Rodrigues tem sido muito regular nos 200m medley, especialidade de Thiago. Os três com chances reais de chegar às finais de suas provas no mundial de Shangai. Henrique e Bruno mais, Leo um pouco mais distante, mas na briga.

No último mundial de piscina longa, em Roma 2009, o Brasil chegou a 14 finais na natação masculina, segundo no ranking desse quesito, atrás apenas dos EUA. No ranking de pontuação da FINA, que não dá valor só para medalha e sim para as posições entre os oito primeiros, Brasil também ficou em segundo. Num ranking elaborado por Murilo Borges, produtor e colega da Record, o Brasil também ficou na segunda posição.

Ou seja, se em medalhas, foram "apenas" três no mundial de Roma, em termos de constância nos resultados, o Brasil se mostra uma potência. Foram cinco quarto lugares. Isso mesmo, cinco vezes a medalha ficou no quase. Se não contou para o quadro de medalhas, valeu para perceber o nível que o Brasil está.

Para o mundial de Shangai, o Brasil tem chances reais de pódio em oito das 16 provas do programa olímpico. Se incluirmos as provas que não estão no programa olímpico (50m peito, 50m borboleta, 50m costas e 800m livre) as chances de medalha sobem para 11.
Ou seja, sendo realista, o Brasil tem chance CLARA de medalha em 11 das 20 provas masculinas.

Quando o assunto é chegar numa final, ou seja, se colocar entre os oito primeiros, a proporção aumenta ainda mais. Na minha opinião, em apenas cinco provas não temos chances de chegar à final (200m, 400m,800m e 1500m livre e 200m costas). É uma marca impressionante. Acredito que somente os EUA seja melhor que o Brasil nesse quesito e a Austrália fique de igual para igual.

Não gosto de quem fala que a natação brasileira é horrível e nossos vencedores só ganham porque treinam fora. Aqui temos a segunda melhor natação masculina do mundo, aqui temos competições que atraem muitas estrelas da natação mundial, aqui temos dois treinadores totalmente fora de série que, com certeza, estão na nata do planeta.: Ari e Albertinho. Isso sem contar, claro, tantos outros treinadores de ponta.

Não existe uma hegemonia de um clube.Temos boas equipes e bons técnicos no Pinheiros, no Minas, no Flamengo, no Projeto PRO 2016, no Fluminense e podemos até estender essa lista ao Corinthians, ao Gremio União de Porto Alegre e ao Curitibano.

Região Sul e sudeste com boas referências. O nordeste está cada vez mais forte e alguns talentos são garimpados por lá, maiores exemplos são o paraibano Kaio Márcio e a pernambucana Joanna Maranhão. Vale lembrar que Bruno Fratus é carioca, mas cresceu e construiu sua carreira no Rio Grande do Norte.

Não vou ser burro de falar que a natação brasileira é perfeita. Não é. Mas acho que houve um exagero na história do tal bloco de partida do Trofeu Maria Lenk. Aconteceu, aconteceu, fazer o que? O problema foi que aconteceu com a estrela da competição, Cesar Cielo. Por isso que tivemos tanta repercussão do ocorrido.

A imprensa solta uma matéria "Atletas nadam ao som de britateiras no Trofeu Maria Lenk" como se isso fosse um enorme problema. A competição acontece no Complexo do Maracanã, que está em obras para Copa 2014. Não tinha o que fazer. Outra tempestade em copo d´àgua.

Sei também que alguns atletas, como Guilherme Guido, trocaram recentemente o Brasil pela Espanha. Ele até botou a boca no trombone na estrutura do Brasil. Mas atletas de ponta, como Cielo e Nicholas, voltaram a treinar no Brasil depois de um período morando fora. Acho que eles voltaram por terem a confiança que é possível ser campeão olímpico treinando por aqui.

Temos muitos pesares, claro. A natação do Centro-Oeste e do Norte precisam se desenvolver bem mais. As piscinas públicas são sucateadas, como é o caso do Complexo Vaz Guimarães, do Ibirapuera, em São Paulo. Temos um presidente que fez muita coisa pela natação mas que, há mais de 20 anos no poder, talvez esteja na hora de trocar. Ou passou da hora. Uma Complexo Maria Lenk não ser utilizado pelos nadadores é uma vergonha.

Apesar dos pesares, todos tem que engolir. Somos uma potência.

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