sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ciclismo Estrada

O calendário nacional está crescendo quando o assunto é Ciclismo Estrada. Atualmente, temos seis Voltas Internacionais, que contam pontos para o ranking da União Ciclística Internacional.

Esse ranking é classificatório para os Jogos Olímpicos de Londres 2012. No ranking internacional, o Brasil precisa ficar entre os três primeiros das Américas para classificar três atletas. Se ficar entre terceiro e sexto, são duas vagas. O ranking começa em outubro deste ano e vai até agosto do ano que vem. No ranking fechado no último mês o Brasil ficou na quinta posição, atrás de Colômbia, Venezuela, EUA e Canadá.

O Tour de São Paulo, que terminou no último domingo, abriu o calendário de provas deste ranking olímpico. E o Brasil, competindo em casa, se saiu muito bem, conquistando 219 pontos, levando em conta que a pontuação vai de pontos para o campeão de cada etapa até para o campeão no geral.
O campeão foi Gregory Panizo. Os sete primeiros colocados foram brasileiros, num evento que tivemos participação de ciclistas de outros oito países.

Até o fim do ranking olimpico, teremos outras cinco Voltas dentro do país: Volta do Interior de São Paulo, Volta de Gravataí, Tour de Santa Catarina, Volta Ciclística do Paraná e Tour do Rio de Janeiro. Além destes giros, a tradicional prova 9 de Julho também vale pontos para classificação olímpica.

O ranking do site da UCI já está atualizado. O Brasil é líder com 209 pontos, seguido pelos EUA, com 73, Argentina, com 64, Uruguai, com 12 e Chile, com 7. Somente o Tour de São Paulo está contando no ranking, por enquanto. Logo, logo colombianos e venezuelanos vão disparar. Se o Brasil quiser ficar com três vagas terá de lutar, e muito, com americanos, canadenses e argentinos. A Volta da Guatemala já está no fim e já vai mudar bastante esse ranking.

O Brasil pontuou bem nessa Volta, mas não é o que costuma acontecer nos giros brasileiros. Como os brasileiros estão acostumados a provas mais curtas, quando as distâncias são maiores atletas de outros países costumam se dar bem, que foi o que aconteceu em Gravataí esse ano, evento em que os brasileiros não conseguiram o primeiro lugar.

Mauro Ribeiro, único brasileiro a vencer uma etapa do Tour de France, tem uma boa explicação para os resultados não tão positivos dos brasileiros, tanto em provas aqui como no exterior. Ele falou sobre isso em sua coluna para a Revista O2.

"O que ocorre é que eles têm uma melhor estrutura. Estão treinando nos moldes europeus, já estão acostumados com as distâncias mais longas e também estão cada vez mais adaptados com as montanhas mais íngremes. Boa parte de nossas provas é vencida por velocistas. Então o que está faltando? Eis uma pergunta fácil de responder, mas não tão fácil para colocá-la em prática. Está faltando uma reestruturação no calendário nacional, precisamos de provas mais longas e com altimetrias mais duras. Precisamos fazer corridas mais longas, de pelo menos 140 km, e começar a impor mais dificuldades, para que pelo menos chegarmos perto dos moldes europeus, que é onde está o nível e o profissionalismo mais alto do mundo do ciclismo."

Na última Olimpíada, o Brasil levou dois atletas para o ciclismo estrada. Luciano Pagliarini foi um herói ao terminar uma prova de mais de 7 horas com uma pedra no rim. Murilo Fisher, em sua terceira Olimpíada, esteve entre os primeiros o tempo todo e ficou em 20º entre os quase 150 ciclistas, chegando junto com o pelotão da frente.

No mundial deste ano, entretanto, o Brasil levou apenas um homem e uma mulher. O homem foi o próprio Murilo Fisher, que não terminou a prova. A equipe brasileira tinha apenas três pessoas: além dos dois atletas, um mecânico. Ninguém para ajudar, para acompanhar reuniões, para nada. Ou seja, Murilo dormiu a 1h na véspera da prova e o resultado era óbvio: não terminar a corrida.

Por fora de tudo isso, tivemos a confusão da equipe São José. Ajudada até mesmo pela TV Globo, a equipe entrou para elite do ciclismo mundial, chegou a cogitar participar de provas no exterior para em breve disputar o Tour de France. Tudo isso foi para o espaço, a equipe praticamente acabou, com salários atrasados e processos atrás de processos. Uma pena.

A corrida começou. E não vale reclamar da falta de vagas depois. As oportunidades estão aí, são poucas e os ciclistas brasileiros tem que aproveitar.


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