Passado o Ironman Brasil, continuamos a nossa série “O Futuro do triathlon olímpico brasileiro”.Nosso objetivo continua sendo obter diversos pontos de vista sobre as mesmas questões para podermos traçar sugestões para melhorias do triathlon olímpico no Brasil, contribuindo para o desenvolvimento do esporte.
Na sexta parte, conversamos com ninguém menos do que Armando Barcellos, que começou no triathlon aos 17 anos, vindo da natação. Com uma carreira incrível no esporte, com mais de 22 anos e 350 provas disputadas, Barcellos tem entre seus principais títulos o de pentacampeão carioca, bicampeão do Ironman Brasil, bicampeão do Troféu Brasil de Triathlon, tricampeão brasileiro e vice campeão pan-americano. Além disso, ele foi integrante da equipe olímpica brasileira nos Jogos de Sydney 2000, obtendo a 39ª colocação; e obteve a melhor classificação até hoje de um brasileiro no Ironman do Havaí: 16º Lugar profissional. Atualmente, ele é empresário na área de equipamentos para ciclismo e triathlon. Armando é uma das pessoas chave para entender a evolução do triathlon nacional e os rumos que devemos tomar a partir de agora.
MundoTRI: O Brasil não teve o desempenho esperado nas últimas Olimpíadas e o mesmo aconteceu nos últimos mundiais de Triathlon. Na verdade, temos levado cada vez menos atletas nesses eventos. Você atribui esses resultados a algum fator especial?
Armando Barcellos: Acredito que não encontramos ainda o modelo ideal de trabalho. Precisamos de renovação e é neste sentido que vejo os dirigentes trabalhando. O conceito de treinamento esta mudando rápido. Acredito que precisamos capacitar com intercâmbio não só os atletas, mas como nossos profissionais da área. Informação atualizada deve ser nossa estratégia. Informação é para todos, aplicar as informações de forma inteligente são para poucos.
MundoTRI: Como você vê o cenário do Triathlon olímpico brasileiro atualmente? Alguma aposta para 2012?
Armando Barcellos: Realmente queremos resultados e precisamos deles para que nosso esporte evolua. Resultado é decorrente de pessoas com talento ou muita vontade. O cenário mundial está muito forte para o nível que temos hoje no Brasil. Vejo poucas chances de medalhas.
MundoTRI: E no cenário de longa distância e de competições curtas sem vácuo?
Armando Barcellos: Para provas longas e sem vácuo acredito que temos bons talentos e estamos bem representados. Essa é nossa herança da geração mais madura. Vejo as competições de longa distância como um exemplo a ser seguido pelos organizadores de eventos. É sucesso garantido, pois a cada ano que passa os números de praticantes aumenta em 20%. Uma tendência mundial.
MundoTRI: Qual a principal diferença que você vê das Olimpíadas passadas para a próxima para os atletas brasileiros do Triathlon?
Armando Barcellos: Realmente em nossa primeira participação tivemos 6 atletas inscritos em Sidney. De lá para cá os números vem caindo.
MundoTRI: Alguns atletas brasileiros acabam caminhando para o circuito Ironman e o Troféu Brasil devido à maior exposição na mídia e a possibilidade de angariar mais patrocínio. Como você vê o impacto disso no desenvolvimento dos triatletas olímpicos brasileiros? (vale lembrar que grandes triatletas internacionais, após começar no Ironman não conseguiram mais se manter no mesmo nível na distância olímpica.)
Armando Barcellos: Estamos falando de dois esportes diferentes. Hoje o Triathlon pode ser tratado desta forma. As provas de longa distância ganham cada vez mais adeptos porque treinar virou estilo de vida e não esporte. Competi nas duas modalidades e sei que a olímpica tem um desgaste emocional enorme. Machuca a alma. Talvez eu tenha sido um dos poucos atletas que fiz o trajeto ao contrário. Fui 16º profissional no Ironman do Hawaii em 2004 e depois migrei para o Triathlon olímpico. Sempre quis participar de uma olimpíada e quando soube que teríamos a participação de nosso esporte em 2000 larguei tudo e entrei de cabeça nesta empreitada. Não me arrependo. Tenho orgulho de pertencer à família olímpica.
MundoTRI: Tivemos alguns episódios recentes de doping no atletismo, no Triathlon e em outros esportes. A CBTri tem realizado poucos exames nos atletas. Como você vê essa situação?
Armando Barcellos: O doping sempre vai existir. A indústria do doping e infinitamente mais rica que a do antidoping. Hoje temos uma defensora do doping exemplar. A Sandra Soldan, minha companheira de carreira, hoje é uma das cabeças de nossa equipe de antidoping no Brasil junto à equipe do De Rose. Lamento muito que as pessoas usem este artifício, mas isso não vai mudar. Sempre mantive meu pensamento achando que ninguém se dopava, sem este pensamento fica difícil seguir em frente profissionalmente.
MundoTRI: Em sua opinião, como deve ser a preparação de triatletas brasileiros para 2016?
Armando Barcellos: Um calendário internacional bem preparado e a escolha de 20 atletas, por exemplo, para que seja feito um trabalho modelo. Desta forma eles seriam avaliados a todo instante. Competir internacionalmente é o caminho. Uma competição vale 20 treinos fortes!!! Não tem jeito, precisamos achar entre nossos atletas aqueles que querem dar suas almas pelo que fazem. Muitos querem, mas não o suficiente a ponto de pagarem o preço necessário. Na vida ganha quem quer mais. Eu quis muito.
MundoTRI: Arriscaria algum nome (masculino e feminino) para o Rio 2016?
Armando Barcellos: Não tenho um palpite, mas tenho certeza que pode ser um nome completamente desconhecido do público hoje. Temos tempo para amadurecer um talento oculto. Você que está lendo se candidata?
MundoTRI: E como você vê os atletas brasileiros no cenário de longa distância mundial?
Armando Barcellos: Vejo este cenário melhor que o cenário olímpico. Acho que temos grandes talentos nesta área. Em breve teremos bons motivos para comemorar.
MundoTRI: Algum comentário adicional para nossos leitores?
Armando Barcellos: Campeão é aquele que soma mais sofrimento inteligente na caderneta que os outros.
MundoTRI: O Brasil não teve o desempenho esperado nas últimas Olimpíadas e o mesmo aconteceu nos últimos mundiais de Triathlon. Na verdade, temos levado cada vez menos atletas nesses eventos. Você atribui esses resultados a algum fator especial?
Armando Barcellos: Acredito que não encontramos ainda o modelo ideal de trabalho. Precisamos de renovação e é neste sentido que vejo os dirigentes trabalhando. O conceito de treinamento esta mudando rápido. Acredito que precisamos capacitar com intercâmbio não só os atletas, mas como nossos profissionais da área. Informação atualizada deve ser nossa estratégia. Informação é para todos, aplicar as informações de forma inteligente são para poucos.
MundoTRI: Como você vê o cenário do Triathlon olímpico brasileiro atualmente? Alguma aposta para 2012?
Armando Barcellos: Realmente queremos resultados e precisamos deles para que nosso esporte evolua. Resultado é decorrente de pessoas com talento ou muita vontade. O cenário mundial está muito forte para o nível que temos hoje no Brasil. Vejo poucas chances de medalhas.
MundoTRI: E no cenário de longa distância e de competições curtas sem vácuo?
Armando Barcellos: Para provas longas e sem vácuo acredito que temos bons talentos e estamos bem representados. Essa é nossa herança da geração mais madura. Vejo as competições de longa distância como um exemplo a ser seguido pelos organizadores de eventos. É sucesso garantido, pois a cada ano que passa os números de praticantes aumenta em 20%. Uma tendência mundial.
MundoTRI: Qual a principal diferença que você vê das Olimpíadas passadas para a próxima para os atletas brasileiros do Triathlon?
Armando Barcellos: Realmente em nossa primeira participação tivemos 6 atletas inscritos em Sidney. De lá para cá os números vem caindo.
MundoTRI: Alguns atletas brasileiros acabam caminhando para o circuito Ironman e o Troféu Brasil devido à maior exposição na mídia e a possibilidade de angariar mais patrocínio. Como você vê o impacto disso no desenvolvimento dos triatletas olímpicos brasileiros? (vale lembrar que grandes triatletas internacionais, após começar no Ironman não conseguiram mais se manter no mesmo nível na distância olímpica.)
Armando Barcellos: Estamos falando de dois esportes diferentes. Hoje o Triathlon pode ser tratado desta forma. As provas de longa distância ganham cada vez mais adeptos porque treinar virou estilo de vida e não esporte. Competi nas duas modalidades e sei que a olímpica tem um desgaste emocional enorme. Machuca a alma. Talvez eu tenha sido um dos poucos atletas que fiz o trajeto ao contrário. Fui 16º profissional no Ironman do Hawaii em 2004 e depois migrei para o Triathlon olímpico. Sempre quis participar de uma olimpíada e quando soube que teríamos a participação de nosso esporte em 2000 larguei tudo e entrei de cabeça nesta empreitada. Não me arrependo. Tenho orgulho de pertencer à família olímpica.
MundoTRI: Tivemos alguns episódios recentes de doping no atletismo, no Triathlon e em outros esportes. A CBTri tem realizado poucos exames nos atletas. Como você vê essa situação?
Armando Barcellos: O doping sempre vai existir. A indústria do doping e infinitamente mais rica que a do antidoping. Hoje temos uma defensora do doping exemplar. A Sandra Soldan, minha companheira de carreira, hoje é uma das cabeças de nossa equipe de antidoping no Brasil junto à equipe do De Rose. Lamento muito que as pessoas usem este artifício, mas isso não vai mudar. Sempre mantive meu pensamento achando que ninguém se dopava, sem este pensamento fica difícil seguir em frente profissionalmente.
MundoTRI: Em sua opinião, como deve ser a preparação de triatletas brasileiros para 2016?
Armando Barcellos: Um calendário internacional bem preparado e a escolha de 20 atletas, por exemplo, para que seja feito um trabalho modelo. Desta forma eles seriam avaliados a todo instante. Competir internacionalmente é o caminho. Uma competição vale 20 treinos fortes!!! Não tem jeito, precisamos achar entre nossos atletas aqueles que querem dar suas almas pelo que fazem. Muitos querem, mas não o suficiente a ponto de pagarem o preço necessário. Na vida ganha quem quer mais. Eu quis muito.
MundoTRI: Arriscaria algum nome (masculino e feminino) para o Rio 2016?
Armando Barcellos: Não tenho um palpite, mas tenho certeza que pode ser um nome completamente desconhecido do público hoje. Temos tempo para amadurecer um talento oculto. Você que está lendo se candidata?
MundoTRI: E como você vê os atletas brasileiros no cenário de longa distância mundial?
Armando Barcellos: Vejo este cenário melhor que o cenário olímpico. Acho que temos grandes talentos nesta área. Em breve teremos bons motivos para comemorar.
MundoTRI: Algum comentário adicional para nossos leitores?
Armando Barcellos: Campeão é aquele que soma mais sofrimento inteligente na caderneta que os outros.
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