Aqui em Medellin, acompanhei uma edição de Jogos Sul-Americanos que vai entrar para histórias. Talvez agora o evento ganhe o prestígio que merece.
Até 2002, quando o evento foi no Brasil, ninguém conhecia os Jogos Sul-Americanos, e já tinham acontecido seis edições. Seis edições em que pouquíssimos atletas estavam presentes, meia duzia de atletas consagrados e só. Em 2002, o Brasil organizou bem os Jogos e, mesmo sem tempo para se preparar, menos de um mês antes a Colômbia desistiu da sede e "sobrou" para o Brasil, deu tudo certo.
Porém, na ocasião, o Brasil só soube usar o evento para se mostrar preparado para organizar um Pan.E conseguiu.Tanto é que, duas semanas depois do encerramento, o Rio ganhou o direito de sediar os Jogos Pan-Americanos. Fora isso, o evento não deixou nenhuma imagem na memória do brasileiro, apesar do fácil título no quadro de medalhas.
De mídia, na ocasião, só tivemos uma emissora aberta e uma fechada.Os jornais pouco davam bola, lembro que o LANCE! dava apenas duas páginas por dia, o público foi decepcionante.
Enfim, um evento que, apesar do sucesso político, não marcou. Ou alguém aqui conhece alguma pessoas que foi assistir aos Jogos de 2002 que ocorreram no Brasil?
2006 também não teve divulgação. O evento na Argentina aconteceu numa época péssima, fim de novembro, poucos atletas de ponta. O que se viu na Argentina foi o surgimento de atletas e não a consagração deles.
Aqui na Colômbia, foi outra coisa.
Medellin se preparou para um evento grande, do tamanho que são os Jogos Sul-Americanos. Gastou bem, é verdade, mas deu ao povo a oportunidade de ver todos os eventos, dos mais variados esportes, de graça. Na faixa. E o melhor, deu o direito para todas as televisões abertas que quisessem transmitira o evento. Também de graça. Cinco canais transmitiram simultãneamente, mais de 10h por dia, com notícias, entradas ao vivo e, claro, as "competências', com dizem por aqui.
Vi poucos,muito poucos eventos sem a lotação máxima. Um jogo de basquete, que foi sub-18, entre Brasil e Argentina fazia com que os 6000 lugares do Coliseo de basquete lotasse.
E a informação era difundida. Todos sabiam o que fazer para ver os Jogos de perto.
Uma hora antes de cada evento começavam a ser destribuídos ingressos para quem já estava na fila. A fila andava e o pessoal entra no estádio e sentava nos lugares delimitados pelos sempre prestativos e importantíssimos voluntários. Se os lugares acabavam, sem tumulto e sem gritaria, o público seguia na fila a espera que um grupo de pessoas saísse do estádio para que pudessem entrar.
Não vi nenhuma confusão. A tv não flagou nenhuma confusão. Nada.
As instalações, realmente de nível pan-americanos. A inteligência na arquitetura foi fantástica. Os furos,em formato de folhas, nas paredes faziam com que o ar circulasse nos locais de competição e ainda ajudavam as pessoas que ficavam na fila do lado de fora, a ver uma pitada da competição.
Quase metade dos esportes ocorriam nos principais centros, o Atanasio Giradot e a Plaza Mayor. Os locais vão virar de uso público, segundo promessas, após os Jogos.
Isso eu quero verificar. Mas é um papo para depois.
Enfim, depois de 15 dias aqui em Medellin só tenho elogios. A cidade é muito diferente do que falam por aí e o povo é muito, mas muito receptivo.
A ideia de se fazer a vila sul-americana no alto do morro, ao lado da favela, foi fantástica. O metro cable, uma espécia de teleférico, liga o centro as zonas mais afastadas, os morros, as favelas, as comunas como chamam por aqui. E na última estação deste teleférico tínhamos a bela vila Sul-Americana.
Os colombianos não tentaram esconder as favelas. Eles quiseram é mostrar as favelas para todos.
Por isso, apesar de ter secado muito os colombianos nos últimos dias, digo que o título foi mais que merecido, por todo esforço que fizeram para realizar o maior Jogos Sul-Americanos da história.
Agora é torcer para que esse rótulo dure apenas quatro anos e que,em 2014, Santiago receba o evento com a dignidade que ele merece.
Cada vez mais os Jogos Sul-Americanos vão se encaixando no ciclo olímpico dos atletas. Cada vez mais, as estrelas comparecem ao evento, o que trás a mídia e consequentemente faz os Jogos ficarem ainda maiores.
Quem sabe um dia não vemos num Jogos Sul-Americanos, um Brasil e Argentina na final, mesmo que seja sub-23 ou sub-20. Por que não, um campeonato de volei e de basquete com as seleções principais? Um campeonato de atletismo sem limite de idade, como foi nas últimas edições?
2014 está aí.Vamos esperar.
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Parabéns aos colombianos que apesar de só terem ganhado por ter as medalhas de esportes não-olímpicos mereceram a vitória pela dedicação que deram a esses Jogos.
ResponderExcluirPs: 15 medalhas para o boliche, 18 medalhas para o karate, 24 pra patinação de velocidade e só 3 medalhas para o nado sincronizado, ausencia de pentatlo moderno, hóquei sobre a grama...
O estrago só nao foi maior pq alguém foi iluminado em dizer q era um absurdo dar 45 ouros para o levantamento de peso... Como um time de voleibol joga várias partidas e ter todo seu campeonato igualado a um ouro dado ao arremesso e outro ao arranque???
No geral gostei do que vi, a natação com nomes novos e alguns ja conhecidos mostrou q mesmo estando longe do seu auge sao incomparavelmente os melhores... Venezuela polida e com Subirats vencer o revezamento do Brasil "fora de forma" com Thiago Pereira cansado de duas outras provas no msm dia, Rodrigo Castro pós-acidente, Nicolas Oliveira(talvez o unico titular) e o Roth de reserva... Agora é esperar o Maria Lenk e o Pan-Pacífico que prometem muito.
Ainda falando do Sulamericano achei injusta algumas notas dos juizes na ginastica artistica, nado sincronizado,saltos ornamentais e patinação artistica a fim de beneficiar os colombianos o que só irá prejudicá-los em competições de alto nível quando tiverem notas bem mais baixas que condizem com o seu desempenho.
Decepção dos Jogos: Ginástica Ritmica por equipes, Atletismo Masculino, Saltos Ornamentais, Judô(pagou pelos atletas em sua maioria reservas de reservas), Águas Abertas e Handebol feminino(sem as "europeias" nao ganhamos da Argentina).
Destaque dos Jogos: Angélica Kvieczynski com 6 ouros dentre os 6 possíveis, Canoagem ganhamos com folga, ouros da esgrima, Taekwondo que com atletas novos teve um bom desempenho contra atletas de bom nivel como argentinos, peruanos e venezuelanos, ouros de Júlio Almeida, superação de Joanna Maranhao e para MIM o maior destaque foi Bernardo Oliveira que superou os adversarios com 4 ouros, 1 prata e 1 bronze. Rumo às proximas competições e parabéns pela cobertura que acompanho tdo dia!
Grande Lucas
ResponderExcluirMuito obrigado por sempre visitar o blog!
Sinti falta do pentatlo e do hoquei,esportes que são olimpicos, mas que ficaram de fora.
Porém, se voce for do Rio, vale a pena ver o sul-americano de hóquei na grama essa semana lá
Me decepcionei muito com resultados como o dos saltos ornamentais e do atletismo também
Abraços!!!