O ComitÊ Olímpico Internacional(COI) tem 205 membros, mais do que a ONU(Organização das Nações Unidas), que atualmente tem 198. Isso é uma tática da entidade, criada em 1894, para se dizer democrático, aceitando Comitês de Territórios Ultra Marinhos, de Ilhas que não são 100% independentes politicamente, como são os atuais casos de Hong Kong , Taiwan, Ilhas Marshall dentre outros.
Timor Leste, por exemplo, conquistou sua independência da Indonésia apenas no ano de 2002, mas nos Jogos Olímpicos de 2000, época em que o país estava em guerra civil, o Comitê Olímpico Internacional convidou para que pudesse participar. Kosovo não é um país independente ainda, mas já está disputando competições em alguns esportes, como no último mundial de judô, e tem tudo para entrar com uma equipe já nos JOGOS Olímpicos de Londres 2012.
Para os Jogos Olímpicos de Pequim 2008, todos os esportes individuais eram obrigados a seder vagas para países convidados, no intuito de democratizar seu evento. No atletismo, por exemplo, mais de 1000 atletas de 200 países viajaram a Pequim e destes, cerca de 220 de 57 países foram somente por convite oficial. A ordem do COI para a IAAF(Federação Internacional de Atletismo) e para a FINA(Federação Internacional de Natação) é que todos os países sejam convidados a levar, ao menos, um homem e uma mulher em cada um dos esportes, independente do nível destes atletas, sem exigir índice algum.
Essa política faz o número de atletas convidados chegar a 7% do total de atletas de uma Olimpíada. Isso faz com que aconteça alguns momentos até constrangedores na Olimpíada. Nos 100m rasos da última Olimpíada, por exemplo, Shanahan Sanitoa, da Samoa Ocidental, completou sua prova em 12s60, quase três segundos pior que o campeão, o jamaicano Usain Bolt. No feminino, Robina Muqimyar, do Afeganistão completou a prova em 14s60, quase cinco segundos acima da campeã, a jamaicana Shelly-Ann Fraser. Na natação, Stany Kempompo Ngangola, da República Democrática do Congo, terminou com 35s19 a prova dos 50m livre, vencida pelo brasileiro Cesar Cielo em 21s30. No feminino, Bana Mariama Souley terminou seus 50m em 40s19, mais de 15s acima da campeã, a alemã Britta Steffen.
Concordo plenamente que todos os 204 membros do Comitê Olímpico Internacional tenham representantes nos Jogos Olímpicos, mesmo que estes não tenham lá um nível muito elevado. Mas lotar cada uma das provas com uma enchurrada de convidados além de baixar o nível da competição e tirar algumas vagas de atletas que realmente estariam capacitados para a medalha, vai contra o movimento atual do Comitê Olímpico que diz que os Jogos Olímpicos não deve mais crescer.
Alguns irão dizer que isso democratiza o evento e que faz evoluir o esporte no país em questão. Democratizar o evento é muito importante, mas precisamos ter mais de 100 atletas na prova dos 50m livre masculino com apenas 50 com chances reais de passar para as semi finais? Salvo engano, foram 13 séries somente desta prova, com os tempos razoavelmente perto de uma vaga para a próxima fase somente a partir da quinta ou sexta série. Vimos em 2000 Eric Mossambano completar os 100m livre da natação num tempo que não o classificaria para os 200m. E isso fez a natação do país em questão, Guiné Equatorial, melhorou?Ou o país apenas virou motivo de piadas e gargalhadas pelo mundo? Desde esse episódio, a natação da Guiné Equatorial não mandou mais atletas na natação para uma Olimpíada.
O COI, na minha opinião, usou o pobre Eric, que por sinal ficou feliz com sua participação olímpica, para fazer uma falsa propaganda de que o COI é democrático, abraça a todos, inclusive os """pobres coitados"" da Guiné Equatorial. Os atletas desse país, infelizmente, foram usados pela maior entidade poliesportiva do mundo.
A participação de todos é bem vinda. O esporte tem que abrir espaço para os menores, mas não há necessidade de um país como Burkina Fasso levar atletas no tiro, atletismo, natação e esgrima como aconteceu. Pega esses atletas convidados e coloca num torneio preeliminar com outros atletas do mesmo nível para colocar dois convidados apenas por prova. Além de diminuir os atletas, deixa os convidados com um gosto de vitória nos Jogos, vencendo esse mini pré olímpico, ao invés da vitória ser """"apenas""" estar lá, como é o caso da maioria deles.
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