segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Se a olimpída fosse hoje - Atletismo

Participação brasileira

Não vou repetir o que a grande imprensa tem falado sobre a participação brasileira. O maior clichÊ de todos é aquele: O Brasil tem 200 milhões de habitantes e não ganha nenhuma medalha enquanto a Jamaica tem 5 milhões e levou cinco ouros. Não vale a pena ficar batendo sempre na mesma tecla. Falam isso há anos, só que antes o alvo era Quênia. Podiam mudar o descurso. Poderiam divulgar mais o esporte quando não está no mundial ou em Olimpíada.

A participação brasileira foi ruim sim. Sete finais é um número menor que no último mundial, que foram oito, mas o mesmo número de Pequim 2008. Só que nesses dois eventos trouxemos medalhas e,desta vez, não. Além disso, vimos os mesmos nomes, nas mesmas provas. Única excessão foi Gisele, que chegou na final do triplo e ficou em 12º. Ela, porém, não é nenhuma novata, já tem 28 anos. De resto, os mesmos de sempre: Keila, Maurrem, Jadel, Fabiana Murrer e mais os revezamentos 4x100m. Precisamos renovar.

Outro problema foi o físico de nossos atletas mas não vi ninguém comentar sobre isso. Jadel sentiu uma contusão e abriu mão de seus dois últimos saltos, o mesmo acontecendo com Maurrem. Gisele atribuiu o mau desempenho na final a uma contusão. Jessé Farias, finalista olímpico em Pequim e que ficou próximo de uma final nesse mundial, também disse que poderia ir bem melhor se não tivesse se recuperando de uma contusão. Outra esperança nossa, Marilson Gomez, também elegou problemas físicos para explicar o resultado apenas razoável, 16º colocado.

Das nossas chances de medalha, a maior decepção ficou mesmo com Fabiana Murer, quinta colocada. Com as falhas de Isinbayeva, ela poderia até mesmo ser ouro por que o nível foi muito abaixo do esperado. Maurrem já sabíamos que não estava nas melhores condições físicas e Jadel, que intende mesmo de atletismo sabia que ele não estava em condições de uma medalha. Não salta acima dos 17m20 desde Pequim. Os revezamentos fizeram o possível, chegaram as finais, mas mesmo sem o dopping dificilmente chegariam ao pódio.

Outros atletas que apostei minhas fichas em chegar numa final eram o dos 800m, Fabiano Peçanha e Kleberson Davide. Kleberson ficou logo na primeira rodada e Fabiano até que foi bem, ficou a poucos décimos de uma final, mas não conseguiu uma classificação entre os melhores. Quem também eu esperava um resultado melhor era do triplista Jefferson Sabino, que não chegou nem perto de sua melhor atuação no ano.

Aliás, de todos nossos atletas em provas individuais, apenas os maratonistas Adriano Bastos e Adriana Aparecida da Silva fizeram a melhor marca da carreira. Vale lembrar que Adriana disputou apenas a segunda maratona de sua vida.
Sabemos que melhorar marcas no atletismo é mais complicado do que melhorar marcas na natação. Isso vem de bem antes dessa revolução dos maiôs e pode ser visto nas dezenas de recordes mundiais e brasileiros que vêm desde os anos 1980. Mas tivemos apenas dois atletas, e os da maratona que pode ser explicado pelo percurso plano dos 42km, conseguiram os melhores resultados da carreira.

Quem me decepcionou também foi Mahau Suguimati, que foi semifinalista em Pequim mas ficou longe de seu melhor tempo nos 400m com barreiras. José Baggio, 14º na marcha em Atenas e Pequim, abandonou a prova. O revezamento 4x400m feminino poderia ter ido um pouco melhor do que a 13ª posição obtida, a penúltima entra os países que terminaram a prova.

Uma boa surpresa foi o marchador Moacir Zimmermann, que surprrendeu no Universíade ao conseguir o índice na prova de 20km e foi abusado. Correu junto com os líderes no início e estava bem quando foi desclassificado por ter tirado os dois pés do chão. Mas está de parabéns. Tem que arriscar e arriscou.

Como se previa, Leonardo Elisiário, Júlio César de Oliveira, Sabine Heitling, Elisângela Adriano e Maria Zeferina Baldaia apenas cumpriram tabela na competição. Foram para pegar experiência? Nada disso! Leonardo já havia sido um dos últimos no mundial de 2007 e novamente ficou nas últimas posições, Júlio Cesar já foi campeão mundial sub 17 em 2003, Sabine disputou o mundial de 2007 e Elisângela Adriano foi para o oitavo mundial.

Mas temos um dado interessante. Em duas provas, as melhores marcas DO ANO(Não da carreira, apenas do ano de 2009) dos atletas brasileiros que foram ao mundial dariam medalhas:
Fabiano Peçanha e Kleberson Davide teriam sido ouro nos 800m, pois tem respectivamente 1min44s63 e min44s65 nesta temporada e ouro foi na casa do 1min45s e Fabiana Murrer teria sifo ouro no salto com vara se repetisse os 4m82 que fez em Maio.
Se tivessem feito as melhores marcas da temporada, os seguintes atletas teriam chegado a final: Elisângela Adriano, Jessé Farias, Julio Cesar Oliveira e Jefferson Sabino.

Um mundial bem abaixo do esperado para o Brasil, tanto em número de medalhas, como em termos de marcas obtidas pelos atletas, como em termos de aparição de novos talentos. Bom para abrir os olhos de todos.

2 comentários:

  1. Como vemos o futuro do atletismo brasileiro é muito nebuloso. Talvez tenhamos pela frente um longo tempo de decepções.

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  2. A verdade é que o esporte no Brasil é elitizado tanto no acesso à prática como na divulgação pela mídia.

    Plim-Plim.

    Quanto as "lesões" acho que está na hora da CBAt acresentar um profissional da área de psicologia-Yoga-Tai Chi Chuan às futuras delegações, tal qual acresentou a seleção feminina de volei após a sofrida derrora p/ a seleção russa nas Olimpíadas de Atenas.

    É essencial tb sairmos da mesmice!

    Propostas:

    Um projeto p/ detecção de talentos p/ as provas de velocidade na região nordeste do país, visto as similaridades desta região c/ o Caribe (clima e raça).

    Um projeto p/ detecção de talentos p/ as provas de fundo nas regiões c/ grandes áreas de lavouras, assim como no sertão e agreste nordestino.

    Paralelo a isto, a construção de um Centro Nacional de Excelência onde os diamantes brutos seriam encaminhados para a LAPIDAÇÃO, tal qual ocorre na Austrália.

    Negociação da CBAt c/ a TV pública p/ transmissão das grandes competições da modalidade, visando INSPIRAR milhões de jovens em nosso país a se iniciarem no
    atletismo, visto que a televisão por assinatura é praticamente um sonho e uma utopia para a esmagadora maioria da população do país.

    E o principal:

    A inclusão do atletismo em TODA rede pública de ensino.

    Mas aí dependeríamos de uma alteração na LDB, pois como disse o prof. Fernando Franco "por aqui
    isso é proibido pelos filósofos que elaboraram a LDB".

    Ora, é claro que o objetivo do desporto escolar não é formar atletas p/ o alto rendimento.

    Mal sabem eles (os "especialistas") que o processo é natural, pois a partir do momento que o esporte fosse incorporado OFICIALMENTE ao programa escolar, os talentos brotariam NATURALMENTE p/ o alto rendimento.

    Estas são as minhas proposta p/ realizarmos uma revolução no combalido atletismo brasileiro.


    BR

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