O Brasil mandará para Alemanha uma delegação de 43 atletas para o mundial, que será disputado do dia 15 ao 23 em Berlim. Ao contrário do que aconteceu com a natação, quando veio uma chuva de semi finais e finais, o atletismo deve chegar em sete ou no máximo oito finais, repetindo sempre os mesmos destaques dos últimos anos: Fabiana Murer, Maurrem, Jadel, revezamentos 4x100m, Keila, Jessé e Marilson, na maratona.
O problema será ainda maior com todo esse envolvimento com o dopping desta semana. Lucimar Teodoro, semanas atrás, e mais recente Lucimara Silvestre, Jorge Sena, Bruno Lins, Luciana França e Josiane Tito foram pegos no exame antidopping. Detalhe que poucos falaram na imprensa é que quatro destes seis atletas fizeram recentemente suas melhores marcas na carreira, o que é difícil no atletismo, em que as marcas demoram mais para serem melhoradas.
Bom, do dopping muito já se falou na imprensa e aqui no blog, geralmente, eu tento falar o que o pessoal da imprensa não fala. Então vamos as nossas chances de medalhas, de finais, de semifinais e da grande quantidade de coadjuvante que deveremos ter em Berlim.
Chances de medalhas
Maurrem Maggi Nossa campeã olímpica não vem numa temporada muito boa. Fez uma marca importante de 6m90 no início do ano, mas no decorrer da temporada não esteve em muitas provas e quando esteve ficou distante dos 7m04 que lhe rendeu o ouro em Pequim. Candidata a medalha ela é, com certeza, mas não acredito que esteja tão bem quanto para Olimpíada.
Fabiana Murrer Depois do que aconteceu em Pequim com suas varas, ela merecia uma medalha. E pelo que vem fazendo na temporada as chances são boas. Fez 4m82 no Trofeu Brasil e passou o resto da temporada na Europa, entre treinos e competições. As chances de medalha são boas, mas todos sabem que o ouro tem tudo para ser de Isinbayeva. Jadel Gregório Nosso atleta está entre os melhores do salto triplo há anos e anos. Porém, não faz uma marca expressiva, na casa dos 17m40 desde 2007, quando foi prata no mundial. Nessa temporada falou menos que o normal, apareceu menos e saltou pouco. Na sua última competição, conseguiu uma importante medalha de prata com a marca de 17m12, em Londres, mas muito pouco para quem quiser sonha com o pódio. Ele continua otimista, mas agora seu público está cada vez menor. Quem sabe agora, sem tanta pressão ele conquiste um bom resultado, pois talento ele tem e muito.
Jessé Farias O menos conhecido dos candidatos ao pódio, até porque ele não é um favorito e sim um dos que correm por fora no salto em altura. Ele foi finalista do último mundial e da última olimpíada. Bateu no fim do ano passado, depois de Pequim, o recorde nacional do salto em altura, com 2m32. Seu principal objetivo é bater o recorde sul-americano, que é de um argentino com 2m33. Com essa marca, fica entre os 12 finalistas com certeza, já que uma final deve ser por volta de 2m29. Uma medalha já fica mais complicado, deve vir com cerca de 2m37. Mas talvez ele seja uma grata surpresa.
Keila Costa Outra atleta que tem final nas últimas edições de mundiais e de olimpíadas, mas que precisa dá um salto maior para chegar a um pódio. Esse ano, ela venceu o Troféu Brasil com 1cm de vantagem para Maurrem e, caso chegue a sua melhor marca na carreira, 6m88, pode até ganhar a medalha. Uma final deve girar em torno de 6m65 ou 6m70, algo que ela deve alcançar. Mas, ficar entre os três melhores fica um pouco mais complicado
Marilson Gomes Nosso bi campeão da Maratona de Nova York está entre os favoritos a uma medalha na prova mais tradicional do atletismo. Esse ano, ele conseguiu alguns bons resultados nas provas 5000m e 10000m mas decidiu não participar delas neste mundial, focando somente na maratona. Uma chance real de medalha.
Revezamento 4x100m masculino: Bruno Lins não era um dos principais nomes da equipe brasileira, mas era titular e fará falta ao time neste mundial. A equipe brasileira será composta por Sandro Vianna, Vicenete Lenílson, Codó e Basílio Moraes. O problema é se essa crise do dopping, principalmente envolvendo o técnico Jayme Netto afetar o psicológico dos atletas. Jayme revolucionou a passagem do bastão e foi suspenso pelo dopping recente de seus atletas.
Revezamento 4x100m feminino: A quarta posição em Pequim foi uma surpresa e tanto e dificilmente se repetirá neste mundial. Além de toda crise do dopping, a seleção brasileira terá adversários muito fortes pela frente, muitos deles que deixaram cair o bastão na última olimpíada. Achance de medalha é mínima, mas Lucimar Moura vive uma grande fase e pode ser a base do nosso time.
Chances de final e bons resultados
Kleberson Davide e Fabiano Peçanha: Nossos dois meio fundistas, que ficaram com a prata e o bronze no último pan-americano, vem disputando palmo a palmo a hegemonia da prova dos 800m aqui no Brasil. Tem chances reais de final, principalmente se chegarem a suas melhores marcas, na casa de 1min44s. Dependendo do dia, pode até baixar seus melhores tempos e brigar por um pódio, mas uma final já seria um prêmio para esses dois atletas.
José Alessandro Bagio e Moacir Zimmermann: Nossos dois marchadores vivem momentos destintos nos 20km da marcha, mas podem chegar entre os primeiros colocados. Bagio vem mantendo uma boa regularidade nos últimos anos, sempre com tempos próximos a 1min22s e foi 14º nas duas últimas olimpíadas. Moacyr conseguiu o índice com a medalha no último universíade, de uma certa forma até surpreendendo a todos. Se repetir o tempo com certeza chega entre os primeiros colocados.
José Telles de Souza: O maratonista foi o melhor brasileiro na última olimpíada, terminando em 38º, e o melhor no último mundial, em 18º. É constante e pode surpreender e ficar entre os primeiros colocados se tiver num grande dia.
Jefferson Sabino: Jefferson está sempre no calcanhar de Jadel no triplo, mas nas grandes competições não consegue repetir seus saltos. Antes de Pequim, chegou a marcar 17m11, mas na olimpíada ficou distante dos 17m. No mundial de 2007, também chegou com uma marca boa mas ficou longe da final. Se saltar próximo de sua melhor marca chega na final com certeza. O problema é estar em um bom dia.
Fábio Gomes da Silva: Vive uma fase de resurgimento. Fez um ano de 2007 muito bom, foi finalista do mundial e quebrou recorde sul-americano que durava mais de 20 anos. Começou 2008 muito bem, fez ótimas marcas nas temporadas indoor, mas a partir de maio decaiu muito. Na olimpíada ficou longe de uma final, chegando a 4m45 apenas. Neste ano, conseguiu um índice B depois do título sul-americano com 5m55 e precisa voltar a saltar próximo aos 5m70 para brigar pela final. Em boa fase, é um ótimo candidato a final. Em má fase, candidato a coadjuvante.
Revezamento 4x400m feminino: Jailma Sales e Emmily Pinheiro correram abaixo dos 52s no último Troféu Brasil e, ao lado de Geisa Coutinho e mais uma atleta que vai substituir Lucimar Teodoro, pega no dopping, podem surpreender e bater o recorde sul-americano que atualmente está na casa dos 3min28s. Esse tempo é uma final praticamente garantida, mas a seleção pode estar mal psicológicamente em função deste longo caso de dopping.
Gisele de Oliveira: Gisele conseguiu boas marcas esse ano, chegando a 14m28 no Trofeu Brasil. Se repetir essa marca, fica próxima de uma final. Na última olimpíada não foi tão bem quanto sua melhor marca e por isso ficou longe de uma final. Mas, esse ano, vem mais regular e pode ficar entre as 12 melhores.
Podem chegar a uma semifinal
José Carlos Moreira: Codó correrá os 100m na competição e esse ano já marcou 10s11, marca que lhe garantiria uma vaga na final. Dificilmente ele repetirá a marca que fez na altitude de Bogotá, mas se correr por volta dos 10s20 consegue uma vaga na semifinal, possivelmente.
Mahau Suguimati: Nosso japonês corredor dos 400m com barreira foi semifinalista das olimpíadas e tem tudo para repetir o feito nesse mundial. Seu melhor tempo, 49s13, lhe renderia até mesmo uma vaga na final. Mas não acredito que ele possa correr nessa marca pois não vem numa temporada tão boa como a do ano passado. Mas tem potencial para se classificar entre os 16 melhores.
Lucimar Moura: Nossa melhor velocista pode ficar entre as 16 melhores do mundo, principalmente pelo fato de estar numa temporada muito regular, correndo sempre próxima ao 11s30. Seu melhor tempo é de 99, quando correu em 11s17. Se repetir essa marca chega até mesmo a final, mas creio que correrá na casa de 11s30, uma marca que possivelmente a colocará entre as 16 melhores.
Sandro Viana: Ele parou na segunda rodada na última olimpíada, mesmo ficando longe de seu melhor tempo, que é de 20s32. Se correr na casa dos 20s30 com certeza fica entre os 16 melhores e atingiria uma semifinal, que já seria um bom resultado para ele. Uma final está mais distante, na casa de 20s15. Esse ano ele ainda não fez uma marca muito boa, o que faz se pensar que ficar entre os 16 melhores já seria um grande resultado.
Vicente Lenilson: Nosso mais experiente corredor, esteve presente na olimpíada de 2000, foi semifinalista em 2004 na prova dos 100m e esse ano pode repetir o fato. Não vem correndo nas suas melhores marcas, que é de 10s14, mas é constante na casa dos 10s20, o que pode lhe garantir um lugar na semifinal.
Prováveis coadjuvantes
Adriana Aparecida da Silva, Maria Zeferina Baldaia: Nossas duas maratonistas não tem muita esperiência na prova mais tradicional do esporte, sendo especialistas em corridas de rua de 10km ou 15km. Se terminarem entre os 30 ou 40 primeiros lugares já será um bom resultado
Alessandra Picagevicz e Tânia Spindler: As duas atletas tem uma olimpíada na bagagem e disputam pelo título de melhor do país há anos. Assim como as maratonistas, se chegarem entre as 30 já estarão no lucro.
Elisângela Adriano: Nossa experiente arremessadora está sempre presente em olimpíadas e mundiais, tem um total de 30 títulos brasileiros, mas com as marcas que vem conseguindo recentemente no disco não a colocariam numa final. Torço por ela, mas acredito que fique longe da final.
Sabine Heitling: Nossa campeã pan-americana conseguiu bater o recorde sul-americano dos 3000m com obstáculos esse ano e, se repetir esse tempo, pode conseguir uma vaga na segunda fase. Mas, acho difícil que ela chege novamente na casa dos 9min37 que foi o que ela conseguiu.
Adriano Bastos: Coadjuvante numa equipe de maratona que tem Marilson e José Telles, tem como principais resultados seus diversos títulos na tradicional porém não tão forte maratona da Disney.
Mário José Santos Jr: Nosso experiente marchador correrá a prova mais longa, que costuma demorar quase 4 horas. Se correr abaixo desse tempo, ficará entre os 15 ou 20 melhores, que deve ser o objetivo.
Júlio César de Oliveira: O único atleta em provas de arremessos e lançamentos no masculino do Brasil foi campeão mundial de menores em 2003 mas não conseguiu emplacar na categoria adulto. Esse ano, lançou duas vezes mais que 80m, o que é recorde brasileiro. Se repetir esse feito, é finalista com certeza. Porém, é difícil que repita os 80m. Mas vamos torcer por ele.
Leonardo Elisiário: Uma das maiores surpresas da delegação, será nosso terceiro atleta no triplo. Se conseguir chegar na final será uma surpresa, mas o importante mesmo será adquirir experiência para próximas competições.
Temos sim algumas "chances" de medalhas, como o blog muito bem mostrou, mas nenhum atleta entre os três melhores do mundo neste ano.
ResponderExcluirSe fosse apostar, cravaria em nenhuma medalha, infelizmente, para o Brasil neste mundial.
Putz bruno eu to quase com você. acho que nossa única medalha virá com a Fabiana Murrer!
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