Seis campeões olímpicos, mais quatro medalhistas olímpicos e três mundiais. Há mais de uma década, o Brasil não via tantas estrelas internacionais como as que passaram pelo país nas últimas duas semanas em quatro GPs de atletismo.
Se não bastasse a série de eventos, o Brasil também contou com a ausência de grandes competições nesta época, o que costumava esvaziar as provas no país. Em 2008, por exemplo, os GPs brasileiros tinham a concorrência de uma etapa da Liga de Ouro (em Berlim) e um grande evento na Holanda (em Hengelo, que em 2009 terá inclusive a participação de Maurren Higa Maggi). Neste ano, os dois eventos serão realizados apenas em junho.
O que eu pouco vi noticiarem foi a quebra do único recorde sul-americano nessas competições. Lucimar Teodoro, veterana de duas olimpíadas, batendo a marca,que já era sua, nos 400m com barreiras.
Provas de velocidade
A melhor marca do ano nos 100m foi atingida em Belém. O autor da façanha foi Daniel Bailey, da Antigua, que ganhou a prova ao cruzar a linha de chegada aos 9.99. Esta foi a primeira vez que um atleta correu abaixo dos 10 segundos na América do Sul. Michael Rodgers, vencedor no Rio e em Uberlândia, foi segundo com 10s01 em Belém, seu melhor tempo, e também está entre os melhores da temporada.
O jamaicano Marvin Anderson venceu os 200m de Belém com 20s15 e tem a segunda melhor marca da temporada. Os quatro atletas que o sucederam em Belém também fizeram tempos importantes, todos entre os 8 melhores da temporada.
Entre as mulheres, LaVerne Jones-Ferrette, das Ilhas Virgens, venceu com 22s49 os 200m rasos e tem a melhor marca da temporada até o momento. Kelly-Ann Baptiste foi vice campeã com 20s60 e tem, com isso, a terceira melhor marca da temporada.
Nos 400m, a jamaicana Bobby-Gaye Wilkins venceu em Belém com 50s91 e tem a segunda melhor marca da temporada, pouco a frente da vicecampeã Aliann Pompey, daGuiana, que com 51s09 tem o sexto tempo do ano, depois de ter vencido a prova do Rio com 51s45. As 5 primeiras classificadas em Belém estão entre as 12 melhores do ano.
Nos 100m, resultados um pouco menos expressivos, mas ainda interessantes. LaVerne Jones-Ferrette venceu em Belém com 11s18, marca entre as melhores do ano.
Brasileiros na velocidade
Entre os homens, se esperava tempos melhores dos brasileiros nos 100m, depois dos resultados obtidos no início do ano por Bruno Lins, José Codó e Vicente Lenílson, todos abaixo dos 10s21. Codó foi segundo em Fortaleza com 10s1, em um cronômetro que não pegou os centésimos, o que faz uma grande diferença, já que sua marca pode ter sido tanto 10s10 como 10s19. O mesmo Codó foi bronze no Rio com 10s25, quarto com 10s32 em Uberlândia e oitavo em Belém com 10s30, sempre como melhor brasileiro.
Já nos 200m, os 20s48 que rendeu a quinta posição de Bruno Lins em Belém o coloca em 25º na temporada. Com 20s61 ele foi bronze no Rio e com 20s65 foi quarto em Uberlândia, se mantendo como melhor corredor de 200m do Brasil.
Entre as mulheres, Lucimar Aparecida de Moura não conseguiu repetir os 11s38 que fizera no início do ano em São Paulo, mas venceu com 11s43 em Fortaleza, não repetindo os resultados nas provas seguintes. Ewelyn Carolina fez 11s54 e foi prata no Rio, também se destacando.
Nos 200m, Ewelyn foi melhor, com 23s24 quando ficou com o bronze na prova do Rio, para depois vencer com 23s60 em Fortalzeza, se credenciando a um dos 30 melhores tempos da temporada. Lembrando que nesta seleção tem mais de 15 tempos de atletas dos EUA.
Nos 400m, uma prova que o revezamento pode até lutar por uma final no mundial.
Emely Pinheiro fez 52s40 para ser quarta colocada na prova no Rio de Janeiro, sendo que outras três atletas no ano já haviam corrido abaixo dos 53s para o Brasil- Josiane Tito, Sheila Ferreira e Jailma de Lima
Provas com barreiras
Nos 110m com barreiras, marcas pouco expressivas. A melhor dela foi de Ryan Wilson , vencedor no Rio, com 13s46, em Belém com 13s48 e em Uberlândia com 13s54. O mesmo Wilson fez 13s21 numa prova nos EUA e tem a segunda marca do ano. Eric Mitchum foi vice no Rio com 13s57, mas tem uma das melhores do ano graças a uma 13s29 conquistado no início da temporada. Atletas fortes, mas que não conseguiram suas melhores marcas nos meetings brasileiros.
Já nos 400m com barreiras, vimos uma prova quase perfeita do jamaicano Isa Phillips que, com 48s36, fez a melhor marca da temporada. Os 49s29 do vicecampeão LaRon Bennett o deixam entre os 15 melhores do ano. Os 49s42 do brasileiro Mahau Sugimachi na vitória conquistada no Rio também está entre os 15melhores do ano.
Entre as mulheres, o GP de Fortaleza, único que teve a prova como disputa, quase viu dois sub-13 nos tempos. Andrea Bliss venceu com 13s02, um centésimo a frente da colombiana Brigitte Merlano. Nos 400m com barreiras, a americana Sheena Tosta fez 54s19 e tem a segunda melhor marca da temporada, enquanto a vice-campeã Josanne Lucas, de Trinidad Tobago, tem a quinta marca do ano com 55s24. Lucimar Teodoro, terceira em Belém, tem a 10ª marca do mundo no ano.
Brasileiros nas barreiras
O grande destaque foi Lucimar Teodoro, que ficou em terceiro nos 400m com barreira de Belém com a marca de 56s84 e bateu o recorde sul-americano da prova, que já era dela, fazendo assim a 10ª melhor marca do ano. Luciana França, quinta em Belém, também se destacou com a marca de 57s12, a 15ª do ano.
Nos 100m com barreira, parece estar nascendo uma estrela. Fabiana Morais já tem as 7 melhores marcas do Brasil do ano na prova, e fez 13s18 para ficar com o bronze na etapa de Fortaleza, uma das 30 melhores marcas do ano.
No masculino, o japonês-brasileiro Mahau Saguimati foi bem, venceu no Rio e fez o tempo 49s42, bem perto do melhor de sua carreira, 49s15 conquistado no trofeu brasil do ano passado, mas ainda muito distante dos 48s04, recorde sul-americano de Eronilde Araujo.
Entretanto, os 110m com barreiras, que em 2004 era a principal prova do Brasil, está em decadência. Matheus Inocêncio foi sétimo no Pará com 13s91, enquanto em Uberlândia não tivemos nenhum brasileiro, assim como no Rio, o que é uma pena para o país que recentemente fez um finalista olímpico e um medalhista pan-americano.
Provas de meio fundo e fundo
Kleberson Davide e Fabiano Peçanha, respectivamente prata e bronze no último pan, fizeram a festa nos 800m, com três dobradinhas, duas com Fabiano na frente e uma com Klerberson. Destaque para a prova de Belém, em que Peçanha venceu com 1min44s63, dois centésimos a frente de Kleberson, o que os deixam com o quarto e quinto tempos da temporada. O queniano Reuben Bett, que chegou em terceiro, fez 1min44s79 e é o sétimo melhor da temporada.
Entre as mulheres, poucos tempos expressivos nas provas de 800m e 1500m, assim como as provas de 5000m e 10000m que foram disputadas em alguns dos meetings, que para variar, teve o domínio total dos quenianos
Arremessos e lançamentos
As provas de lançamento e arremessos foram uma das mais fortes disputadas no Brasil. A campeã olímpica do arremesso de peso, Valerie Vili, marcou 20m69 anotando assim a melhor marca de sua carreira, na prova disputada no Rio de Janeiro. Além disso, venceu em Uberlândia e Belém com 20m40 e 20m25, também entre as melhores da temporada. Além dela, a bielorussa Natallia Mikhnevich, vice campeã nas três provas, também fez três marcas entre as melhores do mundo do ano.
No arremesso de disco, a cubana Collado Yarisle fezx 64m, sua melhor marca da carreira, e tem atualmente a terceira melhor do ano. A cubana vicecampeã olímpica Yarelis Barrios venceu em Uberlândia com a quinta melhor marca do ano, pouco a frente da romena Nicoleta Grasu, vice campeã, que é a sexta do mundo em 2009. Grassu venceu a prova do Rio de Janeiro com a 10ª marca da temporada.
No arremesso de dardo, as cubanas fizeram a festa. A campeã olímpica de 2004 Osleidys Menéndez marcou 62m74 no Rio e é a quinta do ano, além de ter vencido em Belém com 62m24. Sua parceira, que já tem a quarta marca do ano, Yanet Cruz foi vice no Rio com 62m65. A romena Monica Stoia venceu em Uberlândia com 61m88 e é a 12ª do ano.
Lembrando que as provas de arremesso de martelo feminino, além do disco e do peso masculino, não foram disputadas em nenhum dos quatro eventos.
O campeão olímpico do martelo, o esloveno Primož Kozmus venceu em Belém com 79,90, sendo assim o terceiro melhor do ano. O atleta do Tadjiquistão, Dilshod Nazarov, venceu em Uberlândia com 79m28 e está entre os oito melhores da temporada. Os dois fizeram três dobradinhas nos meetings, com vantagem de 2x1 para Kozmus. O terceiro colocado em Uberlândia, o italiano Marco Lingua, que tem a quarta melhor marca do ano, fez 77m59 no Brasil, também marca importante.
Andrea Maria Britto foi sétima em Belém com 16m32, marca ainda longe de sua melhor, 16m90, mas que a colocou entre as 50 melhores do ano. No ranking, ainda aparece atrás de Kelly Medeiros, que fez 16m57 numa prova dos EUA. No disco, Elisângela Maria Adriano foi bronze e mFortaleza com 57m, ainda abaixo de sua melhor marca da temporada. No dardo, Alessandra foi bronze em Belém com 58m65 e está entre as 25 melhores do ano, mas ainda abaixo dos 59m58 conquistados em 2007, sua melhor marca. Destaque também para Jucilene de Lima, de 19 anos, que quebrou o recorde sul-americano juvenil da prova ao ficar em 6º em Belém com 56m65, marca entre as 40 melhores do ano.
Entre os homens, melhor para Julio Cesar Miranda de Oliveira, vicecampeão em Fortaleza com a marca de 74m91, entre os 30 melhores do ano. Luiz Fernando da Silva foi quarto na mesma competição, com 72m94, e mesmo já ""aposentado", já que atualmente é técnico, continua em boa forma. No martelo, a melhor marca de Wagner Domingos foi de 66m57, sem entrar entre os 50 melhores do ano.
O americano Jesse Williams saltou 2m33 em Belém e conseguiu a segunda melhor marca do ano, enquanto o vice campeão, o brasileiro Jessé Farias fez 2m31, muito perto de seu recorde brasileiro que é 2m32, e tem o quarto melhor salto do ano. No salto com vara de Fortaleza, João Gabriel Santos Sousa venceu com 5m30, distante de sues 5m46, melhor marca dele no ano, que o coloca entre os 40 melhores do ano.
No salto em distância, o cubano Wilfredo Martinez venceu com 8m05 a prova de Fortaleza e está em 11º do ano, uma posição atrás do brasileiro Erivaldo Vieira, que fez 8m06 em uma prova do início do ano. Vieira, entretanto, fez 7m29 no meeting brasileiro. No Rio, novo domínio dos estrangeiros, mesmo com a ausência do campeão olímpico Irving Salandino, com vitória dos cubanos, mas sem marcas muito expressivas.
No salto triplo, o campeão olímpico Nelson Evora fez um salto espetacular em Belém, 17m66, e tem a melhor marca do ano. Atrás dele, Arnie David Girat que marcou 17m50, mas já tem 17m62 na temporada e venceu em Uberlândia com 17m42. Das 10 melhores marcas do ano na prova, sete foram conquistadas em solo brasileiro. Interessante lembrar também o salto de 17m09 do brasileiro Jeferson Sabino, quarto em Belém e a ausência do finalista olímpico Jadel Gregório.
Entre as mulheres, todos esperavam uma brilhante atuação de Maurrem Maggi, campeã olímpica, que venceu a prova do Rio com o belo salto de 6m85, mas que brilhou mesmo foi a vencedora da prova de Belém, a americana Brittney Reese, que saltou 7m06, melhor salto do ano. Keila Costa, vice campeã em Belém e no Rio, esteve muito bem, saltando 6m78 e 6m72, ficando com duas das 15 melhores marcas da temporada.
No salto com vara, Fabiana Murrer não passou em nenhum salto no Rio e conseguiu 4m40 em Belém, ainda distante de seus 4m81 conquistados indoor no começo do ano, mas do jeito que está sua preparação, parece que vai chegar muito bem ao mundial de Berlim.
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