quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Se a olimpíada fosse em 2009- Mundial de handebol masculino

O primeiro grande torneio pós olimpíada foi o mundial masculino de handebol, disputado na Croácia entre os dias 16 de janeiro e 1º de fevereiro. A seleção campeã foi a França, que conseguiu repetir o feito de Pequim, quando foi ouro, vencendo na final a seleção dona da casa, a Croácia, quarta colocada na olimpíada de 2008 e campeã mundial em 2005, por 24x19.

O grande nome do campeonato foi o francês Michael Guigou, que marcou impressionantes 10 gols na final diante da Croácia, fazendo parte da seleção do mundial. Outros dois franceses fizeram parte da seleção: O melhor goleiro, Thierry Omeyer e o melhor armador, Nikola Karabatic. A Croácia também contou com três jogadores na seleção: O pivô Igor Vori, o ponta Ivan Cupic e o meia Blazenko Lackovic. O sétimo jogador da seleção foi o polonês Marcin Lijewski.

Para quem acha que um campeonato logo depois de uma olimpíada não teria crédito entre os jogadores está enganado. 10 dos 12 campeões olímpicos franceses estiveram no mundial, inclusive um dos dois atletas que fizeram parte da seleção das olimpíadas: O goleiro Omeyer(melhor goleiro também do mundial). A ausência foi o pivô Bertland Guille, que foi da seleção da olimpíada mas não disputou o mundial.
Na campanha para o título mundial, venceu Romênia, Argentina, Hungria, Eslováquia e Austrália na primeira fase, terminando em primeiro do grupo, com 168 gols pró. Na segunda fase, venceu a Suécia e a Coréia do Sul, mas acabou perdendo para a Croácia por 22 a 19. Nas semi finais, vence a Dinamarca por 27 a 22 e na final devolveu a derrota sofrida na primeira fase, vencendo a Croácia por 24 a 19.

Com o título mundial da França, o esporte segue como um dos mais equilibrados do planeta,com campeões alternados recentemente. Nenhum time ganha dois títulos mundiais seguidos desde a Romênia, nos anos 1970. Desde lá, oito times diferentes venceram o torneio, mas nunca de forma seguida. A França foi a primeira seleção desde a Iuguslávia no início dos anos 80 a vencer um campeonato mundial depois de ser campeã olímpica.
A prova do equilíbrio é que a Islândia, surpreendente vice campeã olímpica em Pequim, não se classificou para o mundial, perdendo para a Macedônia nas eliminatórias européias. A Europa, que nunca perdeu um mundial, é o continente mais forte no esporte e tem direito a 12 das 24 vagas no mundial.

A seleção da Polônia, vice campeã mundial em 2007 e eliminada nas quartas de finais pela Islândia em Pequim 2008, ficou com a medalha de bronze no mundial. O time fez uma primeira fase irregular, perdendo para Macedônia e Alemanha, e se classificou com três vitórias para a segunda fase, em que derrotou a Dinamarca, a Sérvia e a Noruega, esse último num jogaço com vtória por 31 a 30 em que se fosse derrotada,saíria da competição. Nas semi finais, perdeu para a Croácia.

Umas das maiores decepções do campeonato foi a Espanha. Campeã mundial em 2005, e sexto no mundial de 2007,além de medalha de bronze em Pequim, ficou ainda na primeira fase, com duas vitórias, sobre Kwait e Cuba, e três derrotas- para Suécia, Croácia e Coréia do Sul, esse último por 24 a 23, em uma partida que, com o empate, o time se classificava. O time foi praticamente o mesmo de Pequim, com Juan Garcia e Albert Rocas, respectivamente artilheiro e membro da seleção da olimpíada de Pequim, mas acabou sucumbindo na primeira fase, depois vencendo mais quatro jogos e terminando em 13º.
Outra atuação decepcionante foi da equipe russa, campeã mundial e olímpica nos anos 1990, e que vive uma fase não muito fértil com relação a títulos. O time, sexto no mundial de 2007 e eliminado pela França em Pequim 2008, terminou o mundial em 16º. Na primeira fase, empatou com a Alemanha, mas perdeu para Polônia e Macedônia, dando adeus a competição.

A Alemanha,campeã mundial de 2007 mas que caiu na primeira fase na olimpíada de 2008, novamente não foi muito bem, indo à segunda fase, mas ficando em terceiro em seu grupo, depois de empate com a Sérvia e derrota por um gol para Noruega.
A Dinamarca, campeã européia e quadrifinalista em Pequim, ficou na quarta posição, depois de passar invicto pela primeira fase, vencendo todos seus jogos- Brasil, Egito, Arábia, Noruega e Sérvia. Depois, perdeu para a Polônia tanto na segunda fase,como na disputa pelo bronze.

As 10 primeiras posições foram de equipes européias, o que prova a total superioridade do continente. A África, tão emergente no esporte, vive dias melhores, e conseguiu até que boas campanhas com Egito (14º) Tunísia (17º) e Argélia (19º). Já as Américas, vão de mal a pior, com a Argentina em 18º, Cuba em 20º e Brasil em 21º.

O Brasil, aliás, participou do campeonato com um time totalmente renovado. 11 dos 15 jogadores nunca tinham disputado um mundial. O grupo- como todos os outros- era bastante complicado, com três fortes equipes européias. Nas duas primeiras partidas, esperadas derrotas para Dinamarca- 40 a 27- e Noruega- 39 a 21.
Aí veio a partida que parecia ter mudado o mundial para o Brasil. Diante da Sérvia, que terminou em oitavo o campeonato, a equipe venceu por 32 a 30 com 10 gols de Felipe Borges, que se tornou o melhor jogador do Brasil no campeonato. Na partida seguinte, vitória mais apertada que o esperado sobre a Arábia Saudita- 26 a 24. Porém, a inesperada vitória da Sérvia frente a Noruega colocou o Brasil em situação complicada de classificação, não dependendo só de sí.
Na partida contra Egito, tradicional equipe africana que terminou em 13º no mundial, o Brasil acabou sucumbindo, perdendo por 25 a 22.
Daí em diante, derrotas apertadas mas inesperadas para Argélia( 29 a 28), Tunísia ( 34 a 33) e a esperada para a Rússia 25 a 22. Depois, na disputa pela 21ª posição, vitória sobre Kwait.

Felipe Borges marcou ao todo 61 gols, sendo o terceiro maior artilheiro da competição, atrás de Kiril Lazarov, da Macedônia e Ivan Cupic, da Croácia.
Balanço feito pelo técnico Washington Nunes
"Saímos do Brasil com o propósito de vencer a Arábia e fazer um bom jogo diante do Egito, já que equilibrar as partidas diante dos três europeus (Dinamarca, Sérvia e Noruega) seria algo muito pretensioso. Mas, na primeira fase, ganhamos também da Sérvia, e é bom sempre lembrar que, em jogos oficiais, desde 1999 o Brasil não vencia uma seleção européia. Assim, fizemos uma primeira fase que superou as expectativas.
Frustração: Em decorrência da juventude do grupo, do desgaste, e da impossibilidade de utilizar o Adalberto, tivemos dois resultados frustantes. Não pela qualidade dos adversários, porque Egito e Tunísia ocupam um patamar acima do nosso. Mas pela maneira como eles aconteceram, ou seja, perdemos nos minutos finais. A equipe não soube administrar o resultado. Em compensação, fizemos um ótimo jogo diante da Rússia, para quem perdemos por apenas três gols, o que não é demérito algum. Isso mostra a inconstância de uma equipe inexperiente, ainda. O grupo olímpico mostrava entrosamento somente pelo olhar. Com número insuficiente de treinos, justificável pelas circunstâncias, estes atletas conheceram os adversários apenas pelas edições de vídeos. E o interessante é que conseguimos atuar melhor diante de seleções mais fortes do que diante de outras teoricamente mais fracas.
Experiência: Foi a primeira experiência internacional, em equipes adultas, do Didier, Diógenes, Júlio, Welington, Ales e Babo. Estes seis atletas voltam ao Brasil com uma bagagem maior em suas carreiras e, consequentemente, mais bem preparados para os próximos desafios.
Futuro: Terminei o Mundial muito satisfeito. Saio daqui com uma sensação muito boa em relação às expectativas futuras, pelos resultados parelhos que obtivemos. É lógico que tivemos jogos que a vitória seria possível mas, repito, poder fazer uma base para o próximo ciclo olímpico considero que foi fundamental."

Não que a 21ª posição seja boa, mas com o time renovado que tivemos, a preparação pífia, somada com a troca de técnicos que foi decidida somente dias antes do mundial, a vitória sobre a Sérvia e o equilibrio contra a Rússia foram importantes. Talvez as derrotas para Tunísia e Argélia tenham apagado o brilho.

3 comentários:

  1. Muito legal a análise.. Bem feita... só tem dois erros não graves... Priemiro o pivô francês Bertland Guille não particiou do Mundial. E segundo que o texto diz que a França devolveu a derrota sofrida para a Croácia, na segunda fase, na decisão. Na verdade a derrota não foi sofrida, pois ambas as equipes atuaram com os times praticamente reservas, pois já estavam classificados para as semifinais.

    Mas parabéns pelo blog!! muito interessante!!!

    abraços

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  2. Muito obrigado pelas correções, mas pelo que eu vi no site ele tava na delegação!
    Mas vou confirmar e arrumar
    abraços!

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  3. O grande problema do handebol brasileiro é o posicionamento dentro de quadra.

    Enquanto as equipes européias utilizam o sistema defensivo 6:0, o Brasil ainda não evoluiu e continua a utilizar a marcação "homem a homem".

    E este sistema no handebol atual é um verdadeiro suicídio !

    O resultado disto pode verificar-se a cada edição do Campeonato Mundial.

    Não utilizar o 6:0 no handebol moderno é algo como se uma equipe de vôlei abrisse mão do bloqueio.


    BR

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