terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Esporte à esporte- Triatlo

O triatlo passou a fazer parte do programa olímpico em 2000, com a distância de 1,5km de natação, 40km de ciclismo e 10km de corrida. E, desde lá, o nível brasileiro, infelizmente, tem decaído, depois de seis atletas em 2000, seis em 2004 e apenas três em 2008. Em 2000, Sandra Soldan chegou a liderar a prova na parte do ciclismo e terminou na 11ª posição, melhor colocação até hoje de um triatleta brasileiro em olimpíadas. No ano seguinte, foram novamente seis atletas para Atenas, número máximo que o Comitê Olímpico permite, apesar de não termos repetido os resultados de 2000. Agora, em 2008, levamos apenas dois atletas entre os homens e uma mulher, sendo que Juraci Moreira foi o último a se classificar pelo ranking.

Os atletas apontam a falta de provas no Brasil e na América do Sul um dos principais motivos da decadência no número de classificados: "O triatlo por ser um esporte tão jovem e ter apenas estado presente em três olimpíadas se torna um esporte que esta sempre em processo de evolução, para esses jogos olímpicos de Pequim o critério de classificação foi bem diferente em relação aos jogos anteriores de Sidney e Atenas,e claramente tornava as chances do Brasil conquistar três vagas mais difícil uma vez que praticamente não houve provas na América do Sul que pontuavam no processo seletivo dos jogos" ressalta Reinaldo Colucci, um dos atletas brasileiros em Pequim.

Mariana Ohata, única mulher em Pequim, concorda com Reinaldo: "A gente tinha uma prova no Rio de Janeiro até há alguns anos atrás. Mas, não sei mesmo o porquê que não temos mais. Era excelente competir em casa, com a torcida. Foi uma perda muito grande e está muito mais difícil e caro para ganhar pontos. Agora, para pontuar, temos que ficar viajando por dois, três meses em vários países, o que é muito mais caro".

Mas, apesar das mundanças no critério de pontuação e da falta de provas do Brasil, os atletas sabem que está faltando renovação da equipe brasileira: 'Creio que essa mudança de pontuação junto a carência de uma renovação de atletas de alto nível foram os fatores predominante para a diminuição de atletas integrantes da equipe" explica Reinaldo.

Atualmente, no ranking mundial da Copa do Mundo, Reinaldo é o melhor brasileiro, na 24ª posição, enquanto Jucaci Moreira é 76°. Entre as mulheres, Mariana Ohata é a única no ranking, na 30ª posição. No ranking mundial, Reinaldo é 37°, Igor Armorelli é 63°, graças aos resultados obtidos já esse ano nas provas continentais, Juraci está três posições atrás. No feminino, Mariana Ohata é atualmente a 48ª, Vanessa Giannini é 118° e Carla Moreno está em 207°.

Em termos pan-americanos, EUA e Canadá são os principais rivais.Em 1999, no primeiro pan-americano da equipe Mariana Ohata, Carla Moreno e Sandra Soldan, o melhor resultado foi a prata de Carla. Quatro anos depois, nenhuma medalha foi conquistada entre as mulheres, mas o time ficou em quarto, com Carla, quinto, com Sandra, e sexto com Mariana. Já ano passado, no Rio, o trio fez seu pior Pan, com Mariana sendo a melhor, em sexto.

Entre os homens, André Barcellos foi o melhor em 1999,na quarta posição, mas nas duas últimas edições, vieram medalhas. Em 2003, prata com Virgílio de Castilho e ano passado, bronze com Juraci. A diferença entre os homens a as mulheres ultimamente é que o sexo masculino tem conseguindo uma renovação, com alguns atletas disputando provas internacionais, enquanto o feminino, depois da saída de Sandra, e da mudança de planos de Carla Moreno, só tem Mariana Ohata no cenário nacional.

Na última olimpíada, Juraci, que é um dos únicos nove homens a terem disputado as três olimpíadas do triatlo, ficou em 26° depois de uma boa prova, em que se manteve entre os primeiros no ciclismo. Já Reinaldo ficou em 27° e Mariana Ohata, no feminino, ficou em 37°, com o calcanhar bastante machucado.

"O Brasil tem atletas que estão começando a disputar o circuito mundial que podem brigar pela vaga em 2012. Mas o que tem que lembrar é que não é um trabalho de um ano e sim são quatro anos trabalhando para uma olimpíada." ressalta Mariana, referindo-se a novas meninas que vem chegando para lutar por vagas em equipes olímpicas do Brasil.

No brasileiro do ano passado, se viu, talvez, uma renovação. Diogo Sclebin, Rio de Janeiro, (1.55:09) e Vanessa Gianinni, São Paulo, (2.10.15) conquistaram os títulos de campeões brasileiros de triathlon olímpico. Gustavo Tachibana foi o brasileiro com melhor desempenho no Mundial dentre os atletas que competem nas categorias de idade. Ele obteve a quinta colocação na faixa etária 18 a 19 anos com o tempo de 1.48:10.

Porém, o triatlo tem um trunfo, que na verdade deveria ser uma obrigação, mas no Brasil acaba sendo um lado positivo. Ao contrário de muitas outras modalidades, atletas e dirigentes estão em harmonia. "Vou falar por mim e não por todos. A relação é saudável, não tenho o que reclamar, nunca tive nenhum tipo de problema com o presidente. Sempre houve muito respeito dos dois lados e admiro o que ele vem fazendo hoje, como treinamentos de novos talentos" disse Mariana Ohata.
Já Reinaldo, ao ser perguntado se atletas e confederação estão 'lado a lado', refuta, mas concorda "Não sei se a expressão " lado a lado" é a mais correta a ser usada pois existem momento onde sempre ha um atrito entre atletas e confederação mas creio que isso é de certa forma normal pois sempre haverão interesses diferenciados".

O grande problema do triatlo é que, a partir do momento que passou a ser olímpico, houve investimentos grandes em todos os principais países do mundo, já que quando se fala em olimpíadas, as coisas mudam. O Brasil,que tinha um campeão pan-americano e mundial, Leandro Macedo, não acompanhou esses investimentos e perdeu espaço no cenário mundial, principalmente depois dos Jogos de Atenas. Agora, é hora de recuperar o tempo perdido, pois, como todos sabem, material humano temos de sobra. Vamos torcer para que tenhamos uma equipe completa em Londres 2012.

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