E o interventor deu uma entrevista ao blog, explicando qual é seu principal objetivo para colocar a vela na mídia nacional. " Gestão Profissional" resume. Quanto ao futuro, está bastante otimista "A perspectiva para o futuro é muito boa, visto que temos uma Equipe Olímpica jovem, porém amadurecida com a participação nos últimos Jogos".
Além disso, explicou resumidamente o que aconteceu quando assumiu o poder da entidade, cargo deixado por Lars Grael. "A maior dificuldade encontrada pelo Lars, que gerou grande desconforto, temor pelo futuro e a consequente renuncia; foi a situação do contencioso da CBVM, com as duas autuações da Receita Federal, referentes ao Bingo Augusta vinculado a CBVM, que totalizavam multa no valor aproximado de R$ 84.000.000,00"
Abaixo, a entrevista na íntegra
Guilherme Costa: A vela é o esporte que mais ganhou medalhas olímpicas na história para o Brasil. Mesmo assim, é pouco divulgada e noticiada na mídia frente aos outros esportes. O que falta para que a vela tenha o espaço que merece na TV, rádio, jornal e revistas??
Carlos Luiz Martins Gestão Profissional. A Vela como a grande maioria dos esportes, ditos amadores, sofre com a carência de recursos, o que impossibilita a contratação de profissionais de todos os níveis, principalmente de assessoria de imprensa. Esta situação esta mudando gradativamente, visto que os principais clubes de Vela do Pais, estão contratando profissionais para Gerenciarem os respectivos Departamentos de Vela.
GC: Na olimpíada, conseguimos além de duas medalhas, duas posições entre os oito primeiros, o que mostra que a vela brasileira está muito bem. Porém, vimos decadência no número de classes classificadas, nos resultados nas olimpíadas(Em Atenas ficamos 5 classes entre os 10 primeiros). Quais são as perspectivas para o futuro da vela olímpica brasileira?
CLM: A perspectiva para o futuro é muito boa, visto que temos uma Equipe Olímpica jovem, porém amadurecida com a participação nos últimos Jogos, e principalmente, muito disposta para o novo ciclo Olímpico e consciente da necessidade do desenvolvimento com o acompanhamento de várias multidisciplinas - Preparação Física, Nutrição, Fisioterapia, Psicologia do Esporte, etc.
GC: O Senhor é interventor do COB na confederação. De que modo você assumiu a entidade quanto a dinheiro, recursos e equipamentos? Quais foram as dificuldades que Lars Grael encontrou para presidir a entidade?
CLM: Quando assumi no dia 1º de fevereiro o orçamento de 2007 já estava em vigência, com o COB, efetuando normalmente os repasses de recursos. A maior dificuldade encontrada pelo Lars, que gerou grande desconforto, temor pelo futuro e a consequente renuncia; foi a situação do contencioso da CBVM, com as duas autuações da Receita Federal, referentes ao Bingo Augusta vinculado a CBVM, que totalizavam multa no valor aproximado de R$ 84.000.000,00.
GC: A vela, no geral, tem inúmeras classes mas apenas algumas são olímpicas. Quais são os investimentos nas classes não olímpicas?Eles existem?
LCM: Fora as Classes Olímpicas, há o investimento anual na Vela Jovem (Optimist, Laser 4.7 e Radial, RS:X e 420) com treinamentos e a participação nos Campeonatos Mundiais; e há o investimento nos anos que antecedem e nos anos dos Jogos Pan-americanos nas Classe Pan-americanas. Fora estas classes, é difícil auxiliar qualquer outra. Para compensar esta falta, estamos investindo na formação e no aprimoramento de recursos humanos, nas áreas de arbitragem (Gerente de Regata - CR, Juiz de Regata - CP e arbitro de Regata - MR) e técnica (Técnico de Vela), pois entendemos que com a qualificação dos recursos humanos melhoramos o esporte como um todo.
GC: Os resultados de Robert Sheidt na laser durante anos fizeram com que a classe tivesse muitos atletas nesses últimos anos. Temos condições de acontecer isso com as classes Finn, RS:X, 470 ou star atualmente, já que não temos um número expressivo de barcos nestas classes? LCM :O que faz uma Classe ter muitos adeptos não é o fato de ter um velejador excepcional igual ao Robert, e sim a conjunção de 2 fatores: Organização e custo do equipamento. O principal problema para as Classes Olímpicas crescerem é a questão do custo do equipamento que é muito alto.
GC: A vela feminina sempre esteve abaixo da masculina no Brasil em todos os sentidos. Depois da medalha das meninas em Pequim, o que o senhor acha que melhorará para as meninas velejadoras?
LCM : A medalha de Bronze vai ser um grande incentivo, porém não só para as mulheres e também para os homens, pois a conquista desta medalha é um case muito interessante, que mostra que é possível conseguir um resultado expressivo em Jogos Olímpicos, mas não basta só talento, e sim muito comprometimento e uma equipe de apoio de multidisciplinar. De qualquer forma, a auto estima das mulheres mudou, e percebemos muito empolgação por parte delas. Também há a nova modalidade nos Jogos Olímpicos que é o Match Race Feminino, que também esta trazendo um novo animo as mulheres.
GC: A vela,na opinião geral do público, é muito chata de ser vista pela TV. As medias da Confederação Internacional para tornar as regatas mais atrativas para televisão deram certo? O que falta para termos uma transmissão pela TV de eventos sem ser olimpíadas, no Brasil? LCM :A Regata da Medalha (Medal Race) foi um grande passo e que deu muito certo. Há em curso outros medidas, que ainda estão sendo estudadas, que visam tornar as regatas mais atrativas. Porém, como mencionado no primeiro item, a gestão profissional é o que vai incentivar a "popularização" da transmissão pela TV.
GC: Quais são os planos para 2009 quanto a resultados, viagens para competições, campeonatos nacionais, aquisição de equipamentos etc.??
LCM: O ano de 2009 será muito especial, pois o Brasil será sede de 5 eventos mundiais: Nations Cup Grand Final - Porto Alegre - RS; Volvo Ocean Race (Stopover) - Rio de Janeiro - RJ; Volvo Youth Sailing ISAF World Championship - Búzios - RJ; World Laser 4.7 Youth Championships 2009 - Búzios - RJ e IODA World Sailing Championship 2009 - Niterói - RJ; de extrema repercução na Vela Mundial; e será o inicio da Campanha para os Jogos Olímpicos de 2012. Neste primeiro ano, havendo recursos, estamos programando para a Equipe Olímpica a participação nas Semanas de Vela - Palma, Hyeres, Medemblic e Kiel, nos Campeonatos Mundiais e na Semana de Vela Waymouth. No Brasil, vamos continuar realizando os cursos, clinicas e palestras nas áreas de regras, arbitragem e técnica, e estamos estudando auxiliar na parte técnica na realização dos Campeonatos Brasileiros das Classes de Vela Jovem, Pan-americanas e Olímpicas.
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