domingo, 9 de novembro de 2008

Entrevista com Oscar

Ele participou de cinco olimpíadas, abriu mão de disputar a NBA, é recordista de pontos na história do basquete, quase ganhou um sul-americano pelo Corinthians, ganhou o mundial pelo Sírio em 1978 que ajudou a popularizar o esporte no Brasil, criou um campeonato paralelo ao nacional organizado pela CBB...
Ele é Oscar Schmidt, que respondeu à uma série de perguntas minhas por e-mail há cerca de 10 dias.

Não poupou críticas à ninguém e resumiu a situação do basquete no país com " Nosso basquete nunca esteve pior". Além disso, colocou em dúvida a ausência das estrelas brasileiras no último pré olímpico: " As desistências foram tristes...Muita coincidência".
Lembrou das olimpíadas de 1988 quando o Brasil perdeu nas quartas de finais um jogo que podia ter ganho da União Soviética, que posteriormente ficou com a medalha de ouro, e falou que o esporte brasileiro "Está resumida a seleção brasileira de futebol", querendo que os clubes de maior tradição no futebol volte a ter times de basquete.

Abaixo a entrevista completa

Guilherme Costa Você é um dos únicos atletas brasileiros e jogadores de basquete do mundo> que disputou cinco Jogos Olímpicos e por isso entende do assunto como ninguém. O que tem faltado para o Brasil conseguir a classificação no basquete masculino, ausente desde 1996?
Oscar: Nós não temos mais uma seleção comprometida de verdade , infelizmente, haja visto a quantidade de jogadores que desertou da ultima vez, é preciso que os jogadores encarem a Seleção como prioridade outra vez e copiem o Thiago Splitter e o Alex

GC: Quando falamos de basquete, uma mancha vem na cabeça de todos, com relação ao presidente da CBB, o Grego. Como esse dirigente, tão odiado por todos no basquete, consegue estar no poder desde 1997, superando intervenções, confusões com os maiores nomes da história do esporte, críticas da mídia etc...? E quanto a legislação vigente, em que o atleta não tem direito a voto para presidência, o que você acha?
OS: Nossa estrutura esportiva é muito antiquada, não pode um cara entrar lá e só sair morto, e sem salário! As duas únicas coisas imprescindíveis no esporte coletivo não votam, a bola e o atleta, enquanto não mudar isso...

GC: Você criou a Nossa Liga, campeonato que tentou competir com o nacional> oficial da Confederação Brasileira. O que faltou para a Liga superar em termos> de investimentos, clubes e divulgação o nacional da confederação?
OS: Faltou mais coragem da parte de alguns, a liga foi criada por unanimidade, e pouco a pouco alguns desertaram, indo em contra aquilo que eles mesmo defendiam, infelizmente sem o apoio da cbb não existirá liga, e parece que agora vai sair, ainda bem, assim vejo que meus esforços não foram de todo em vão.

GC Poucos lembram, mas o time da olimpíada de Seul ficou muito perto de uma> medalha, perdendo a vaga nas semi finais para Rússia, futura campeã, nos últimos segundos depois de dominar a partida. Conte-nos como foi para você esse jogo emocionante.
OS: Não ganhamos a medalha porque perdemos da União soviética, perdemos a medalha porque subestimamos a Espanha, que ficou colocada depois do oitavo lugar, se tivéssemos ganho da Espanha teríamos jogado contra a Austrália no cruzamento, com muito mais chances de ganhar, a União Soviética foi medalhade ouro e suou muito para ganhar de nos

GC: O Corinthians manteve durante um bom tempo um belo time de basquete,> culminando com o histórico jogo da final da Liga sul-americana de 1996, quando> seu time saiu derrotado numa batalha. Você acha que se voltarmos a unirmos o basquete com os times de futebol, como por exemplo Flamengo, Botafogo, Fluminense e Vasco, o esporte tende a crescer ou o objetivo é desvíncular o basquete ao esporte mais popular do mundo?
OS: O esporte brasileiro se resume a seleção brasileira e time de camisa, com eles no basquete teríamos o melhor campeonato do mundo e já tivemos prova disso, em São Paulo e no Rio

GC: Apesar de não atuar na parte mais financeira e administrativa do basquete,> imagino que você conheça muito bem a relação dos clubes com o patrocínio. Você acha que há uma exploração por parte das marcas, ou é normal que elas queiram se colocar a frente do time, com nomes como Franca Marathon, Unimed etc...?
OS: Claro que sim, é normal, o que você faria se fosso um patrocinador? Eu queria retorno de mídia, e o que eles buscam, e assim fica um pouco mais difícil, o resultado da quadra as vezes nem é o mais importante, o mais importante é quanto você devolve de espaço nas TVs.

GC Você não jogou na NBA pois, naquele tempo, se um atleta fosse profissional não poderia disputar os Jogos Olímpicos. Hoje em dia, você acha plausível um jogador desistir de disputar a Liga Norte americana para ficar no Brasil, onde se destaca mais pelo nível mais baixo, ou até mesmo no basquete da Europa?
OS: Claro que não, hoje eu iria para a NBA também, é lógico, mas isso não impede que você jogue na seleção, todo atleta deveria se orgulhar de jogar na seleção de seu pais, isso precisa reverter aqui no Brasil, a custo de não convocar mais esses jogadores

GC: Alex, Leandrinho ,Guilherme, Varejão e Nenê. Você acha que com esse quinteto titular, teríamos conseguido a vaga para Pequim? Qual é sua opinião com relação á desistência dos principais atletas brasileiros?
OS: As desistências foram tristes...Muita coincidência...com eles teríamos mais chances, mas poderíamos não classificar mesmo assim, como nos Estados Unidos

GC: Muitos acham que o basquete brasileiro está acabando. Mas esses mesmo nunca foram para Assis ou Rio Claro ver a multidão que assiste cada um dos jogos de seus times, mostrando que o esporte ainda tem muita popularidade. Qual é sua opinião com relação ao atual momento do basquete brasileiro, com relação a presença de público, divulgação na mídia, patrocinadores etc...?
OC: Nosso esporte nunca esteve em momento pior, e isso é claro,mas tudo tem solução, basta tentar fazer, a CBB tem que ter atitude para fazer coisas diferentes se ficar como era 30, 40 anos atrás nada vai mudar. È precisofazer escolinhas com as federações em todos estados, e preciso uma liga dos clubes, e preciso um centro de excelência da cbb, e preciso resgatar a vontade de jogar na seleção brasileira é preciso se organizar melhor com o propósito de fazer uma boa seleção.

GC: O Josuel, grande atleta brasileiro com duas olimpíadas nas costas, além de anos de seleção brasileira voltou a jogar recentemente e vem se destacando em seu time. Isso prova que o basquete dentro do Brasil decaiu de nível, já que o consagrado atleta está 42 anos? Ou é puro mérito de Josuel?
OS: O Josuel e um craque, com 30 ou 42 anos, não importa, e mérito dele e domortari que acreditou nele, desejo muita força ao Josuel, que e ainda um dos melhores do pais

2 comentários:

  1. Quem é que pode contestar o grande Oscar? Concordo quando ele diz que o basquete brasileiro nunca esteve tão mal e o pior e que não vemos uma luz no fim do tunel a longo prazo.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Guilherme!!

    Parabéns pelo seu apoio aos esportes em geral!!

    Parabéns por entrevistar um dos maiores ídolos do esporte nacional brasileiro!!

    Parabéns por dar visibilidade a esportes que mal são citados no Brasil!!

    Parabéns pelo esforço de trabalhar em dois lugares e manter um blog sobre as Olimpíadas de 2012!

    Espero qeu tenha sucesso no seu blog e na vida profissional.

    Abraços!

    ResponderExcluir