Jessé Farias foi finalista olímpico, finalista do mundial, é recordista brasileiro, recordista do Troféu Brasil, campeão sul-americano no salto em altura. E mesmo assim não é reconhecido pela imprensa, como eles mesmo disse: "As pessoas que realmente reconheceram foram aquelas que estão próximas de mim, amigos, família e pessoas em presentes nos lugares que vou com freqüência(...) Em outras palavras um 6º, 7º ou 8º lugar são considerados derrotas, mesmo que o atleta tenha feito um resultado pessoal e tanto. "
Muito atencioso desde antes dos Jogos Olímpicos, quando entrei em contato com ele pela primeira vez, ele deu uma entrevista por e-mail longa e muito completa. Contou sobre as olimpíadas, pan-americano, detalhou seus saltos, falou da CBAt, criticou a imprensa...Enfim, falou de tudo um muito, inclusive ao término da entrevista quando dei um espaço para ele falar sobre o que quisesse. E falou bem, e muito, o que é sempre muito bem vindo neste blog.
Este ano, Jessé foi o único atleta masculino do Brasil a bater o recorde brasileiro em sua prova. Saltou 2m32 numa prova depois dos Jogos Olímpicos e ante já havia feito 2m30, marca que igualou seu próprio recorde. Mas ele quer mais. " A parte técnica é onde estou mais carente e foi o que me complicou nos jogos. Há muito que melhorar".
Abaixo, a entrevista na íntegra
Guilherme Costa A imprensa e o público em geral brasileiro só prestam atenção em medalhas. Você acha que o reconhecimento que você tem pela imprensa e público pela final olímpica obtida esse ano é o que deveria ter?
GC : É uma pergunta estranha de se fazer mas, se a final olímpica fosse no dia das eliminatórias, em que você saltou tão bem e não errou nenhum salto, você acha que poderia bater recorde brasileiro, sul-americano e brigar pelo pódio, já que você só parou de saltar pois já estava classificado? Esse dia poderia ter rendido mais?
Atualmente vejo o futuro do atletismo do Brasil com outros olhos. Estou representando a EQUIPE REDE ATLETISMO. O projeto que a Equipe tem me faz querer voltar no tempo só para que eu pudesse aproveitar melhor tudo que eles estão fazendo pelo Atletismo. Estão oferecendo todas as condições necessárias para o desenvolvimento de grandes atletas, desde o início de suas carreiras até o seu ápice. O que sempre sonhei acontecer no atletismo a EQUIPE REDE ATLETISMO está tornando real. Um projeto “completo”.
O atletismo está entrando numa nova era. Uma infra-estrutura de treinamento jamais criada no Brasil. Um centro único, privado, que pertence ao próprio projeto. Um Centro com pista oficial de última geração (Mondo), aprovada pela IAAF, além de instalações administrativas, centro de musculação e fisioterapia, alojamentos, refeitórios, estacionamento, heliponto e outros.
Jessé Farias: Não. Não foi e está longe de ser. As pessoas que realmente reconheceram foram aquelas que estão próximas de mim, amigos, família e pessoas em presentes nos lugares que vou com freqüência. Acredito que a falta de valorização que as pessoas dão é muito influenciada pela imprensa, pelo que passa na TV e etc. Pois eles comumente expõem como derrota a não conquista de uma medalha. Em outras palavras um 6º, 7º ou 8º lugar são considerados derrotas, mesmo que o atleta tenha feito um resultado pessoal e tanto.
GC : É uma pergunta estranha de se fazer mas, se a final olímpica fosse no dia das eliminatórias, em que você saltou tão bem e não errou nenhum salto, você acha que poderia bater recorde brasileiro, sul-americano e brigar pelo pódio, já que você só parou de saltar pois já estava classificado? Esse dia poderia ter rendido mais?
JF: Apesar de parecer uma pergunta estranha, foi um comentário bem comum que recebi ao voltar dos jogos. Com certeza poderia ter sido muuuuuuito melhor do ainda foi na classificação. Meu nível de força estava ótimo, porém minha técnica inconstante. Foi o que me complicou na final. No dia da qualificação estava tudo certo, a técnica estava bem constante e boa. Isso me permitiu explorar bem minha força explosiva, que naquele momento estava muito bem treinada.
GC Quando falei com você antes da olimpíada, você disse que tinha muita coisa para acertar em seu salto. Ainda falta muito para você acertar um salto perfeito?
JF: Bastante. Como havia dito, a parte técnica é onde estou mais carente e foi o que me complicou nos jogos. Há muito que melhorar. Isso aumenta muito a perspectiva de melhora. Em Beijing estava com um nível de força que me permitiria saltar pelo menos 2,34 – 2,35m, mas a técnica teria que estar boa. Este ano tentei quebrar o recorde Sul-Americano três vezes. Em Uberlândia-MG e em Padova-ITA tentando 2,34m, e em Lausanne quando tentei 2,35m. Pode ter certeza que não faltou muito para ultrapassar.
GC O que acontece com o atletismo mundial que tem poucos recordes batidos? Por exemplo, em um ano olímpico foram apenas 8 recodes mundiais. No Brasil então, você foi o único que bateu recorde brasileiro no masculino. Por que que existem recordes de 15, 20 e até 30 anos no atletismo, caso que não acontece na natação, por exemplo?
JF: Mundialmente, Acredito que umas das várias razões seja o controle anti-doping mais rigoroso que há alguns anos atrás. Não desmerecendo qualquer tipo de recorde quebrado naquela época. Muitos atletas são únicos em termos de qualidades intrínsecas (o talento nato). Muitos desses atletas tiveram seus potenciais muito bem explorados.
JF: Mundialmente, Acredito que umas das várias razões seja o controle anti-doping mais rigoroso que há alguns anos atrás. Não desmerecendo qualquer tipo de recorde quebrado naquela época. Muitos atletas são únicos em termos de qualidades intrínsecas (o talento nato). Muitos desses atletas tiveram seus potenciais muito bem explorados.
GC: Nas olimpíadas, o Brasil voltou com uma medalha de ouro, um total de sete finais além de resultados muito bons na marcha e no heptatlo. Porém, apenas uma atleta, a Lucimara no heptatlo, fez a melhor marca da vida em Pequim. O que falta para os brasileiros, em geral, chegarem na olimpíada e fazer literalmente seu melhor?
JF: A questão de fazer a melhor marca na prova correta não é uma questão apenas para os “brasileiros”, e sim de todos. É algo que vai muito além do querer. Envolve toda a complexidade da periodização combinada com fatores intrínsecos e extrínsecos do atleta. Por mais que o atleta queira e que o treinador e o próprio atleta façam tudo correto com o plano de treinamento fazer o melhor resultado em uma competição específica não é algo fácil. Para que você entenda que isso não é apenas uma questão Brasileira. Isso acontece com a maioria dos atletas. E não só em Jogos Olímpicos. Vamos tomar como exemplo o salto em altura.
Apenas dois atletas fizeram melhor marca em Beijing. Germaine Mason que na verdade igualou a melhor marca pessoal. Raul Spank, que superou seu recorde pessoal e Yaroslav Rybakov que fez sua melhor marca do ano. Ou seja, dos 49 atletas que foram para Beijing no salto em altura apenas um realmente superou seu recorde pessoal.
Dusty Jonas, Michal Bieniek, Mickael Hanany, Ivan Ukhov, Andrey Tereshin e Linus Thörnblad são exemplos de atletas que tinham marcas muitos boas, estavam entre os primeiros do ranking mundial e se quer foram para final.
GC: NO Pan de 2007 no Rio, você ficou fora do pódio. Como foi a experiência de saltar com um público tão grande? E o que faltou para sair de lá com uma medalha?
JF: Saltar com público grande pra mim sempre foi algo positivo e que me favorece. Tive oportunidades de saltar assim em várias competições como o PAN. O ambiente estava muito favorável. E o que faltou foi técnica no salto. Problemas na corrida especificamente. Isso fez com que eu não ultrapassasse marca que eu queira. Que seria melhorar os 2,30m.
Apenas dois atletas fizeram melhor marca em Beijing. Germaine Mason que na verdade igualou a melhor marca pessoal. Raul Spank, que superou seu recorde pessoal e Yaroslav Rybakov que fez sua melhor marca do ano. Ou seja, dos 49 atletas que foram para Beijing no salto em altura apenas um realmente superou seu recorde pessoal.
Dusty Jonas, Michal Bieniek, Mickael Hanany, Ivan Ukhov, Andrey Tereshin e Linus Thörnblad são exemplos de atletas que tinham marcas muitos boas, estavam entre os primeiros do ranking mundial e se quer foram para final.
GC: NO Pan de 2007 no Rio, você ficou fora do pódio. Como foi a experiência de saltar com um público tão grande? E o que faltou para sair de lá com uma medalha?
JF: Saltar com público grande pra mim sempre foi algo positivo e que me favorece. Tive oportunidades de saltar assim em várias competições como o PAN. O ambiente estava muito favorável. E o que faltou foi técnica no salto. Problemas na corrida especificamente. Isso fez com que eu não ultrapassasse marca que eu queira. Que seria melhorar os 2,30m.
GC: A pista do João Havelange é realmente a melhor do Brasil? Por que que ela não é mais usada em nenhuma prova?
JF: Sim, é a melhor por ser uma pista de nível 1 e pela infra-estrutura oferecida pelo estádio que tem uma outra pista oficial ao lado apenas para aquecimento. Essa combinação é ideal para grandes competições. Pena, muita pena mesmo o atletismo não poder tirar proveito disso.
GC: Tenho entrevistado vários atletas e técnicos e muitos são contra a olimpíada 2016 no Rio, apesar da maioria ainda ser a favor. Você é a favor ou contra que a olimpíada de 2016 seja no Rio?
JF: CONTRA! CONTRA! CONTRA! Doa a quem doer. O PAN para mim foi um exemplo. O que da infra-estrutura criada pelo PAN continuou no lugar para ser usado pelos atletas do Rio, por exemplo? E O estádio João Havelange que não pode sediar uma competição Nacional, que agora só serve ao futebol. Já somos carentes em quantdades de pista para treinamentos e competições, e quando temos uma oportunidade de ter uma com ótima qualidade, ela simplesmente ta lá abandonada. A única coisa realmente utilizada é o gramado J. E também não vejo o Rio como um ambiente suficientemente seguro para isso.
GC O atual presidente da CBAt está no poder há quase 20 anos. O que você acha da gestão dele? JF: Bastante efetiva. Já que foi durante esses quase 20 anos que aconteceram as grandes mudanças no atletismo, principalmente em termos de condições financeiras. Nos últimos anos o apoio da CAIXA foi adquirido durante sua gestão, e hoje esse suporte é fundamental. A vera para realizar coisas que antes eram muito distantes de ser real. Os programas de apoio a Jovens Atletas e Atletas de Alto Nível. Além de apoio treinadores. Realização de clínicas de treinamento e campings no exterior. Grandes passos foram executados, porém ainda há muito que fazer. Muitas lacunas precisam ser preenchidas. Muitas coisas que acontecem dentro da CBAt eu descordo e acho muito errado., mas prefiro não expor minhas opiniões, por enquanto.
GC: Você fez 2,32m em competição esse ano.Você já saltou mais que isso em treino? Para o ano que vem, qual é o objetivo quanto a marca e competições?
JF: Foi no GP de Lausanne, na Suíça, no dia 02 de Setembro. Dois dias antes eu tinha quebrado o recorde brasileiro em Padova-Itália, saltando 2,31m. Isso prova como o condicionamento estava bom. O intervalo de dois dias entre uma prova e outra simula a mesma situação na qualificação e final nos Jogos Olímpicos ou em Mundiais. O interessante é que mesmo saltando bem a técnica de salto não duas provas não foram tão boas quanto na qualificação. O andamento da prova também não foi tão bom, cometi muitas faltas em ambas. Em treinos não é muito comum que eu salte mais que minha marca pessoal. Este ano aconteceu algo similar. Eu fiz saltos muito bons, muito altos, mas com o sarrafo em uma altura baixa, 2,10m. Era um treino para corrigir erros na técnica, mas os saltos estavam indo muito alto. Meu treinador havia analisado os vídeos em um programa de análise biomecânica (Dartfish), para calcular o salto real. Quando que eu realmente estava subindo. Os resultados foram 2.38, 2.36, 2.35, 2.35.
Para o ano que vem o objetivo é fazer pelo menos o que eu deveria ter feito esse ano, que é saltar 2,35m. A competição mais importante do ano é o Campeonato Mundial em Berlim.
GC O atual presidente da CBAt está no poder há quase 20 anos. O que você acha da gestão dele? JF: Bastante efetiva. Já que foi durante esses quase 20 anos que aconteceram as grandes mudanças no atletismo, principalmente em termos de condições financeiras. Nos últimos anos o apoio da CAIXA foi adquirido durante sua gestão, e hoje esse suporte é fundamental. A vera para realizar coisas que antes eram muito distantes de ser real. Os programas de apoio a Jovens Atletas e Atletas de Alto Nível. Além de apoio treinadores. Realização de clínicas de treinamento e campings no exterior. Grandes passos foram executados, porém ainda há muito que fazer. Muitas lacunas precisam ser preenchidas. Muitas coisas que acontecem dentro da CBAt eu descordo e acho muito errado., mas prefiro não expor minhas opiniões, por enquanto.
GC: Você fez 2,32m em competição esse ano.Você já saltou mais que isso em treino? Para o ano que vem, qual é o objetivo quanto a marca e competições?
JF: Foi no GP de Lausanne, na Suíça, no dia 02 de Setembro. Dois dias antes eu tinha quebrado o recorde brasileiro em Padova-Itália, saltando 2,31m. Isso prova como o condicionamento estava bom. O intervalo de dois dias entre uma prova e outra simula a mesma situação na qualificação e final nos Jogos Olímpicos ou em Mundiais. O interessante é que mesmo saltando bem a técnica de salto não duas provas não foram tão boas quanto na qualificação. O andamento da prova também não foi tão bom, cometi muitas faltas em ambas. Em treinos não é muito comum que eu salte mais que minha marca pessoal. Este ano aconteceu algo similar. Eu fiz saltos muito bons, muito altos, mas com o sarrafo em uma altura baixa, 2,10m. Era um treino para corrigir erros na técnica, mas os saltos estavam indo muito alto. Meu treinador havia analisado os vídeos em um programa de análise biomecânica (Dartfish), para calcular o salto real. Quando que eu realmente estava subindo. Os resultados foram 2.38, 2.36, 2.35, 2.35.
Para o ano que vem o objetivo é fazer pelo menos o que eu deveria ter feito esse ano, que é saltar 2,35m. A competição mais importante do ano é o Campeonato Mundial em Berlim.
GC: Espaço para você falar o que quiser. sobre qualquer assunto, se desejar
JF: Comecei 2008 com um estiramento na coxa esquerda que atrapalhou a temporada indoor que realizei na Europa. Voltei para o Brasil e voltei aos treinos com o objetivo de fazer o índice para os Jogos Olímpicos no máximo no início de maio. E deu certo. No dia 11 de Maio, no GP CAIXA em Uberlândia, saltei 2,30m e garanti minha vaga nos Jogos em Beijing. Por muito pouco não saltei 2,34m (uma boa tentativa de quebra de recorde Sul-Americano).
Após fazer o índice e garantir minha vaga nos Jogos, meus treinos de voltaram para o Troféu Brasil e para os Jogos Olímpicos. No Troféu saltei 2,28m e quebrei o recorde da competição. Tentei quebrar o recorde Brasileiro, tentando ultrapassar 2,31m, mas não consegui.
Meu objetivo para os jogos era saltar em torno dos 2,35m, algo bem real pra mim. Meu condicionamento estava muito bom. O nível de força excelente. A parte técnica é que precisava de um pouco mais de treino para se tornar constante e permitir que eu explorasse o bom nível de força. Esse fator técnico foi meu maior problema durante a final dos jogos em Beijing. Algo que me atrapalhou um pouco foi não ter competido em Julho. O Comitê Olímpico e a CBAt me negaram pagar um bilhete que solicitei para ir competir na Europa em Julho. Pra mim era um momento importante, pois estava me preparando para os Jogos e eu sabia que poderia fazer um ótimo resultado lá. A intenção das provas de julho era justamente fazer pequenos ajustes na técnica, para que quando chegasse a Beijing estivesse mais consistente. Isso me fez falta.
Durante toda a temporada tive muitos problemas com inconstância técnica. Principalmente na corrida. Isto me trouxe problemas não só na final em Beijing, mas também em outras competições durante a temporada. Eu sabia que deveria executar bem a corrida para melhorar minha marca pessoal. Uma seqüência de erros na corrida me tirou da prova. Também tive excesso de cautela, acredito que isso me prejudicou um pouco. Estou habituado a competir sem o acompanhamento do meu treinador, mas naquele momento a presença dele durante a prova com certeza faria diferença. Ele conhece bem meu salto e saberia os pontos chaves para as correções. Havia outros treinadores da equipe brasileira a disposição para me ajudar, mas não era o que eu realmente precisava. Eu não tinha recursos suficientes para levá-lo para me acompanhar. Meu treinador não fazia parte da equipe do Brasil. Para ir aos Jogos o meu treinador teria que pagar a própria passagem e hospedagem. A CBAt pagou passagens e estadia apenas para treinadores (extras) que tinham atletas que, de acordo com eles, eram chance de medalha. "Acho que não era o meu caso". Porém, com 2,32m que saltei em Lausanne eu ficaria em 4° lugar, e estava bem treinado para saltar mais que isso.
FuturoJF: Comecei 2008 com um estiramento na coxa esquerda que atrapalhou a temporada indoor que realizei na Europa. Voltei para o Brasil e voltei aos treinos com o objetivo de fazer o índice para os Jogos Olímpicos no máximo no início de maio. E deu certo. No dia 11 de Maio, no GP CAIXA em Uberlândia, saltei 2,30m e garanti minha vaga nos Jogos em Beijing. Por muito pouco não saltei 2,34m (uma boa tentativa de quebra de recorde Sul-Americano).
Após fazer o índice e garantir minha vaga nos Jogos, meus treinos de voltaram para o Troféu Brasil e para os Jogos Olímpicos. No Troféu saltei 2,28m e quebrei o recorde da competição. Tentei quebrar o recorde Brasileiro, tentando ultrapassar 2,31m, mas não consegui.
Meu objetivo para os jogos era saltar em torno dos 2,35m, algo bem real pra mim. Meu condicionamento estava muito bom. O nível de força excelente. A parte técnica é que precisava de um pouco mais de treino para se tornar constante e permitir que eu explorasse o bom nível de força. Esse fator técnico foi meu maior problema durante a final dos jogos em Beijing. Algo que me atrapalhou um pouco foi não ter competido em Julho. O Comitê Olímpico e a CBAt me negaram pagar um bilhete que solicitei para ir competir na Europa em Julho. Pra mim era um momento importante, pois estava me preparando para os Jogos e eu sabia que poderia fazer um ótimo resultado lá. A intenção das provas de julho era justamente fazer pequenos ajustes na técnica, para que quando chegasse a Beijing estivesse mais consistente. Isso me fez falta.
Durante toda a temporada tive muitos problemas com inconstância técnica. Principalmente na corrida. Isto me trouxe problemas não só na final em Beijing, mas também em outras competições durante a temporada. Eu sabia que deveria executar bem a corrida para melhorar minha marca pessoal. Uma seqüência de erros na corrida me tirou da prova. Também tive excesso de cautela, acredito que isso me prejudicou um pouco. Estou habituado a competir sem o acompanhamento do meu treinador, mas naquele momento a presença dele durante a prova com certeza faria diferença. Ele conhece bem meu salto e saberia os pontos chaves para as correções. Havia outros treinadores da equipe brasileira a disposição para me ajudar, mas não era o que eu realmente precisava. Eu não tinha recursos suficientes para levá-lo para me acompanhar. Meu treinador não fazia parte da equipe do Brasil. Para ir aos Jogos o meu treinador teria que pagar a própria passagem e hospedagem. A CBAt pagou passagens e estadia apenas para treinadores (extras) que tinham atletas que, de acordo com eles, eram chance de medalha. "Acho que não era o meu caso". Porém, com 2,32m que saltei em Lausanne eu ficaria em 4° lugar, e estava bem treinado para saltar mais que isso.
Atualmente vejo o futuro do atletismo do Brasil com outros olhos. Estou representando a EQUIPE REDE ATLETISMO. O projeto que a Equipe tem me faz querer voltar no tempo só para que eu pudesse aproveitar melhor tudo que eles estão fazendo pelo Atletismo. Estão oferecendo todas as condições necessárias para o desenvolvimento de grandes atletas, desde o início de suas carreiras até o seu ápice. O que sempre sonhei acontecer no atletismo a EQUIPE REDE ATLETISMO está tornando real. Um projeto “completo”.
O atletismo está entrando numa nova era. Uma infra-estrutura de treinamento jamais criada no Brasil. Um centro único, privado, que pertence ao próprio projeto. Um Centro com pista oficial de última geração (Mondo), aprovada pela IAAF, além de instalações administrativas, centro de musculação e fisioterapia, alojamentos, refeitórios, estacionamento, heliponto e outros.
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