domingo, 7 de setembro de 2008

Mundial não é olimpíada

Ao preparar o site http://www.omundoempequim.blogspot.com/, em que analisei as 302 provas olímpicas, colocando os meus favoritos em cada uma delas, dava sempre ao campeão mundial um certo favoritismo na prova. Claro, que sempre levando em conta todos os resultados dos anos anteriores, entre Copas do Mundo, etapas do circuito mundial, tempos registrados etc...Mas sempre pensando que o campeão mundial teria uma vantagem. Por conta disso, acertei cerca de 30% dos campeões olímpicos. Um número abaixo do que eu esperava, apesar de saber que favoritismo não ganha ouro.

Mas olimpíada é outra coisa. Não é um torneio qualquer, não é um mundial. É o maior evento esportivo do mundo. Bilhões de telespectadores ao redor do mundo acompanham todos os esportes, muitos deles com pouquíssima atenção da mídia durante o restante do quadriênio. Eu sempre soube disso, mas tinha a impressão que os campeões mundiais se saíssem melhor em Pequim. Mas como já disse, olimpíada é outra coisa.

E o Brasil sentiu na pele isso. Três campeões mundiais no judô, dois na vela, um na ginástica, a equipe de volei masculina...Tantos campeões mundiais de 2007 e nossos três ouros vieram com Maurrem Maggi, quinta no último mundial, César Cielo, sexto, e o time de volei feminino medalha de prata. A expectativa da imprensa era de que nossos três campeões mundiais repetissem a dose no judô em Pequim...Nenhum foi ao lugar mais alto do pódio. Mas 9 dos outros 11 campeões de 2007 também não ganharam ouro olímpico. E o exemplo não para no judô...

Dentre os 47 campeões olímpicos do atletismo, maior número de medalhas de ouro em um esporte olímpico, apenas seis no masculino e sete no masculino haviam conquistado o ouro no mundial de Osaka, ano passado. Na natação, em que 34 provas foram disputadas em Pequim, 15 tiveram os mesmos campeões do mundial de Melbourne, em 2007. E vale lembrar que 12 destes no masculino e metade destes para o fenomêno Michael Phelps.

Nos esportes coletivos o número de países não campeões mundiais que saíram com ouro olímpico é ainda maior. No futebol, nenhum dos campeões mundiais confirmaram seus títulos, assim como no basquete, volei, handebol, pólo aquático. Beisibol e Softbol, esportes disputados somente para homens e mulheres respectivamente, também não se repetiram os campeões mundiais. Apenas no hóquei na grama tivémos os países campeões do mundo levando ouro na olimpíada.

Canoagem, remo e vela também tiveram altíssimo número de campeões mundiais sem ouro. Na canoagem, foram seis que repetiram os títulos mundiais em Pequim dentre as 14 provas, porcentagens parecidas no remo e na vela.

Alguns esportes, como saltos ornamentais, nado sincronizado, ginástica rítmica, badminton e tenis de mesa tiveram a maioria dos campeões mundiais repetindo a dose em Pequim. Mas essas medalhas são apenas 21 das 302 de ouro de uma edição olímpica. Históricamente falando, esses esportes têm seus campeões mundiais se consagrando em olimpíadas.

Em contrapartida, os campeões mundiais ""garantem"" um bom resultado em Pequim. São muito grandes os números de campeões mundiais que foram medalhistas em Pequim e maiores ainda os que ficaram entre os 5, 6 primeiros.

É claro que o desempenho no mundial é importante. Vulgarmente falando, é a prévia da olimpíada. Porém, além de um ano se passar entre o mundial e a olimpíada, o nervosismo, a cobrança, a pressão e a motivação são muito maiores em uma olimpíada. Grandes atletas ganham mundiais, gênios, os Jogos Olímpicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário