quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Jogos Sul-americanos 2010

Poucos sabem, mas além dos Jogos Pan-americanos, existem os Jogos Sul-americanos, também disputados de quatro em quatro anos, no mesmo ano da Copa do Mundo de futebol, das olimpíadas de inverno e dos mundiais de volei e basquete. O evento é bem menos visado do que todos esses, mas é um começo para muitos atletas...

O evento em 2010 acontecerá Medelín, na Colômbia. O país iria receber os Jogos de 2002, mas dentro da crise que vivia preferiu, cerca de quatro meses antes do início do evento, abrir mão da honra de sediar o torneio e o Brasil foi o único a se apresentar para abrigar. Dividindo as modalidades entre São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Curitiba, o país se deu muito bem e mostrou apto para sediar competições maiores. Além disso, no quadro de medalhas, liderou com folga.

Em 2006, nova desistência. La Paz, que sediaria o evento, foi negada desta regalia pela Organização Sul- americana de Desportos que meses antes da abertura disse NÃO para a capital boliviana. No lugar, Buenos Aires e Mar Del Plata sediaram de forma convincente o evento que reuniu 15 países e 2700 atletas.

Para 2010, todos esperam que nada mude e que Medelín se confirme como sede do evento. A competição está marcada para março, entre os dias 9 e 21. Serão disputadas 31 modalidades e a estimativa é para 3500 atletas, um recorde do evento. “A expectativa é que Medellín 2010 estabeleça um novo patamar de organização para o evento. O Comitê Organizador está de parabéns pelo trabalho que vem sendo feito para a realização dos Jogos”, afirmou o presidente da ODESUR, Carlos Arthur Nuzman.

Os 31 esportes que integrarão o programa de competição serão Atletismo, basquete, badminton, beisebol, boliche, boxe, canoagem, ciclismo, esgrima, esqui aquático, futebol/futsal (FIFA), ginástica artística, handebol, hipismo, judô, karatê, levantamento de peso, lutas, natação, patinação, remo, squash, softbol, taekwondo, tênis, tênis de mesa, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo, vela e vôlei/vôlei de praia.

O interessante é que a competição abre espaço para muito mais medalhas que os eventos maiores, como Jogos Pan-americanos e Olímpicos. Por exemplo, no tiro, são dadas medalhas individuais e por equipes em cada uma das provas, fazendo com que o esporte que dá 15 ouros nos eventos maiores, entregue 32 medalhas de cada naipe ao todo. No judô, são 11 categorias enquanto no triatlo existe inclusive a disputa por equipes. Ao todo, em 2006, foram entregues 464 medalhas de ouro e 1439 no total enquanto no Pan são 332 ouros e nas olimpíadas o número cai para 302.

O evento é disputado desde 1978 e, desde lá, já teve oito edições, com a Argentina liderando o quadro histórico seguido do Brasil e Chile. Em 2006, o Brasil foi o país com mais medalhas, mas ficou em quarto em termos de ouros, numa disputa emocionante com os argentinos, vencedores, colombianos e venezuelanos. Os dois últimos levam sua delegação mais forte para o evento enquanto argentinos e brasileiros usam o evento teste para novos talentos nos esportes de mais tradição e vão com força máxima nos de menos tradição.

É importante lembrar que alguns talentos brasileiros nasceram nos Jogos Sul-americanos. Em 2002, a delegação do atletismo tinha Keila Costa, Kleberson Davide, a ginástica contava com Lais Sousa, o judô com João Derly, a natação com Thiago Pereira e Lucas Salatta, o tawekondo com Natália Falavigna. Todos esses, integrantes da equipe brasileira em Pequim e que tiveram uma de suas primeiras competições internacionais o evento realizado no Brasil.

Em 2006, o destaque da delegação foi uma desconhecida Jade Barbosa, que levou um total de cinco ouros na ginástica. Além dela, Julio Almeida, que quase foi a final de três provas do tiro em Pequim, levou os mesmos cinco títulos. Niválter Santos, único representante da canoagem velocidade em Pequim, levou dois ouros no evento que foi seu primeiro internacional.
Importante ressaltar também que na ginástica, Ethiene Franco, Ana Cláudia Silva e Khiuani Dias, o presente da ginástica que está se preparando para o mundial do ano que vem, também disputaram o torneio com resultados importantes.

Ana Marcella Cunha, quinta colocada em Pequim, disputou as maratonas aquáticas, bem como Alan do Carmo, representante brasileiro em Pequim. Ainda nas águas, Gabriella Silva, finalista em Pequim, ganhava os 50m e 100m borboleta enquanto Guilherme Guido ficava com o bronze nos 100m costas.

Numa comparação estranha, mas verdadeira, podemos dizer que somos os Estados Unidos dos Jogos Sul-americanos. Usamos o evento como preparação de jovens nas modalidades que somos melhores, e mesmo assim ganhamos mais medalhas, e mandamos nossos melhores atletas em modalidades não muito divulgadas aqui para que estes conquistem as primeiras glórias internacionais. Exemplos disso são diversos: Lutas, levantamento de peso, tiro, tiro com arco e outros mandamos nossas equipes principais.

Em 2010, poderemos ver muitos atletas que estarão presentes em 2012 e possíveis medalhistas de 2016. Os Jogos Sul-americanos é um importante começo para os atletas brasileiros, conseguindo bons resultados numa competição multi desportiva, mas sem aquela pressão imposta num Pan-americano ou mesmo nas olimpíadas.


Que venha Medelín!E que voltemos a liderança desta importante competição!

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